DO JAPÃO AO PARÁ

Agora é oficial: culinária japonesa vira Patrimônio Cultural do Pará

A medida, segundo o governo, busca valorizar a profunda influência da cultura japonesa na sociedade paraense.

A medida, segundo o governo, busca valorizar a profunda influência da cultura japonesa na sociedade paraense
A medida, segundo o governo, busca valorizar a profunda influência da cultura japonesa na sociedade paraense. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

O governador Helder Barbalho sancionou uma lei estadual que tornou, desde terça-feira (3), a culinária e a gastronomia japonesa Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Pará. A medida, segundo o governo, busca valorizar a profunda influência da cultura japonesa na sociedade paraense, que ao longo de décadas de intercâmbio se consolidou também como um pilar da identidade local.

Empreendedores do ramo comemoraram a iniciativa. “Estou muito feliz, muito feliz mesmo. Porque Patrimônio Imaterial, assim, a culinária japonesa, eu nunca imaginei. Apesar da colônia grande, quando a gente pensa no Pará vem logo o tucupi, a maniçoba. Nunca imaginaríamos que a culinária japonesa também se tornaria patrimônio”, disse Marisa Yuki Nagahama, 54, sócia do restaurante Arigatô Sushi, no bairro de São Brás.

Ela administra o negócio ao lado do marido, Wellington Costa, 56, que é o sushiman da casa. “Eu sempre falo: para fazer um arroz de sushi, se você não fizer aquele ritual durante a manhã, não consegue preparar um bom prato. É o ritual de fazer o vinagre, de cozinhar o arroz, de lavar, de esperar o ponto certo, ficar ali observando, saber a hora certa de virar”, explica Wellington, sobre o segredo de um bom sushi. “Ou você é apaixonado por fazer sushi, ou não adianta. Se for só pelo dinheiro, pode até funcionar por um tempo, mas não dá certo. Sushi é paixão”, destaca.

Crescimento do Mercado de Comida Japonesa em Belém

O casal concorda que o mercado de comida japonesa em Belém tem crescido bastante. O restaurante deles, que há 18 anos quase não tinha concorrência na região, hoje divide espaço com muitos estabelecimentos.

“O mercado está aberto para todo mundo. A concorrência faz parte. Depende de você estar sempre criando um prato novo, inovando, para não ficar para trás”, avalia Wellington. “A comida japonesa no Brasil acabou se misturando com sabores locais. Já temos sushi com açaí, maniçoba, queijo do Marajó, é uma mistura que deu muito certo”, completa Marisa.

A Adaptação da Culinária Japonesa ao Paladar Brasileiro

Nilson Ken Shimakawa, dono de uma venda de tempurá no bairro do Marco, também comemorou a sanção da lei. Para ele, a adaptação dos pratos japoneses aos formatos e temperos brasileiros ajudou a popularizar esse tipo de culinária. “A lei acaba divulgando um pouco da cultura por meio da alimentação. A gente tenta adaptar ao gosto do brasileiro, porque nem tudo que os japoneses comem agrada aqui. Mas sempre tem algo que conquista, principalmente os fritos”, comenta.

O engenheiro Carlos Eduardo Silva, 69, conta que conheceu a culinária japonesa há mais de dez anos, no bairro da Liberdade, em São Paulo, conhecido por uma forte presença da colônia japonesa. “Passei pela Liberdade e decidi experimentar. Foi lá que me apaixonei. Aqui em Belém, antes quase não tinha, agora tem muitos. O que mais me chama a atenção é essa mistura de sabores. Gosto muito”, afirma.