
Pará - A Universidade Federal do Pará (UFPA) integrou o grupo de 71 instituições científicas, tecnológicas e acadêmicas da Amazônia que entregaram, nesta quarta-feira, 20 de agosto, a Carta da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia ao presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o embaixador André Corrêa do Lago. O ato ocorreu no auditório Eulálio Chaves, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), durante o encerramento de dois dias de programação que reuniu pesquisadores, autoridades e movimentos sociais em Manaus.
O documento, fruto de dois meses de debates e contribuições coletivas, traz diretrizes e propostas para a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira para o período de 2025 a 2035, com foco no enfrentamento das mudanças climáticas e na valorização dos saberes produzidos na Amazônia. O objetivo é fortalecer a Agenda de Ação da COP 30, que orientará as negociações da Conferência do Clima da ONU, marcada para novembro, em Belém.
Durante a solenidade, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, ressaltou a importância da participação ativa das universidades amazônicas no processo. “Neste texto, reunimos universidades, institutos e centros de pesquisa, movimentos sociais que, de forma colaborativa, produziram um patrimônio de ideias valiosas, reflexões e propostas que entregamos à presidência da COP30. Para nós não se trata de um documento qualquer, pois ele é um resultado de meses de dedicação, envolvendo centenas de pesquisadores e pesquisadoras que acreditam que a ciência deve ser o alicerce da construção de uma base que busca conter as mudanças climáticas. A carta é o resultado de décadas de pesquisa na região amazônica e este é o recado que precisa ser ouvido”, afirmou.

Ao receber a carta, o presidente da COP 30 no Brasil, André Corrêa do Lago, reconheceu o protagonismo da Amazônia no debate climático global: “Eu recebo esse documento hoje com tanto entusiasmo, porque o Brasil tem ciência sim! A Amazônia tem muito a contribuir para o mundo e a escolha de realizar a COP na região terá um impacto extraordinário para mostrar soluções que podem transformar o futuro”, enfatizou o embaixador. “Este é um momento histórico em que a ciência amazônica se apresenta como parceira estratégica do Brasil e do mundo na construção de soluções para a crise climática”.
A reitora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Tanara Lauschner, destacou a satisfação de ser a anfitriã do encontro preparatório, a poucos meses da grande Conferência sobre mudança do clima. “Foi uma grande honra para a UFAM abrir suas portas para este encontro histórico. Carregamos o compromisso com a ciência, a educação e o desenvolvimento regional. A comunidade científica, tecnológica, movimentos sociais está aqui para afirmar que a Amazônia fala pela sua própria voz. Este momento é único”, enfatizou.
Olavo Noleto Alves, secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), ressaltou a importância de garantir o protagonismo brasileiro durante a Conferência. “A comunidade científica da Amazônia tem uma produção riquíssima e as mais de 71 instituições que participaram desse processo, mostrando que é possível o Brasil liderar o mundo, que é possível nós construirmos juntos, de maneira cooperativa, na pluralidade e para além da divergência, através de grandes caminhos para o tema da mudança climática”, disse.
O evento contou com autoridades do Governo Federal como o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República; a ministra da Ciência e Tecnologia , Luciana Santos; e a enviada especial para Mulheres da COP 30, Janja Lula da Silva.
Em seu discurso, Janja Lula da Silva, acentuou a relevância da integração entre ciência e sociedade, a importância de ouvir com atenção as populações das periferias e povos tradicionais e suas ideias para o desenvolvimento sustentável. “Nós precisamos encontrar soluções, porque os problemas já estão aí. Precisamos da floresta em pé, mas precisamos também de dignidade para a população que vive na floresta”, avaliou.
Entre os resultados que a comunidade científica espera, a partir da entrega do documento, estão uma inserção das soluções amazônicas nas negociações da COP 30; uma maior integração entre ciência e política climática; e o fortalecimento da governança científica.
“A ciência amazônica apresenta capacidade técnica instalada, conhecimento robusto e potencial inovador. Com apoio político, recursos adequados e integração com sociedade e governos, é possível exponencializar estas contribuições em favor da Agenda de Ação da Presidência da COP 30”, finaliza o documento entregue.