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Herança entre solteiros e sem filhos: o que diz a lei?

Quando uma pessoa falece sem deixar cônjuge ou descendentes, a lei determina os herdeiros conforme a ordem da vocação hereditária.

Como único descendente, Léo tornou-se herdeiro exclusivo de todo o patrimônio da artista, estimado em aproximadamente R$ 500 milhões
Como único descendente, Léo tornou-se herdeiro exclusivo de todo o patrimônio da artista, estimado em aproximadamente R$ 500 milhões Foto: Divulgação

Quando uma pessoa falece sem deixar cônjuge ou descendentes, a lei determina os herdeiros conforme a ordem da vocação hereditária. Na ausência de filhos, pais ou irmãos, a sucessão pode recair sobre avós ou outros parentes colaterais, conforme estabelece o Código Civil e o direito sucessório brasileiro.

Se não houver descendentes nem ascendentes, os irmãos podem herdar. Na ausência destes, o patrimônio é revertido ao Estado como “herança jacente”. É indispensável a abertura de inventário para identificar os potenciais herdeiros e garantir a destinação correta dos bens deixados.


🔎 Como isso se relaciona com o caso de Marília Mendonça?

A tragédia ocorreu em 5 de novembro de 2021, quando a cantora Marília Mendonça faleceu, deixando um filho menor de idade, Léo Mendonça Huff. Como único descendente, Léo tornou-se herdeiro exclusivo de todo o patrimônio da artista, estimado em aproximadamente R$ 500 milhões, incluindo direitos autorais e receitas por streaming, que seguem gerando renda por décadas.


⚖️ Disputa judicial e herança em risco

Após a morte da artista, Dona Ruth — mãe de Marília — dividiu a guarda da criança com o pai, o cantor Murilo Huff. No entanto, em junho de 2025, Huff entrou com pedido de guarda unilateral. A Justiça concedeu a ele a guarda provisória, com visitas quinzenais autorizadas à avó, que imediatamente recorreu da decisão.

Diante da disputa, Dona Ruth solicitou judicialmente o bloqueio das contas bancárias do espólio da filha — uma medida cautelar para proteger os bens do menor até que a administração formal da herança seja definida por inventário.

Essa salvaguarda é prática comum em heranças destinadas a menores de idade, pois evita movimentações financeiras não autorizadas e garante a integridade dos ativos do espólio.


📜 Guarda, herança e administração patrimonial

A legislação determina que, enquanto estiver sob guarda, o menor deve ter seus bens administrados pelo guardião. No entanto, qualquer operação relevante — como venda de ativos ou movimentações expressivas — precisa de autorização judicial.

Em situações de disputa, como a que envolve Ruth e Huff, o juiz pode nomear um tutor ou administrador judicial independente, especialmente se houver sinais de conflito ou má gestão, visando proteger os interesses do herdeiro menor.


📌 Relação entre o caso concreto e as regras legais de sucessão

  • Léo é o único herdeiro legal de Marília, conforme a ordem da vocação hereditária.
  • A guarda legal impacta diretamente a administração da herança, sobretudo na ausência de testamento.
  • O inventário e o bloqueio judicial são mecanismos essenciais para garantir a proteção do patrimônio até a decisão judicial definitiva.
  • A nomeação de tutor ou administrador judicial é prevista em lei em casos de conflito entre responsáveis.
  • O planejamento sucessório, inclusive para solteiros, é fundamental para evitar disputas familiares. Um testamento pode indicar guardiões e administradores de bens.
  • Quem detém a guarda também assume responsabilidade sobre as decisões patrimoniais em nome do menor.
  • Heranças com direitos autorais e ativos digitais exigem atenção específica, pois continuam gerando receita — aumentando a complexidade da administração do espólio.

O caso de Marília Mendonça evidencia como a sucessão patrimonial e a guarda legal estão profundamente conectadas. A existência de um herdeiro menor transforma a administração dos bens em uma questão jurídica delicada, e o exemplo da cantora ilustra com clareza os desafios práticos de sucessões sem planejamento formal.