
A exposição itinerante “Sairé – Celebração, louvor e disputa dos botos” chegou a Belém nesta quinta-feira, 8, e está aberta ao público na Galeria Fidanza, localizada no Museu de Arte Sacra do Pará, na Cidade Velha. Até o dia 8 de setembro, visitantes poderão conhecer, por meio de 14 fotografias, a riqueza cultural e a reverência à ancestralidade amazônica presentes no Festival do Sairé. As imagens foram registradas pelo fotógrafo e documentarista Alexandre Baena, que também assina a curadoria da mostra.
A abertura contou com a presença do senador Jader Barbalho (MDB-PA), homenageado pela organização pelo apoio dado à região de Alter do Chão, em Santarém — onde ocorre o festival — e pela contribuição parlamentar para a produção das fotos.
Jader elogiou o trabalho de Baena e destacou a beleza da festa, tradição ribeirinha com mais de 300 anos que mistura rituais indígenas e práticas do catolicismo. “A vida pública me permitiu vivenciar diversas oportunidades, e uma delas foi conhecer Alter do Chão e assistir ao Festival do Sairé ainda nos anos 1970. Fico muito feliz de estar aqui, apreciando essas imagens e celebrando a cultura do nosso Estado. Parabéns ao Alexandre Baena, parabéns a todos”, afirmou.
O senador relembrou ainda ações realizadas enquanto governador do Pará (1982-1986 e 1991-1995) para dar visibilidade e melhorar a infraestrutura do distrito. “Tive o privilégio de construir a rodovia Santarém–Alter do Chão, pois antes o acesso era apenas por embarcação e muito difícil”, disse.
Segundo Baena, as fotos foram produzidas no ano passado, durante uma imersão no Sairé que também serviu de base para o trabalho de pesquisa e curadoria. “Dividimos a exposição em dois momentos: o rito religioso, com seus principais elementos, e a disputa dos botos”, explica.
Além das cerimônias religiosas, o Sairé inclui a tradicional competição entre os botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, ponto alto do festival folclórico. Para Baena, a riqueza visual foi um desafio na hora de selecionar as imagens. “As cores do Sairé são muito vivas, tanto nas fitas do rito religioso quanto nas apresentações. A curadoria foi difícil porque tínhamos muitas fotos. Selecionar apenas 15 foi um processo cuidadoso”, conta.
A mostra já passou por Brasília — onde uma das fotos foi doada ao Museu do Senado Federal, restando 14 para o circuito —, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. Após Belém, a última parada será Santarém, durante a edição deste ano do festival, em setembro.

Ana Maria Pinho, presidente do Tucuxi, acredita que a iniciativa ajuda a promover o evento. “É muito bom, nos ajuda a mostrar nossa festa. Ela é muito conhecida internacionalmente, mas no Brasil ainda somos pouco conhecidos”, disse.
Para Marlison Soares, vice-presidente do boto Cor-de-Rosa, o trabalho de Baena amplia a visibilidade da cultura paraense. “Essa itinerância fortalece nossa cultura. O Sairé, que é patrimônio nosso, vai ser mais divulgado e mais conhecido”, afirmou.
A exposição “Sairé – Celebração, louvor e disputa dos botos” tem entrada gratuita e funciona no Museu de Arte Sacra do Pará, na Igreja de Santo Alexandre, de terça a quinta, das 8h às 14h; e de sexta a domingo, das 8h às 18h.