
O Brasil encerrou julho de 2025 com um cenário preocupante: 71,37 milhões de pessoas com o nome negativado, o equivalente a 42,91% da população adulta, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Na comparação anual, o número de inadimplentes cresceu 7,98% em relação a julho de 2024. Em relação a junho, a alta foi de 0,23%. Para José César da Costa, presidente da CNDL, o dado reforça a gravidade da situação:
“Mesmo com uma desaceleração no comparativo mensal, o crescimento anual se intensificou, o que exige atenção. Não basta limpar o nome, é preciso romper o ciclo da Inadimplência crônica, com educação financeira, renegociações justas e ações conjuntas do mercado e do Estado.”
Dívidas antigas ganham peso
O aumento foi puxado por consumidores com débitos de 3 a 4 anos de atraso, que cresceram 44,32% em julho. O tempo médio de inadimplência chegou a 28,3 meses. A faixa etária de 30 a 39 anos lidera o índice, representando 23,67% do total de negativados — cerca de 17,6 milhões de pessoas. A distribuição por gênero segue equilibrada: 51,13% mulheres e 48,87% homens. A idade média dos devedores é de 44,8 anos.
Bancos dominam a lista de credores
O valor médio devido por cada inadimplente é de R$ 4.777,28, distribuído entre cerca de 2,21 credores. Apesar disso, quase 43,42% das dívidas não ultrapassam R$ 1.000, evidenciando que pequenas contas — como água, luz e telefone — são as que mais geram restrição ao crédito.
Na comparação anual, o número total de dívidas em atraso subiu 13,81%. O setor bancário apresentou o maior avanço (17,01%), seguido por água e luz (9,97%) e telecomunicações (3,68%). O comércio, ao contrário, registrou queda de 0,24%.
Em participação no total de dívidas, os bancos respondem por 66,65%, à frente de água e luz (9,95%), comércio (9,43%) e outros setores (8,23%).
Centro-Oeste tem maior índice de negativados
Regionalmente, o Centro-Oeste teve o crescimento mais acentuado de inadimplentes (9,82%) e concentra a maior proporção da população adulta com restrições: 46,55%. A região também liderou no aumento de dívidas em atraso (17,05%).
As demais regiões registraram as seguintes altas no número de devedores: Sudeste (7,23%), Norte (6,42%), Nordeste (6,21%) e Sul (4,45%). Esta última segue com o menor percentual de negativados, 37,71% da população adulta.
O presidente do SPC Brasil, Rique Pellizzaro Júnior, destaca que a quantidade de dívidas cresce mais rápido que o número de inadimplentes:
“São débitos antigos que não são quitados e novas contas que se acumulam. Muitas vezes, não é o valor alto que sufoca, mas as pequenas pendências que, ignoradas, se transformam em uma bola de neve com juros e impacto no crédito.”