COMPORTAMENTO

Amizade no trabalho é mesmo uma boa?

Laços afetivos entre colegas podem melhorar o ambiente, mas também trazer riscos à produtividade e à ética.

Laços afetivos entre colegas podem melhorar o ambiente, mas também trazer riscos à produtividade e à ética.
Reprodução/Canva

Laços afetivos entre colegas podem melhorar o ambiente, mas também trazer riscos à produtividade e à ética.

Jack Kelly, colaborador sênior da Forbes USA e CEO da startup de recrutamento WeCruitr, é um dos defensores da ideia de que, por mais que os colegas de trabalho possam se tornar próximos, é preciso manter os limites. Para ele, colegas de trabalho não são  amigos – a conexão social no ambiente corporativo é importante, mas não deve ultrapassar o campo profissional.

A frase não quer dizer que é proibido ter amigos no trabalho — mas serve de alerta sobre os riscos de misturar conexões pessoais com as dinâmicas de um espaço que, no fim, é movido por metas, resultados e hierarquias.

Amizade no ambiente de trabalho: benefícios e armadilhas

A consultora de Gente e Gestão, Ana Alice Nunes, concorda que essas relações precisam de equilíbrio. “A amizade no ambiente de trabalho pode ser tanto benéfica quanto prejudicial, dependendo de como é conduzida e das características da organização e das pessoas envolvidas”, afirma.

Segundo ela, quando mantida com respeito e profissionalismo, a amizade entre colegas traz ganhos reais: melhora o clima organizacional, fortalece o trabalho em equipe, facilita a comunicação e até contribui para a saúde mental, reduzindo o estresse e melhorando o bem-estar dos colaboradores.

Mas o alerta de Kelly se justifica: esse tipo de vínculo pode sair do controle. Entre os riscos mais comuns estão as brincadeiras em excesso, panelinhas que excluem outros colegas, dificuldade de dar ou receber retorno, favorecimento velado e excesso de informalidade que prejudica a produtividade. “A informalidade exagerada leva à dispersão e impacta negativamente o ambiente de trabalho”, destaca Ana Alice.

Competição e profissionalismo

Outro ponto delicado é quando amizades enfrentam situações de competição — como a disputa por uma promoção ou aumento. Se um amigo for promovido, o outro pode se ressentir. Se um líder for amigo de alguém da equipe, a percepção de favoritismo pode afetar todo o grupo.

A recomendação é manter o profissionalismo acima de tudo. “As amizades no ambiente de trabalho são positivas, mas devem ser equilibradas, com respeito, ética e clareza sobre os papéis e responsabilidades”, reforça Ana Alice.