Quantas histórias, vidas e acontecimentos cabem em 43 anos? Será que, lá em 1982, quando o mundo estava maravilhado diante de Thriller, uma das obras-primas do showman Michael Jackson (1958-2009), alguém imaginava que as funções de pelo menos dez equipamentos então considerados essenciais, como calculadora, radio-relógio e rádio, caberiam no bolso até de uma criança? Que daria pra ouvir essa mesma canção a qualquer momento, ao alcance de um, dois cliques, em um aparelho inicialmente desenhado apenas para ser um telefone?
Ali naquela mesma época, quando os primeiros casos de HIV eram diagnósticados e a doença era considerada uma crise global de saúde, será que alguém pensou na possibilidade de a ciência avançar tanto a ponto de promover uma vida saudável para quem hoje, em 2025, convive com o diagnóstico?
Ao mesmo tempo, quem poderia imaginar que, com tantos avanços, ainda veríamos tanta fome, tantas guerras, tantas violências contra os mais vulneráveis? Há pouco menos de quatro décadas e meia, o DIÁRIO DO PARÁ noticia, repercute, acompanha e reverbera esses e tantos outros pontos de mudança, de virada de chave que marcaram anos, décadas e eras inteiras. O DIÁRIO viu, viveu e segue vivendo. Mas essa é uma história que começa lá atrás…
Em 15 de agosto de 1982, chegava às bancas a primeira edição do Diário do Pará. Nascia ali não apenas um novo jornal, mas um projeto de comunicação voltado a dar voz ao povo amazônico, registrar suas vitórias e derrotas, acompanhar de perto as mudanças do Brasil e traduzir em palavras e imagens a vida de uma região muitas vezes esquecida pelos grandes centros.
O DIÁRIO DO PARÁ nasceu do desejo e do sonho visionário de Laércio Barbalho, na etapa final de uma época de turbulência no país, quando o direito à informação era cerceado pelos militares que insistiam em calar a voz do povo na época da ditadura. Nasceu junto ao sonho de transformação do Brasil em um Estado Democrático de Direito.
Administrador por essência e defensor da liberdade de expressão e dos direitos democráticos, Laércio Barbalho sobressaiu na vida pública graças ao seu amor pelo Pará e à sua personalidade multifacetada. Naquele mesmo 1982, Jader Barbalho era o candidato do MDB ao governo estadual. Vale inclusive sempre pontuar: a primeira edição do DIÁRIO chega às bancas sob a manchete “Eleição Limpa”, já pontuando seu posicionamento político e em um desenho jornalístico inovador.
Hoje, em 2025, o Diário completa 43 anos. Mais que um número, é a consolidação de uma trajetória marcada por resistência, inovação e compromisso. Ao longo de mais de quatro décadas, o jornal foi testemunha da história — e também personagem dela, ajudando a moldar a forma como o Pará se enxerga e como é visto pelo país.
Raízes e primeiros passos
O Diário do Pará surgiu nos anos 1980, em plena redemocratização brasileira. Desde os primeiros exemplares, o jornal se destacou por equilibrar o debate nacional com a vida cotidiana do estado: as lutas dos trabalhadores, as deficiências da infraestrutura, a exuberância cultural e o pulsar das ruas.
Essa identidade regional o projetou rapidamente além das fronteiras paraenses. Ao mesmo tempo em que cobria os embates de Brasília, o jornal fazia questão de dar centralidade à Amazônia, rompendo com a lógica de invisibilidade a que a região foi submetida durante décadas.