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Diário Sustentabilidade: Segundo fascículo destaca a urgência da Transição Energética

Compromissos globais e alertas científicos reforçam a necessidade de ações rápidas para salvar a Amazônia e o planeta. Confira tudo isso na edição!

Diário Sustentabilidade: Segundo fascículo destaca a urgência da Transição Energética

Ao longo das últimas conferências da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o Brasil tem assumido compromissos que indicam uma mudança significativa em sua matriz energética. Na COP28, evento em que a candidatura do país para sediar a COP30 foi confirmada, um marco histórico chamou atenção: pela primeira vez, o documento final da conferência foi descrito pela própria UNFCCC como o “início do fim” da era dos combustíveis fósseis. O acordo firmado entre os países membros estabelece um compromisso claro de avançar na transição energética, priorizando fontes renováveis e reduzindo gradualmente a dependência de combustíveis fósseis. Mas, afinal, porque a transição energética é tão urgente? Descubra no segundo fascículo da série Diário Sustentabilidade 2025.

Pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e copresidente do Painel Científico para a Amazônia, o cientista climático Carlos Nobre destaca que, há décadas, a ciência vem dizendo que a temperatura da Terra tem subido muito e, nos anos de 2023, 2024 e início de 2025 esse panorama crítico se intensificou consideravelmente.

O cenário chama a atenção para a necessidade de medidas urgentes, já que o que está em jogo é a própria manutenção da vida no planeta. “Todos os eventos extremos cresceram exponencialmente no mundo inteiro”, alerta ele, que participou de vários relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), inclusive do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC que foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2007. “A ciência mostrava que temos que chegar a 43% de redução de gases de efeito estufa e zerar o saldo de emissões até 2050. Mas se a gente for nessa direção, nós vamos passar de 2°C em 2050 e chegaremos a 3°C a 4°C em 2100. Isso é um ecocídio, nós temos que acelerar demais a redução de emissões. Precisamos fazer uma rapidíssima transição energética para longe dos combustíveis fósseis”.

Fundamental para o sistema climático não apenas da Região Norte do Brasil, mas para a Terra, a Amazônia desempenha um papel fundamental na reciclagem da água e na produção de fluxos de umidade que se deslocam através das correntes de ar para formar nuvens e chuva em regiões distantes, inclusive fora da floresta e da bacia Amazônica. Mas, apesar disso, os efeitos do aquecimento global já são sentidos no bioma.

Historicamente, a estação seca ocorrida na Amazônia tem a duração de três a quatro meses, porém, Carlos Nobre destaca que o que vem se observando nos últimos 40 anos é que, em toda a região Sul da floresta amazônica, essa estação seca tem ficado de 4 a 5 semanas mais longa, o equivalente a um aumento de uma semana por década.

Com o período seco ficando cada vez mais longo e mais seco, o cientista alerta que o aquecimento global e o desmatamento já têm contribuído para o prolongamento da estação seca no Sul da Amazônia, para o aumento do déficit de umidade e para o aumento da taxa de mortalidade de árvores, o que demonstram o quão perto a Amazônia pode estar do chamado ponto de não-retorno, quando não será mais possível reverter os impactos causados à floresta. Se isso acontecer, o que as pesquisas indicam é que a floresta será convertida a uma condição de savana tropical.

Para perseguir o objetivo geral de manter o aumento da temperatura em 1,5°C e impedir que tragédias como esta ocorram, cientistas e pesquisadores apontam para a necessidade urgente de uma transição energética que leve o mundo para longe dos combustíveis fósseis. Exatamente pela necessidade dessa atuação global, os países integrantes da convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima vêm se reunindo, ano a ano, para negociar soluções para que isso seja possível.

Ainda neste ano, durante visita ao Brasil para discussões de planejamento da COP30, o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, afirmou que sem essa cooperação global, o mundo estaria caminhando para até 5ºC de aquecimento global, o que ele classificou como “uma sentença de morte para a humanidade”.

Segundo ele, com as medidas estabelecidas pelo Acordo de Paris, hoje o mundo está a caminho de 3C° de aumento, o que ainda é “perigosamente alto”, mas já bastante distante da realidade que o mundo se encontraria se nada tivesse sido feito. Ainda nesta ocasião, Simon Stiell considerou que a transição para uma energia limpa agora é “imparável”.