TURISMO

Paraenses se encantam com o “deserto molhado” aqui do lado

Reportagem acompanhou de perto as dunas e lagoas de um dos locais mais bonitos do mundo.

 Família, Marilene Costa, Jimille Costa ( filha), Jonas Costa, turístas paraenses.  Passeio turístico nos lençóis Maranhences. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Família, Marilene Costa, Jimille Costa ( filha), Jonas Costa, turístas paraenses. Passeio turístico nos lençóis Maranhences. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Um dos locais mais enigmáticos e belos do mundo. Não há nenhum exagero quando se ouve falar que no Nordeste do Brasil está uma das maravilhas da Terra. O Parque dos Lençóis Maranhenses é local fácil para renovar as energias junto ao sol, a água e a paisagem de dunas formada pela imensidade de areia.

Passeio turístico nos lençóis Maranhences. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Deserto úmido. Deserto Molhado. Deserto dos mil lagos. Essas são algumas das denominações que os Lençóis Maranhenses recebem graças as peculiaridades que possuem. Elas vêm das muitas formações de lagoas existentes, formando um enorme parque aquático atraindo turistas dos quatro cantos do planeta.

Este é o caso da família Costa, natural de Santarém, no Pará. Marido, esposa e filha, que vivem nas proximidades de Alter do Chão, o Caribe Brasileiro, aproveitaram as férias do mês de julho para conhecer de fato o local, resultado: encantamento. Por coincidência, a equipe de reportagem encontrou os três na caminhonete 4×4, único meio de transporte adequado para levar e trazer quem vai à região.

Jonas da Cunha Costa, aposentado, contou que essa foi a primeira vez que esteve nos Lençóis Maranhenses, de fato. Para ele, a palavra que resume a imensidão de areia e a paisagem é: “Paraíso”.

“É a primeira vez, a gente passou aqui há dois anos, mas não deu pra encostar e agora a gente vem de Santarém para conhecer o lugar. Realmente é um paraíso que o brasileiro tem e deve cada dia mais descobrir, esse lugar maravilhoso que é aqui”, aponta.

Já Marilene Costa, esposa de Jonas, afirma que a experiência nos Lençóis é a realização de um sonho partindo de uma frase que viu em um vídeo na internet. “Tem algumas coisas na vida que a gente precisa fazer e uma delas é conhecer os Lençóis Maranhenses”

“Na verdade, era um sonho que estou realizando em família. Eu sou especialista em educação, funcionária pública estadual e a minha rotina é bem pesada. Aqui, além das belezas naturais, as pessoas são muito acolhedoras, eu recomendo os Lençóis Maranhenses. Quem quiser fazer uma visita vai sair daqui maravilhado ainda mais”, disse ela.

Jamilly Costa, estudante de engenharia civil e filha do casal, explicou que fez uso da tecnologia para se informar e convencer os pais a conhecerem o local.

“A gente pretende viajar e conhecer mais e mais lugares. O nosso país tem muitas coisas lindas e a gente não ouve muito falar daqui do Maranhão. O caminho são as redes sociais, onde tem um pessoal falando que já veio”, explicou Jamilly.

COMO APROVEITAR

l Quem viaja aos Lençóis Maranhenses considera os meses de agosto e setembro como os mais baratos. Primeiro por estarem na baixa temporada. Neste período as lagoas ainda estão cheias, propicias para banho.

ÁGUAS DAS CHUVAS FORMAM

AS LAGOAS

l As lagoas, que são milhares, são formadas pelas depreciações entre as dunas após serem preenchidas pelas águas das chuvas. Com o período mais chuvoso, que chega ao ápice no mês de julho de cada ano, elas estão adequadas para banho e cheias de peixes que acabam sendo levados ao local de forma bem peculiar como explica, didaticamente, o guia de turismo, Lucas Souza.

“As pessoas costumam perguntar. Elas chegam nas lagoas e veem que tem peixe. E como a lagoa é formada da água da chuva, não tem nenhum afluente, a não ser do lençol freático, ficam perguntando, por que que tem peixe na lagoa? Normalmente a gente explica: é porque tem muitos pássaros, principalmente a gaivota que costuma se alimentar desses peixes nas margens do Rio Preguiça e tem vários córregos que dão acesso ao rio, então esses pássaros geralmente pegam esses peixes da margem do rio e aí, quando estão andando por cima da lagoa, o peixe acaba escorregando da garra do pássaro, ou senão, a ova do peixe acaba ficando na garra do pássaro e quando eles estão aqui na lagoa, a ova do peixe sai e acaba criando vida. E uma outra questão, se a lagoa chegar a secar totalmente, a ova do peixe fica na areia e como a areia fica muito úmida congela a ova do peixe e quando dá as primeiras chuvadas no mês de janeiro, a lagoa enche, a ova eclode e nasce peixe de novo”, detalha o guia.

Uma recomendação que ajuda a manter a paisagem e garantir a vida ali dentro é para o não uso de bronzeadores e protetor solar na hora de entrar na água, que podem agredir o ecossistema, prejudicando a vida por alí.

Empreendedorismo

l Lá o sinal de internet é fraco e em muitos casos inexistente. O celular é no máximo para registrar os momentos e então, como se vai pagar o que consumir?

l A entrada no parque não permite levar alimentos ou bebidas, uma alternativa é deixar na caminhonete que transporta o turista, já que estacionam um pouco mais afastadas das lagoas. É possível consumir, por exemplo, alguns alimentos como castanhas e até mesmo os geladinhos, chopps, dindins ou sacolés – variações linguísticas regionais – venda feita por empreendedores locais.

l A hora de pagar, sem pix, por causa da internet, é um momento que poderia “dar ruim”, contudo, o que seria um problema é devidamente solucionado com o “pix da confiança” a forma encontrada pelos empreendedores para não perderem a venda.

l A fórmula consiste basicamente em dar ao cliente um voto de confiança, ele consome o produto ali e deixa com o vendedor seu número de telefone, ao final do dia chegará a hora de ser cobrado via WhatsApp, quando os dois tiverem acesso à web, e então fazer a transferência bancária pelo pix, ou seja, em uma relação total de confiança do vendedor.

l Sérgio Vinicius, de 30 anos, vende garrafas de água, castanhas e sacolé. Ele detalha que conseguiu diversificar os negócios mediante essa relação, contudo, também amarga os calotes.

Sérgio Vinícios, ambulante. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

“Na verdade, a gente até que consegue obter lucro. A maioria das pessoas pagam o que consomem, mas tem sempre aqueles que gostam de dar uma de espertinhos. Não pagam, bloqueiam, dão o número errado. Mas fazer o quê? Se não tentar não vou vender. Deus me ajuda mais”, contou.

Mas não é só de vendas que vive quem empreende no local. As belezas dos Lençóis Maranhenses são atrativos que geram curiosidades em todo o mundo, sobretudo quem gosta de publicar na internet. Esse é o caso do paraense Walber Costa, de Belém. Ele estava no local operando um drone na busca de capturar imagens para seu site na internet, o Encantarias do Pará, que divulga a Amazônia e o Nordeste para o mundo.

“É um site que divulga o que o Pará tem de melhor, o Nordeste aqui. Eu trabalho muito com a perspectiva do Grão-Pará, Maranhão. O que tem no Pará, o que tem no Maranhão, nessa região da transição do Nordeste para a Amazônia, eu acho muito importante essa área aqui com belezas incomparáveis”, reiterou.

Como chegar

l LENÇÓIS MARANHENSES

l Existem várias formas de chegar aos Lençóis Maranhenses e eles podem ser pelas vias aéreas ou estradas. Seja de ônibus, carro ou avião, tudo depende da distância e do local de onde saiu.

l Para um parâmetro, vamos adotar a saída de Belém, capital do Norte mais próxima do Parque. De acordo com um site especializado em turismo, a saída da capital paraense pode ser de avião, carro ou ônibus.

Avião

l Aeroporto Internacional de Belém até o Aeroporto Internacional de São Luís.

Tempo estimado de viagem: 1h05 min. Os preços variam de R$ 500,00 a R$ 3.100,00.

Ônibus

l Terminal Rodoviário de Belém a Rodoviária de São Luís.

Tempo estimado de viagem: 12h 30min. Valor estimado entre R$ 254,00 a R$ 310,00.

Carro

l Tempo de viagem estimado em 12h 24min. Distância de 935,4 KM já direto ao município de entrada dos Lençóis.

l Após a chegada na capital maranhense é preciso pegar ônibus, van ou carro particular para a cidade de Barreirinhas com tempo aproximado de cinco horas de viagem pela estrada. A depender do transporte, os preços variam de R$ 60,00 a até R$ 110,00.

PASSEIO DE BARREIRINHAS AOS LENÇÓIS; NÃO TEM COMO IR SOZINHO

l Antes de se dirigir ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é preciso atentar que é impossível ir sozinho. Somente agências credenciadas estão autorizadas a fazer o transporte dos turistas até as lagoas. E há uma comodidade nisso, a contratação começa dentro das pousadas e pode ser tratada já na recepção.

l A média de preço, por passageiro nas caminhonetes pick-ups 4×4, custa em torno de R$ 100,00 e o passeio vale a ida e a volta. Pelas estradas de areia, o tempo de deslocamento é de aproximadamente 30 minutos com distância de oito quilômetros.

*Texto de Kleberson Santos