DIÁRIO NA EUROPA

Descobri o “Veropa Português” e ele tem...900 anos

Na sua mais recente “urubuservada”, correspondente do DIÁRIO na Europa compara a famosa Feira da Ladra, em Portugal, ao nosso icônico Veropa — com direito a cheiros, pechinchas e história.

Na sua mais recente “urubuservada”, correspondente do DIÁRIO na Europa compara a famosa Feira da Ladra, em Portugal, ao nosso icônico Veropa — com direito a cheiros, pechinchas e história.
Na sua mais recente “urubuservada”, correspondente do DIÁRIO na Europa compara a famosa Feira da Ladra, em Portugal, ao nosso icônico Veropa — com direito a cheiros, pechinchas e história.

O nosso bom e velho “Veropa” tu já conheces de olhos fechados. Se queres roupas, sapatos, peixes, carnes, frutas, legumes ou simplesmente sentir o “pitiú” da baía do Guajará, é só dar um pulo ali no comércio, no Ver-o-Peso, a maior feira aberta da América Latina. Não tem um dia que eu não sinta falta daquela “sacanagem”, no bom sentido, do “Veropa”, como diria o urubu da nossa anedota bem papa-chibé.

Bem, já são quatro anos desse lado do Atlântico e, por aqui, também já tenho histórias pra contar. Muitas delas reparto contigo aqui no DIÁRIO NA EUROPA e outras guardo pra, quem sabe, lançar num livro. Enquanto esse dia não chega, vou “urubuservado” a paisagem e hoje vou te contar minha última “urubuservada”.

Anda daqui, sobe pra lá, desce pra cá e não é que descobri o “Veropa Português”? Acreditas nisso? Pois é: em Lisboa tem uma feira a céu aberto, que guardadas as devidas proporções, faz sim lembrar quando a gente quer ir “lá embaixo”. E tem nome e sobrenome: Feira da Ladra.

Antes que tu penses maldade, vou logo esclarecer: o Ladra da feira nada tem a ver com crime. É que, no português antigo, ladra falava-se “lada”, que significa “margem do rio”. Ou seja: tudo a ver com as margens do Guajará.

Outra curiosidade: enquanto o Ver-o-Peso funciona todos os dias, a Feira da Ladra acontece só às terças e sábados, assim que o dia nasce, no Campo de Santa Clara. E na Ladra é claro que não tem o mundo de coisas que tem no Veropa, mas lá tu vais encontrar aquelas peças de antiquário e também artesanato. Tudo é olho no olho e negociação direta entre cliente e comerciante, sem atravessador.

Agora o mais incrível: o nosso Veropa está a dois anos de completar quatro séculos de funcionamento e isso já é um número considerável. Mas chuta aí e me diz quantos ano tu achas que tem a Feira da Ladra?

São nada menos que 900 anos entre o Rossio, a Praça da Alegria, o Campo de Santana e finalmente, a partir de 1882, o Campo de Santa Clara, onde permanece até nossos dias. Fazendo as contas cá com meus botões, descubro que a Feira da Ladra foi inaugurada e, somente 500 anos depois o navegador português Francisco Caldeira Castelo Branco chegaria à foz do rio Amazonas e à nossa amada Santa Maria de Belém do Grão-Pará.

É isso meus amigos: o Veropa Português existe e é quase milenar. E por falar nisso, mé dá licença que tá na hora do café com pupunha e tapioca com côco. Fui!!!

*Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.