READAPTAÇÃO

Fim das férias: especialistas explicam como retomar a rotina com equilíbrio

O fim das férias de julho marca o retorno às atividades para estudantes, trabalhadores e famílias que aproveitaram os dias de descanso.

Fim das férias: especialistas explicam como retomar a rotina com equilíbrio
Foto: Octavio Cardoso

O fim das férias de julho marca o retorno às atividades para estudantes, trabalhadores e famílias que aproveitaram os dias de descanso. Mas, para muita gente, o desafio vai além de reorganizar os horários: lidar novamente com a mudança na rotina pode gerar desânimo, ansiedade e até dificuldade de concentração. A transição do lazer para as responsabilidades nem sempre é simples, e exige um processo de readaptação emocional e mental.

A psicóloga clínica e neuropsicóloga Joelma Martins explica que, durante as férias, o corpo e a mente entram em um novo ritmo. “Para criar um hábito, é preciso repetição. Seja em 15 ou 30 dias de férias, já são suficientes para se acostumar; vira um hábito, algo automático”, afirma. Segundo ela, esse novo padrão impacta diretamente o processo de readaptação. O retorno pode ser ainda mais difícil para quem, mesmo nas férias, não conseguiu relaxar de verdade.

“Tem pessoas que viajam e têm contato com a natureza, mas tem aqueles que ainda assim não conseguem descansar. O sono e a alimentação continuam desregulados. Uma pessoa que não teve essas práticas de descanso, que não conseguiu reduzir o estresse ou diminuir os sintomas de burnout, volta mais cansada e sobrecarregada, com exaustão”, pontua a psicóloga. A síndrome de burnout também é conhecida como síndrome do esgotamento profissional, que é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão extrema.

O alarme volta a tocar cedo, o trânsito reaparece nos trajetos e as tarefas voltam a crescer rapidamente. Ela destaca que é normal sentir tristeza no retorno às atividades. “É uma emoção comum. A pessoa pensa: ‘acabaram as férias, eu tinha mais tempo com a família, mais tempo para fazer o que gosto… como ler um livro’. Já o desânimo é a continuidade daquela tristeza, é o que vem junto com a obrigação de acordar e encarar a rotina”, acrescenta.

No entanto, ela alerta que, se esses sentimentos persistirem e forem se intensificando, é hora de procurar ajuda especializada. “Se a tristeza for mais intensa, mais frequente, e não tiver mais a ver com aquela emoção do fim das férias, precisa ser investigado”, orienta.

Em alguns casos, o problema não está exatamente no retorno das férias, mas no ambiente ao qual a pessoa precisa voltar. “Se ela tem um ambiente com muito estresse e muita cobrança, vai voltar a apresentar sintomas [de burnout]. A pessoa pensa: ‘ah, eu não gosto desse trabalho ou estudo’ e se permite”, detalha. E, para além do descanso, as férias também podem ser uma oportunidade de repensar a própria vida profissional. “Elas servem também para fazer uma nova rota, para quem está infeliz, pode ser o momento de procurar um novo trabalho”, sugere. 

Estratégias para um Retorno Positivo

Estudar e trabalhar são importantes tanto do ponto de vista pessoal quanto social. “A gente precisa se sentir produtivo. O equilíbrio é fundamental. As férias são terapêuticas e ajudam a amenizar sintomas de estresse”, frisa sobre o ponto principal para encarar a volta à rotina.

Entre as estratégias para retornar: tentar cultivar gratidão pelo período de descanso é a sugestão. “Ser grato por ter tido férias e descansado ajuda muito. É importante voltar com leveza. Vai ter um dia que você não vai estar tão bem, e é necessário respeitar a mudança do seu organismo”, aconselha. Outro ponto é retomar os hábitos gradualmente. “Tem gente que dorme até mais tarde, come mais besteira nas férias. E, quando volta, precisa ir aos poucos ajustando seu ritmo, sua rotina de trabalho. É fundamental também respeitar o seu tempo”, finaliza.