ECONOMIA

Veja como evitar hábitos que fazem o dinheiro “desaparecer”

Compras rápidas, tarifas bancárias esquecidas e taxas de serviços não utilizados formam um rastro silencioso que, somado, pode pesar tanto quanto uma grande despesa

Para evitar que as compras ultrapassem o planejado, especialmente no supermercado, o especialista recomenda uma revisão prévia do que já se tem em casa FOTO: Divulgação
Para evitar que as compras ultrapassem o planejado, especialmente no supermercado, o especialista recomenda uma revisão prévia do que já se tem em casa FOTO: Divulgação

A sensação de que o dinheiro “desaparece” antes do fim do mês não é apenas impressão: muitas vezes, ela é consequência de pequenos gastos e cobranças que passam despercebidos no dia a dia. Compras rápidas, tarifas bancárias esquecidas e taxas de serviços não utilizados formam um rastro silencioso que, somado, pode pesar tanto quanto uma grande despesa. O resultado é que, mesmo com a impressão de ter gasto pouco, o saldo na conta encolhe rápido.

A sensação de “gastei pouco, mas o saldo sumiu” é mais comum do que se imagina e está diretamente ligada à falta de atenção aos detalhes e ao consumo estimulado por facilidades de crédito. Parcelas que, quando somadas, formam um rombo significativo no orçamento. Para o economista Luiz Carlos Silva, membro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), a raiz do problema é exatamente essa.

“É um fenômeno que está acontecendo. As pessoas perdem a noção porque são induzidas ao consumo. Uma das formas é a facilidade, principalmente pelo cartão de crédito – parcelas a perder de vista. Ao somar o montante, ultrapassou o limite, levando ao endividamento e até à inadimplência”, afirma.

Entre os chamados “débitos fantasmas” que mais pesam no bolso, não há um produto em específico que possa ser apontado como o maior causador, afinal, “cada um tem que avaliar o que é necessário para o seu gosto. Cada um tem suas preferências. Por exemplo, alguns optam por gastar com música, mas já existem aplicativos gratuitos”, considera.

Como evitar os débitos

Porém, Luiz Carlos aponta as tarifas de cartão de crédito e taxas bancárias desnecessárias. “Muitas instituições já não cobram, mas muitos acabam se acomodando em um cartão e não trocam de serviço. Alguns dizem ‘é tão pouco’, mas se for avaliar, se torna muito. Se você fizer um empréstimo bancário ou deixar de pagar a fatura total, vai incidir o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras], que agora passou para três e meio por cento. Todo mês isso acaba se transformando em uma bola de neve”, alerta.

Para evitar que as compras ultrapassem o planejado, especialmente no supermercado, o especialista recomenda uma revisão prévia do que já se tem em casa. “Ao fazer a vistoria na despensa, no quartinho ou no guarda-roupa, a gente percebe algumas compras por impulso, que não usamos ou usamos apenas poucas vezes. Esse hábito passa pela poupança. A gente não tem o hábito de poupar. Usar o crédito realmente quando precisar. ‘Quebrou a geladeira ou a televisão’, aí você usa, por exemplo. Evitar compra por impulso é fundamental”, destaca.

Outro passo importante, segundo o economista, é aprender a negociar. “Se você poupar, vai ter a possibilidade para, quando pagar à vista, barganhar um preço menor”, diz. “O consumo do jeito que está contrasta com a busca da sustentabilidade econômica. Isso está na ordem do dia. Tem uma frase que eu gosto muito: o economista é a pessoa que te diz que você é a pessoa que não pode ter tudo o que quer, mas que você pode ter tudo o que precisa se você economizar”, finaliza.

HÁBITOS PARA EVITAR QUE O DINHEIRO “SUMA”

  • Anote tudo o que gasta – Registre até as pequenas compras, como um café ou um lanche; use aplicativos de controle financeiro ou uma planilha simples
  • Revise tarifas bancárias – Confira no extrato se há taxas de manutenção de conta ou anuidade do cartão; negocie redução ou migre para contas digitais e cartões sem tarifa
  • Corte serviços que não usa- Cancele assinaturas de streaming, revistas e aplicativos parados; verifique planos de internet e celular para evitar pagar por pacotes acima da necessidade
  • Vá ao supermercado com lista – Planeje as compras para o mês ou a semana; evite levar produtos por impulso só porque estão em promoção
  • Use o crédito com estratégia –Trate o cartão como forma de pagamento, não como renda extra; sempre pague o valor total da fatura para fugir dos juros
  • Reavalie mensalmente – Faça um “raio-x” das finanças no fim de cada mês; ajuste o orçamento e mantenha o controle