ENTENDA

Entenda como será o teste da Petrobras na bacia da Foz do Amazonas

A data exata do começo do teste ainda não foi informada. O órgão ambiental afirma apenas que ocorrerá nesta próxima semana.

A data exata do começo do teste ainda não foi informada. O órgão ambiental afirma apenas que ocorrerá nesta próxima semana.
A data exata do começo do teste ainda não foi informada. O órgão ambiental afirma apenas que ocorrerá nesta próxima semana. Foz do Amazonas. Foto: Foresea/Divulgação

Com a promessa de empregar “a maior estrutura de emergência” já vista no setor de petróleo, a Petrobras tentará nesta semana convencer o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) de que pode explorar a costa amazônica em segurança.

Eventual sucesso do simulado da perfuração do poço no bloco FZA-M-59, na bacia Foz do Amazonas, destravaria não só um processo de licenciamento ambiental que já dura anos, mas pode também abriria a porta para uma corrida por reservas de petróleo na região.

A data exata do começo do teste ainda não foi informada. O órgão ambiental afirma apenas que ocorrerá nesta próxima semana.

A abertura de uma nova fronteira petrolífera na margem equatorial brasileira é questionada por organizações ambientalistas diante da necessidade de reduzir fontes de emissão de gases do efeito estufa.

E defendida pelo governo sob argumentos econômicos, tanto do ponto de vista de impacto no desenvolvimento local quanto da importância da indústria do petróleo para as contas públicas do país.

O Ibama explica que a APO (avaliação pré-operacional), como o teste é chamado, vai simular um cenário de vazamento de petróleo, com o objetivo de avaliar a eficiência do plano de emergência proposto pela Petrobras.

Esse plano definiu a estrutura de resposta, com procedimentos de contenção e recolhimento de óleo e de proteção e atendimento a animais atingidos por possível vazamento.

A Petrobras tem dito que a estrutura de emergência proposta é inédita na indústria. São seis embarcações especializadas em contenção e recolhimento de óleo e seis dedicadas para atendimento à fauna. Ao todo, 400 pessoas serão mobilizadas.

A Petrobras diz que terá ainda três aeronaves para resgate aeromédico e de fauna. A empresa investiu ainda em dois centros de atendimento a animais em Belém e em Oiapoque (AP) -este último por exigência do Ibama, que considerava Belém muito distante do poço, na costa do Amapá.

A estatal afirma ainda que o navio-sonda contratado para perfurar o poço, chamado NS-42, “possui tecnologia de ponta, equipamentos robustos e de alta confiabilidade, projetados para operar com segurança em profundidades d’água de até 3.000 metros”.

Conta também com dois robôs submarinos para operações no fundo do mar e sistemas específicos para medição de condições como vento e correntes marítimas. A embarcação chegou esta semana ao local do poço.

“A operação fará uso intensivo de tecnologias com foco na segurança operacional, por exemplo sistemas que ajustam com precisão as pressões dentro do poço, possibilitando uma operação bem controlada, eficiente e ambientalmente segura”, afirmou a petroleira.

Localizado a 175 quilômetros da costa do Amapá, o poço batizado de Morhpo será perfurado em uma lâmina d’água de 2.800 metros, se tornando um dos poços em águas mais profundas do país -a Petrobras já perfurou a pouco menos de 3.000 metros na bacia Sergipe-Alagoas.

O poço Morpho, porém, é o primeiro em águas ultraprofundas na bacia Foz do Amazonas, que tem correntes marítimas e condições climáticas diferentes da costa do
Atlântico, onde estão hoje as principais reservas de petróleo brasileiras.

A preocupação é intensificada pela elevada sensibilidade ambiental da região, cuja costa tem manguezais considerados de grande importância tanto para a biodiversidade quanto pelo seu potencial de retenção de carbono.

A Petrobras espera obter a licença ambiental para o poço logo após o simulado, que deve durar de três a quatro dias.

O Ibama, porém, indica que a análise ainda leva tempo. “Após o encerramento da APO, haverá a desmobilização da equipe do Ibama, que iniciará os trabalhos de análise dos resultados dos diversos postos de observação”, disse.

“Considerando o elevado número de avaliadores, bem como os diversos itens a serem avaliados, não é possível precisar o tempo e conclusão do relatório”, concluiu o órgão ambiental.

NICOLA PAMPLONA