
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmaram que membros do Departamento de Estado dos Estados Unidos estariam considerando possíveis sanções ao Brasil — entre elas, o bloqueio do uso de satélites e do sistema GPS no território nacional. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. Mas afinal, seria tecnicamente possível “desligar” o GPS no Brasil?
De acordo com o comentarista de tecnologia Pedro Doria, da CBN, essa hipótese é extremamente improvável — e, na prática, tecnicamente inviável.
“Seria um feito de engenharia inimaginável”, afirmou Doria.
🌍 Por que não dá para desligar o GPS no Brasil
Segundo o especialista, bloquear o sinal do GPS (Global Positioning System) só é possível em áreas muito pequenas, de cerca de 12 km². Considerando que o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, seria necessário repetir esse bloqueio milhões de vezes, em tempo real, para afetar significativamente todo o território.
Além disso, o mundo já não depende exclusivamente do GPS há anos. O GPS é apenas um dos sistemas de navegação global por satélite disponíveis atualmente.
🌐 O que é o GNSS e por que importa
Embora o termo GPS ainda seja amplamente usado, ele se refere especificamente ao sistema americano. O termo técnico correto atualmente é GNSS (Global Navigation Satellite System) — um conjunto de sistemas globais que funcionam em conjunto e são utilizados por praticamente todos os smartphones modernos.
Além do GPS, há outros sistemas importantes:
- Galileu – União Europeia
- Glonass – Rússia
- BeiDou – China
- QZSS – Japão
- NavIC – Índia
“Todos esses sistemas têm satélites ativos e cobertura global. Nossos celulares usam todos eles, não só o GPS”, explica Doria.
Ou seja, mesmo que os EUA decidissem interromper o GPS no Brasil (o que já seria um desafio técnico e diplomático gigantesco), os dispositivos continuariam funcionando normalmente com sinal de outros sistemas.
Com informações da CBN