A Polícia Federal já dispõe de uma cela preparada para receber o ex-presidente Jair Bolsonaro, caso o Supremo Tribunal Federal determine sua prisão em regime fechado. O espaço foi organizado pela Superintendência da PF em Brasília, no Setor Policial Sul, e reúne as condições necessárias para uma custódia individual. A preparação da cela não significa prisão imediata, mas reflete a estratégia da PF de estar pronta para executar qualquer decisão judicial.
Segundo informações confirmadas pela imprensa, a cela está localizada no térreo da Superintendência Regional da PF, e conta com cama, banheiro privativo, mesa de trabalho, cadeira e aparelho de televisão. A estrutura foi concebida para assegurar condições adequadas de permanência temporária a qualquer autoridade submetida à custódia individual, não se destinando exclusivamente ao ex-presidente.
Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, decisão do ministro Alexandre de Moraes após o descumprimento de medidas cautelares. Se houver ordem para o regime fechado, além da cela da PF, o ex-presidente também poderia ser encaminhado a unidades militares, em razão de sua condição de capitão da reserva, ou a batalhões da Polícia Militar do Distrito Federal, como ocorreu com o ex-ministro Anderson Torres.
A preparação de celas ou salas especiais para ex-presidentes e autoridades de alta relevância é um procedimento recorrente no Brasil. O objetivo é assegurar segurança, condições de custódia adequadas e evitar tensões políticas e institucionais decorrentes de um encarceramento em ambiente comum.
Casos anteriores de prisão de Ex-Presidentes
Em 1994, o ex-presidente Fernando Collor de Mello chegou a ser preso preventivamente em Maceió, durante investigações do escândalo PC Farias. Na ocasião, também foi providenciada uma sala adaptada em unidade policial para garantir uma custódia diferenciada. O espaço foi montado de forma a respeitar a prerrogativa de quem exerceu o cargo máximo do Executivo.
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Em 2018, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso após condenação na Lava Jato, a Polícia Federal preparou uma sala especial em sua Superintendência em Curitiba. O espaço, adaptado para recebê-lo, possuía cerca de 15 m², com cama, mesa, banheiro privativo e ar-condicionado. A cela ficou conhecida como “sala especial”, justamente para diferenciá-la das celas comuns e para assegurar a dignidade do preso, considerando sua condição de ex-presidente.
Medidas restritivas e possível prisão de Bolsonaro
Desde julho de 2025, o ministro do STF Alexandre de Moraes impôs a Bolsonaro várias medidas restritivas: tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, proibição de uso de redes sociais e de contato com autoridades estrangeiras ou outros investigados. O descumprimento de qualquer uma dessas regras pode levar à prisão imediata.
Em 4 de agosto de 2025, após o descumprimento por parte do Ex-presidente de algumas medidas impostas, o STF decretou sua prisão domiciliar, com recolhimento total, proibição de receber visitas (exceto advogados ou familiares próximos) e apreensão de celulares.
Rascunho de Pedido de Asilo e obstrução de Justiça
Nesta quinta, 21, as investigações revelaram que Bolsonaro tinha um rascunho de pedido de asilo à Argentina guardado em seu celular, indicando possível intenção de fugir do país para evitar julgamento. Isso motivou nova acusação por obstrução de justiça. O STF deu 48 horas para que a defesa de Jair Bolsonaro explique os fatos — o que indica que, caso a defesa não apresente justificativas para a existência desse pedido de asilo, sua situação legal pode se complicar.
