EXPECTATIVA

Pesquisa aponta expectativa alta da indústria para a COP30

No Pará, esta articulação é feita pela Jornada COP+, movimento pela transição justa da Amazônia brasileira liderado pela FIEPA.

Pesquisa aponta expectativa alta da indústria para a COP30

Pará - A indústria da Amazônia e do Brasil está mobilizada para traçar um caminho cada vez mais sustentável, e a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, em Belém, é um impulsionador destas ações. Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na última terça-feira, 12, mostra que mais da metade (54%) da indústria têm interesse na COP30, e acredita que a conferência trará impacto positivo ou muito positivo para o setor. Iniciativas da CNI e da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) ajudam a multiplicar este interesse. Na próxima quarta-feira, 20, líderes de indústrias que atuam na Amazônia estarão reunidos na discussão de caminhos para uma indústria de baixo carbono, em programação realizada pela FIEPA. 

Para mobilizar a indústria em todo o Brasil, a CNI desenvolveu a Sustainable Business COP30 (SB COP), iniciativa voltada à ampliação da participação qualificada do setor empresarial nas negociações climáticas e que vai reunir propostas, experiências e soluções desenvolvidas pelo setor privado com foco na transição para uma economia de baixo carbono. A expectativa é que a SB COP atue como ponte entre o setor produtivo e os tomadores de decisão, promovendo diálogo técnico, e contribuindo com subsídios concretos ao longo da preparação, e durante a conferência em Belém. 

No Pará, esta articulação é feita pela Jornada COP+, movimento pela transição justa da Amazônia brasileira liderado pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA). A iniciativa está mobilizando o setor produtivo da região em torno de práticas mais sustentáveis, e para contribuir com as recomendações e ações que a indústria  levará para a COP. “A gente tem muito orgulho de poder participar, não só de forma sinérgica, convergente e complementar com a CNI, do papel de transformação que a indústria sustentável tem a cumprir para livrar a Amazônia de uma dependência ainda muito difícil de programas de assistência social. Precisamos libertar 70% de uma população que ainda vive abaixo da linha da pobreza. E essa libertação, no nosso entendimento, vem através de uma indústria legal, uma indústria responsável e de uma indústria sustentável”, destaca Alex Carvalho, presidente da FIEPA e da Jornada COP+. 

Expectativa pela COP30 e ações sustentáveis são maioria na indústria 

De acordo com a pesquisa da CNI, as maiores taxas de expectativa pela COP30 estão nas regiões Norte e Centro-Oeste (64%) e Nordeste (60%). A pesquisa também mostrou que 77% dos entrevistados esperam que o evento tenha impacto positivo no aumento das exportações do setor industrial e 75% acreditam que o evento pode fortalecer a imagem da indústria brasileira no exterior, ampliando o protagonismo do país na agenda climática internacional. “O setor produtivo está comprometido com a agenda climática. A indústria brasileira é vanguarda em soluções sustentáveis e tem muito a mostrar ao mundo quando os holofotes estiverem voltados para Belém”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.

O levantamento destacou também a importância do financiamento de ações sustentáveis e o interesse da indústria por linhas de crédito verdes, por 66% das empresas. A pesquisa também revelou que os principais motivos que levam empresários do setor industrial a investirem em sustentabilidade são: uso sustentável dos recursos naturais (31%), redução de custos (32%) e atendimento a exigências regulatórias (30%).

Para Davi Bomtempo, secretário-executivo da SB COP e superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, o levantamento ajudará a orientar as ações do setor produtivo. “É fundamental ter dados concretos para guiar nossas decisões. A partir da pesquisa, traçamos o planejamento e definimos prioridades. E, falando em prioridades, essa será a base da agenda que acreditamos que será apresentada na COP30, em Belém”, afirma.

Para Bomtempo, a COP também é uma vitrine para as vantagens competitivas do Brasil, entre elas, a matriz energética limpa, a liderança em biocombustíveis, a maior biodiversidade do mundo, a ampla disponibilidade hídrica e uma indústria de baixo índice de emissões de gases de efeito estufa em comparação com outros países. “Essa é a agenda que precisa ser ampliada e escalada. A COP é a oportunidade de colocar luz sobre essas vantagens e transformá-las em competitividade. Assim, geramos empregos, renda, ampliamos o acesso a mercados e impulsionamos a economia, catalisando efeitos positivos para todo o país”, conclui.

A pesquisa Sustentabilidade e Indústria foi realizada pela Nexus, empresa especializada em pesquisas, e ouviu representantes de mil empresas industriais de pequeno, médio e grande portes, em todo o país. 

Líderes debatem caminhos para a descarbonização

Como etapa fundamental desta mobilização, será realizado no dia 20 de agosto, um Encontro de Líderes na sede da FIEPA. O evento restrito a convidados reunirá presidentes e diretores de grandes empresas que atuam na região para conhecer, avaliar e propor contribuições ao documento “Diretrizes para uma Indústria de Baixo Carbono”, resultado do trabalho realizado nos comitês da Jornada COP+.

A proposta é que a construção seja coletiva e multissetorial. Por isso, estarão presentes representantes de  segmentos diversos. Já confirmaram presença as lideranças de empresas como Vale, Hydro, AEGEA, New Fortress Energy, Norte Energia, Agropalma, G Mining, Dse Engenharia, MLX Uniformes, Oakberry, Juparanã, Transportadora Gdias, Mercúrio Alimentos, Pró Log Soluções em Logística. 

De acordo com o coordenador técnico da Jornada COP+, Deryck Martins, o encontro tem como objetivo o alinhamento de visões entre os líderes das indústrias e, também, a criação de compromissos. “A ideia é promover esse alinhamento entre essas visões sobre os desafios e oportunidades da transição para uma economia de baixo carbono. E a partir disso, criar compromissos conjuntos para redução de emissões, adoção de tecnologias mais limpas e desenvolvimento de cadeias de valor, visando uma circularidade”. 

O documento “Diretrizes para uma Indústria de Baixo Carbono” consolida as proposições para uma transição justa na Amazônia Brasileira, formuladas a partir de discussões realizadas por especialistas em dez grupos de trabalho. São estes: comunicação e Advocacy, infraestrutura e logística, atração de investimento, economia de baixo carbono, mulheres e povos tradicionais, sociobioeconomia, economia circular, transformação digital e inovação, transição energética e o de rastreabilidades das cadeias de valor. 

O documento integrará as recomendações da Amazônia para a SB COP e é fruto de um trabalho que contou com 180 participantes e que foi liderado por onze especialistas relacionados aos temas do comitê. “O documento traça um caminho, apresenta uma direção para que a indústria possa seguir visando essa indústria mais sustentável, mais circular e efetivamente uma economia mais verde. Também há o objetivo de compartilhamento de melhores práticas de influência em políticas públicas sustentáveis, além do fortalecimento do setor industrial como um todo”, conclui Deryck Martins.