CACAU NATIVO

Chocolate Filha do Combu vira símbolo de identidade ribeirinha e comunicação da Amazônia

Quem prova os chocolates Filha do Combu leva consigo mais que o sabor do cacau nativo colhido às margens do rio Guamá.

A pesquisa analisou rótulos, materiais digitais, visitas presenciais e estratégias da marca, identificando o uso do marketing de experiência como diferencial.
A pesquisa analisou rótulos, materiais digitais, visitas presenciais e estratégias da marca, identificando o uso do marketing de experiência como diferencial.

Quem prova os chocolates Filha do Combu leva consigo mais que o sabor do cacau nativo colhido às margens do rio Guamá: experimenta histórias de resistência, ancestralidade e a força da cultura amazônica. Foi a partir dessa vivência que a pesquisadora Giselle do Carmo Souza Moraes desenvolveu sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia da UFPA, orientada pela professora Manuela do Corral Vieira.

O estudo mostra como a marca criada por Izete Costa, a Dona Nena, transformou o chocolate artesanal em mediador de experiências comunicacionais e identitárias, projetando a Ilha do Combu como referência de sustentabilidade e criatividade. Mais que um produto, o chocolate tornou-se veículo de memória, afeto e pertencimento.

Chocolate que comunica

A pesquisa analisou rótulos, materiais digitais, visitas presenciais e estratégias da marca, identificando o uso do marketing de experiência como diferencial. Da travessia de barco até o contato com o cacau e o bioma local, cada detalhe reforça vínculos emocionais. “O chocolate se transforma em símbolo de uma Amazônia desejada, que se consome com todos os sentidos”, afirma Giselle.

Autenticidade como valor

A dissertação ressalta ainda a urgência de valorizar os saberes tradicionais da região, sem depender de validações externas. Dona Nena, com sua consciência ambiental e conhecimento da floresta, consolidou uma narrativa que fortalece a identidade ribeirinha e gera impacto social, empregando moradores da ilha e resgatando receitas de família.

Uma afirmação política e cultural

Mais que uma análise de marca, o trabalho de Giselle Moraes é uma declaração sobre o poder de comunicar a Amazônia a partir de dentro. Para a pesquisadora, produtos locais devem carregar autenticidade e história. “As pessoas estão cansadas do que é padronizado. Querem verdade. E isso a Amazônia tem de sobra”, conclui.

N.R: Sobre a pesquisa: As experiências comunicacionais e identitárias ribeirinhas amazônicas por meio do consumo do chocolate da marca Filha do Combu foi defendida em 2023 no PPGCom/UFPA.