
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, afirmou que uma “organização criminosa tenta obter arquivamento de ações penais por meio da defesa de interesses estrangeiros no país”, e reforçou, sem citar nomes, que o deputado Eduardo Bolsonaro e o apresentador Paulo Figueiredo agem de “maneira covarde e traiçoeira com patente finalidade de obstrução da Justiça”. Segundo o jurista, a dupla tenta interromper o trabalho do STF em relação ao caso da tentativa de golpe, ressaltando a soberania do país e a traição. É a primeira manifestação de Moraes, após ter sido alvo de sanções por parte dos Estados Unidos.
Durante a abertura dos trabalhos do STF, após o recesso do Judiciário, as atenções se voltaram para a fala do ministro. Ele afirmou que a dupla age “de maneira covarde e traiçoeira com a patente finalidade de obstrução à Justiça”. “Agem como uma organização criminosa miliciana e tentam coagir STF”. Moraes disse que eles praticam atos ‘hostis contra a economia brasileira’ através de “condutas ilícitas e imorais”. Sem citar diretamente, ele destaca que eles traíram a pátria “como se glória houvesse nisso, na traição”.
“A ideia é gerar uma grave crise econômica no Brasil para gerar uma pressão política e social sobre um caso que já chega nas alegações finais”, disse o ministro, referindo-se ao projeto de condenação do ex-presidente, Jair Bolsonaro , que já está usando tornozeleira eletrônica, de forma preventiva.
‘Não houve no mundo tanta transparência em uma ação penal como essa. Nenhum país do mundo transmite para toda a sociedade acompanhar. É o STF atuando dentro dos limites republicanos e garantindo o processo legal’, seguiu. O ministro continua dizendo que essas atitudes possuem apenas ‘interesses pessoais’ e que não pode se utilizar disso para prejudicar o trabalho das pessoas, com a tarifa de 50%.
Moraes ressaltou que vai ignorar as sanções impostas por Donald Trump, a pedido da dupla que está em Washington se articulando com integrantes do governo americano. “Vamos continuar trabalhando”, disse, destacando que a Corte não irá se “envergar a ameaças covardes e infrutíferas” e que pretende ignorar as sanções.
Reação do STF e Implicações Políticas
“As ações prosseguirão. O rito processual do STF não se adiantará, não se atrasará. O rito processual do STF irá ignorar as sanções praticadas. Esse relator vai ignorar as sanções que lhe foram aplicadas e continuar trabalhando, como vem fazendo, no plenário, na Primeira Turma, sempre de forma colegiada”, disse Moraes.
E prosseguiu: “Esta Corte vem e continuará realizando sua missão constitucional. Em especial, neste segundo semestre, realizará os julgamentos e as conclusões dos quatro núcleos das importantes ações penais relacionadas à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro”.
O ministro Gilmar Mendes seguiu na mesma linha. Em seu forte discurso, destacou os “ataques à soberania” e disse, sem mencionar Eduardo Bolsonaro, que um deputado fugiu do país na linha de frente do “entreguismo”.
“Não é segredo para ninguém que os ataques à nossa soberania foram estimulados por radicais inconformados com a derrota do seu grupo político nas últimas eleições presidenciais. Entre eles, um deputado que, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país”, diz. “Verdadeiro ato de lesa pátria”.
O ministro lembrou que Moraes tem sido alvo por ser o responsável pela investigação da trama golpista. “O alvo central contra quem as baterias dos radicais têm se voltado é o eminente ministro Alexandre de Moraes, que, como todos sabem, é o responsável pela apuração da tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito em 2022”.