Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,4 milhão de crianças em todo o mundo vivem com cegueira, sendo a maioria em países em desenvolvimento ou regiões de extrema pobreza. A cada ano, 500 mil novos casos são registrados, e quase 60% dessas crianças não sobrevivem às causas que levaram à perda da visão.
No entanto, 80% dos casos de cegueira infantil podem ser evitados ou tratados com diagnóstico precoce e cuidados adequados. Problemas como miopia, hipermetropia, astigmatismo e ambliopia (olho preguiçoso) afetam entre 1,44% e 18,63% das crianças, dependendo da região. A detecção precoce e o tratamento são essenciais para garantir um desenvolvimento visual saudável.
Cuidados desde o nascimento
Em entrevista, a oftalmologista Ana Letícia Darcie, do Hospital das Clínicas da USP e membro da Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria (SBOP), explica que a saúde ocular das crianças muitas vezes é negligenciada por desconhecimento.
“Muitos acham que problemas de visão são coisa de adulto, mas crianças podem nascer com doenças ou desenvolvê-las ao longo do tempo. Não espere reclamações ou queda no rendimento escolar para procurar um médico”, alerta.
O primeiro exame, o Teste do Reflexo Vermelho (Teste do Olhinho), deve ser feito nas primeiras 72 horas de vida e repetido pelo pediatra três vezes ao ano nos primeiros três anos. Se houver irregularidades, a criança deve ser encaminhada a um oftalmologista.
Sinais de alerta e prevenção
Além do exame na maternidade, os pais devem ficar atentos a:
- Olhos vermelhos ou coceira excessiva
- Aproximação exagerada de objetos
- Dificuldade na alfabetização ou leitura
- Franzir a testa com frequência
Ana Letícia também recomenda:
- Evitar telas até os 2 anos e limitar o uso depois disso
- Priorizar atividades ao ar livre (pelo menos 2 horas por dia)
- Manter boa iluminação em ambientes de estudo
- Usar óculos de sol e protetor solar para proteger os olhos dos raios UV
Doenças oculares mais comuns na infância
- Miopia, astigmatismo e hipermetropia
- Ambliopia (olho preguiçoso)
- Estrabismo (desvio ocular)
- Catarata congênita e ceratocone
“Muitas crianças não sabem expressar desconforto. Dores de cabeça, por exemplo, podem ser sintoma de problema de visão”, explica a médica.
Mais informações
Para orientações detalhadas, consulte a cartilha “Saúde Ocular na Infância”, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e SBOP.