A quinta-feira é dia de relembrar grandes histórias, e poucas são tão simbólicas para o futebol paraense quanto a campanha que projetou o Paysandu ao cenário internacional em 2003. Num tempo em que o Bicolor ainda tenta se reerguer dentro da Série B e busca forças para deixar o Z-4, vale recordar o ano em que o Papão colocou o Pará no mapa do futebol sul-americano e na vitrine do mundo. Um feito tão improvável quanto inesquecível, que começou com a surpreendente conquista da Copa dos Campeões e culminou numa das melhores estreias de um clube brasileiro na história da Libertadores da América.
Na competição continental, o Paysandu não apenas participou como dominou. Em cinco jogos, foram quatro vitórias e um empate, desempenho que lhe garantiu um aproveitamento de 90%, até hoje o maior já registrado por um clube brasileiro na fase de grupos da Libertadores. A campanha teve vitórias marcantes sobre Universidad Católica, Sporting Cristal e a histórica goleada por 6 a 2 sobre o Cerro Porteño, em pleno Paraguai. O impacto foi tamanho que o clube subiu, de uma só vez, 235 posições no ranking da IFFHS, saindo da 416ª para a 181ª colocação. Naquele momento, nenhum clube do planeta vivia uma ascensão tão expressiva.
O Inesquecível Ano de 2003
Vanderson, um dos protagonistas daquele elenco, guarda com orgulho a lembrança do feito. Mas sua fala vai além da nostalgia: revela o desejo de ver novamente um clube nortista entre os grandes do continente. “Acho que nem o torcedor mais fiel imaginava aquilo. Foi um sonho realizado, não só meu, mas de toda a torcida. Representamos nosso estado, nosso clube, nosso povo. E eu ainda sonho em ver Remo ou Paysandu de volta à Libertadores. Para isso, é preciso estrutura, base e acreditar nos jogadores locais, que têm muita qualidade”, afirma. A confiança daquele grupo, segundo ele, foi essencial para derrubar barreiras e provar que era possível ir além.
Duas décadas depois, a Libertadores parece um horizonte mais distante, mas não inalcançável. Em um cenário onde a competitividade e os investimentos se concentram cada vez mais no eixo Sul-Sudeste, o feito do Paysandu em 2003 soa ainda mais especial. E é justamente por isso que deve ser lembrado para inspirar. Porque se um dia o clube subiu mais de 200 posições no ranking mundial, bateu de frente com gigantes do continente e levou a bandeira do Pará aos quatro cantos do futebol, nada impede que, com planejamento e responsabilidade, a história volte a se repetir.