LUTA

Dia do Orgulho Lésbico: resistência, visibilidade e luta por direitos no Brasil

O Dia do Orgulho Lésbico, celebrado em 19 de agosto, e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, em 29 de agosto, representam momentos importantes de resistência

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Dia do Orgulho Lésbico, celebrado em 19 de agosto, e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, em 29 de agosto, representam momentos importantes de resistência contra o apagamento histórico e a discriminação enfrentada pelas mulheres lésbicas no Brasil. A data de 19 de agosto remete a 1983, quando ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro’s Bar, no centro de São Paulo, em protesto contra abusos e preconceitos no local.

Naquela época, o Ferro’s Bar era ponto de encontro da comunidade LGBTQIA+ na capital paulista, mas seus donos haviam proibido a distribuição do boletim ChanacomChana — a primeira publicação lésbica do país. O folheto, de caráter progressista, reafirmava as vivências lésbicas e enfrentava a censura e o moralismo vigentes durante o processo de redemocratização do Brasil. A manifestação no bar, protagonizada por lésbicas e apoiada por grupos feministas, ficou conhecida como o “Stonewall brasileiro”, em referência ao histórico levante LGBTQIA+ em Nova York, nos Estados Unidos, em 1969.

Já o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica foi instituído em 1996 durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale). A data reafirma a existência das mulheres lésbicas, denuncia as violências que sofrem e reforça as pautas históricas do movimento.

O Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos desenvolve diversas ações específicas para a população lésbica, que incluem o mapeamento dessa população, a inclusão em políticas públicas, o enfrentamento e prevenção da violência, e a promoção da igualdade de gênero.

Um exemplo dessa atuação foi o Grupo de Trabalho para Elaboração de Estratégias para o Enfrentamento à Violência Política de Gênero contra Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Trans e Travestis (LBTs), instituído em 2024. O grupo promoveu ações de formação política para estimular a participação dessas mulheres em espaços de poder, além de elaborar uma publicação sobre seus direitos na vida pública, a ser lançada em parceria com a ONU Mulheres.

Outro avanço importante é o Fórum para a Promoção de Estratégias para a Autonomia Econômica e Cuidado, Enfrentamento à Violência e Articulação Institucional de Políticas Públicas para Lésbicas, criado em 2023. O fórum funciona como um espaço de escuta e diálogo, conectando as demandas da população lésbica ao Ministério das Mulheres e a outras pastas do governo.

Dentre as ações em destaque está o incentivo à segunda etapa do LesboCenso Nacional, uma iniciativa pioneira de mapeamento das vivências lésbicas no Brasil, realizada pela Universidade Federal do Paraná, com a participação de organizações nacionais. A primeira etapa, em 2022, contou com a participação de 22 mil lésbicas, reunindo dados inéditos sobre essa população.

Em 2023, foi lançada a Cartilha de Enfrentamento à Violência contra Mulheres LBT+, que orienta sobre os diferentes tipos de violência e como proceder em casos de agressão, incluindo a importância do atendimento médico imediato para prevenir infecções e gravidez indesejada. A cartilha foi produzida em parceria entre o Ministério das Mulheres e o Ministério dos Direitos Humanos.

O fortalecimento da visibilidade lésbica e das políticas públicas específicas é fundamental para garantir direitos, combater o preconceito e promover uma sociedade mais justa e igualitária.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.