DICA DE LEITURA

'Pelas águas da escrita' navega por memórias, política e poder da palavra

A escritora, professora e tradutora Nilma Lacerda apresenta seu mais novo livro, publicado pela Maralto Edições.

Foto: Divulgação
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A escritora, professora e tradutora Nilma Lacerda apresenta seu mais novo livro, Pelas águas da escrita, publicado pela Maralto Edições. A obra conduz o leitor por uma jornada literária que atravessa geografias, memórias e diferentes camadas da cultura escrita, mesclando experiências pessoais e reflexões sobre o papel social da leitura e da escrita.

Com tom íntimo e consciência política, Nilma aborda a desigualdade no acesso à palavra escrita, especialmente entre mulheres. Relembra a trajetória de sua mãe, que não pôde estudar, e defende o ato de escrever como um direito e um legado coletivo. “Desejo que o leitor não deixe passar batida essa tecnologia de ponta na comunicação, das mais fundamentais, e que use e abuse do ato de escrever”, afirma a autora.

Com um olhar atento e afetuoso, Nilma percorre ruas, museus, igrejas e feiras de livros com uma caderneta em mãos, exercendo o ofício quase extinto de copista e recolhendo escritas que, muitas vezes, estão prestes a desaparecer — grafites em muros, bilhetes anônimos, trechos de livros antigos, pedidos de ajuda ou poemas esquecidos. Com isso, dá visibilidade a vozes silenciadas e reafirma a palavra escrita como ferramenta de resistência, memória e libertação.

Em Pelas águas da escrita, a autora compartilha episódios marcantes de sua travessia: a inscrição gravada em pedra à margem do Sena que registra um momento decisivo na vida de um jovem príncipe, o futuro rei Luís XIII; um cartão-postal de 1919 desejando o retorno dos “soldados queridos”; o desabafo de um cidadão agredido por fiscais de transporte. Essas micro-histórias revelam o entrelaçamento entre o cotidiano e grandes acontecimentos históricos, e são ponto de partida para reflexões sobre as camadas do tempo e da cultura.

ilma também propõe um diálogo entre a experiência europeia e a realidade brasileira — especialmente a do Rio São Francisco, foco do projeto pedagógico e cultural Caminho das Águas. Ao comparar os castelos do Vale do Loire, na França, reconhecidos como patrimônio mundial pela Unesco, com o modo de vida ribeirinho ainda pouco valorizado no Brasil, a autora evidencia as disparidades no reconhecimento e preservação das heranças culturais e naturais.

No livro, a escrita é apresentada como ato de resistência, contrapondo permanência e apagamento, vencedores e vencidos, e convidando à escuta das palavras e silêncios que moldam a história. Mais do que um diário de viagem, Pelas águas da escrita percorre das paredes das cidades aos arquivos históricos, das vozes anônimas às narrativas oficiais. A obra integra o Programa de Formação Leitora Maralto, voltado para escolas em todo o país.

Trajetória e Prêmios de Nilma Lacerda

Nilma Lacerda é doutora em Letras Vernáculas, professora aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pós-doutora em História Cultural pela França, sob orientação de Roger Chartier. Sua trajetória inclui prêmios como o Jabuti, o Prêmio Brasília de Literatura e o selo White Ravens (Alemanha).

Serviço

  • Pelas águas da escrita — Nilma Lacerda | Maralto Edições | R$ 59,90
  • Vendas: loja.maralto.com.br e livrarias parceiras
  • Lançamentos:
    • 07/08/2025, às 19h – Blooks Botafogo (Praia de Botafogo, 316 – Botafogo, RJ)
    • 12/08/2025, às 18h30 – Blooks Niterói (Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói, RJ)