FAUNA

Projeto nacional fará resgate e conservação do peixe-boi no Pará

Parceria pretende proteger a espécie ameaçada de extinção com a implantação de local para aclimatar os animais


Segundo instituto, cerca de 60 peixes-boi estão em reabilitação no Pará

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Segundo instituto, cerca de 60 peixes-boi estão em reabilitação no Pará FOTO: divulgação

Pará - Nesta sexta-feira (18), foi lançado o Projeto de Conservação de Peixes-boi no Pará. Essa iniciativa é uma parceria entre o Instituto Bicho D’Água, o IBAMA e a TGS, com o objetivo de proteger essa espécie tão importante da fauna amazônica.

Estiveram presentes representantes do Instituto Bicho D’Água, IBAMA, TGS, da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (CEMAM), do ICMBio e do Museu Paraense Emílio Goeldi. O evento aconteceu no auditório Paulo Cavalcante, localizado no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, em Belém.

Durante o evento, foi apresentado o plano de ação já em andamento para a implantação do recinto de aclimatação em ambiente natural, no município de Soure, na Ilha do Marajó, além das estratégias de soltura e monitoramento dos animais. Construído em uma área de 500 m², a unidade terá capacidade de atender até oito peixes-boi.

O Projeto de Conservação de Peixes-Boi no Pará vai além do resgate e reabilitação. Ele também inclui o desenvolvimento de estudos aprofundados sobre o comportamento, a distribuição e a ocorrência de híbridos na região.

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Renata Emin, presidente do Instituto Bicho d’Água, conta que o projeto representa um marco importante na conservação dos animais no estado do Pará. “Aqui no Pará, existem duas espécies de peixe-boi: o da Amazônia e o marinho, ambas ameaçadas de extinção. Diversos fatores ameaçam esses animais, incluindo a caça, mesmo com uma lei de proteção à fauna que ainda existe no nosso estado”, justifica.

Ela explica que, por esse motivo, muitos filhotes acabam sendo encontrados órfãos, já que as mães provavelmente foram mortas. “Esses filhotes precisam ser resgatados e passam por um longo processo de reabilitação até estarem prontos para serem devolvidos à natureza. Essa última etapa é fundamental, pois é quando eles podem relembrar como é viver no ambiente natural, já que durante a reabilitação eles ficam em piscinas”, conta Renata.

Segundo Renata, neste ano tivemos um número surpreendentemente alto de filhotes de peixe-boi resgatados, tanto no Pará quanto no Amazonas. Ela explicou que, na Amazônia, foram 15 filhotes resgatados no começo do ano, e no Pará, aproximadamente 60 peixes-bois estão em reabilitação, esperando para serem liberados na natureza. “Esse número é bastante importante, considerando que o peixe-boi é uma espécie ameaçada de extinção”, ela destacou.

Além disso, ela diz que o processo de recuperação de um filhote até que possa voltar ao ambiente natural é longo, pois uma mãe de peixe-boi fica cerca de 12 meses grávida, depois amamenta por um ou dois anos, e ainda precisa de mais um tempo de cuidados até o filhote estar pronto para a natureza. “Por isso, essa taxa de reprodução é bem baixa, e esse aumento no número de resgates representa uma perda importante para a população na natureza“, reforça Renata.

O presidente do Ibama, Alex Lacerda, comentou sobre o compromisso do órgão com o projeto. “O objetivo do projeto é justamente devolver esses animais à natureza de forma organizada, responsável e sistemática. Para isso, eles estão sendo treinados para que possam voltar a habitar nossos rios e lagos aqui na Amazônia, reforçando a importância da preservação e do cuidado com a nossa fauna”, justificou.

Ele comenta que este ano houve um aumento no número de resgates. “Resgatamos 20 animais ao longo do ano, enquanto nossa média costuma ser de 6 a 7. Acreditamos que isso esteja relacionado à caça ilegal e às mudanças climáticas. No ano passado, por exemplo, tivemos uma seca bastante severa no oeste do Pará. Essa situação certamente afetou a produtividade da região, reduziu a quantidade de plantas aquáticas e dificultou que as mães continuassem alimentando seus filhotes de forma eficiente”, esclarece.

“Além disso, essa seca também impactou as comunidades ribeirinhas. Nosso projeto, que envolve instituições de pesquisa, ONGs e empresas privadas, tem como objetivo justamente isso: conscientizar as populações e fazer com que os diferentes órgãos, que são os primeiros a chegar nesses resgates, trabalhem juntos em um resgate seguro”, conclui.

Trayce Melo

Repórter

Jornalista com experiência em redação, planejamento de estratégias e produção de conteúdo digital. Escreveu uma série de materiais independentes para o Portal Leia Já. Também atuou como social media na Secretaria de Estado de Turismo do Pará e como assessora de comunicação na Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. Além disso, atuou como analista de marketing na Enter Agência Digital. Recebeu o prêmio Internacional Premium Cop 30 Amazônia, concedido pelo ICDAM. Atualmente, é repórter do Jornal Diário do Pará.

Jornalista com experiência em redação, planejamento de estratégias e produção de conteúdo digital. Escreveu uma série de materiais independentes para o Portal Leia Já. Também atuou como social media na Secretaria de Estado de Turismo do Pará e como assessora de comunicação na Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. Além disso, atuou como analista de marketing na Enter Agência Digital. Recebeu o prêmio Internacional Premium Cop 30 Amazônia, concedido pelo ICDAM. Atualmente, é repórter do Jornal Diário do Pará.