O ativista palestino Odeh Hadalin, conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos na Cisjordânia ocupada, foi morto nesta segunda-feira (28) após ser baleado por um colono israelense. A informação foi confirmada por Yuval Abraham, codiretor do documentário Sem Chão (No Other Land), vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2025, no qual Hadalin teve participação.
De acordo com Abraham, o colono Yinon Levi foi identificado por moradores locais como o autor dos disparos. Em vídeo publicado nas redes sociais, é possível ver o momento em que Levi atira contra palestinos em uma área próxima ao assentamento de Meitarim Farm, no sul de Hebron. Hadalin foi atingido nos pulmões e não resistiu aos ferimentos. Levi, que já foi sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos, é apontado como um dos líderes de ações violentas contra palestinos na região.
A morte de Hadalin reacende o alerta sobre os riscos enfrentados por pessoas ligadas à produção de Sem Chão. Em março deste ano, o também codiretor Hamdan Ballal foi espancado e detido por forças israelenses, ficando ferido na cabeça e no estômago. Segundo relatos de Abraham, Ballal foi vendado, algemado e mantido preso em uma base militar antes de ser libertado.
Sem Chão e a Ocupação Militar Israelense
Sem Chão retrata o cotidiano de palestinos que vivem sob ocupação militar israelense, com foco na destruição de comunidades como Masafer Yatta. O filme acompanha o ativista Basel Adra e sua colaboração com Yuval Abraham, um jornalista israelense que passa a questionar as políticas do seu país ao conviver com as realidades da ocupação.
Durante a cerimônia do Oscar, os diretores fizeram discursos contundentes. Adra, que se tornou pai recentemente, declarou: “Minha esperança é que minha filha não precise viver com o medo da violência dos colonos e dos deslocamentos forçados que enfrentamos todos os dias”. Ele ainda fez um apelo à comunidade internacional para agir contra o que classificou como “limpeza étnica do povo palestino”.
Já Abraham criticou a política externa dos Estados Unidos, que, segundo ele, “bloqueia o caminho da paz”. O cineasta israelense afirmou: “Meu povo só estará verdadeiramente seguro se o povo de Basel for verdadeiramente livre”.
Reconhecimento e Obstáculos
O caminho do documentário até o Oscar também enfrentou obstáculos. Sem distribuidora norte-americana, a equipe do filme organizou uma exibição independente no Lincoln Center, em Nova York, para cumprir os critérios da Academia. A obra já havia conquistado prêmios importantes, como o de Melhor Documentário no Festival de Berlim e o de Melhor Filme Não-Ficcional pelo Círculo de Críticos de Cinema de Nova York.