No último dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma medida drástica: a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, substituindo a tarifa anterior de 10%. A decisão, oficializada por meio de carta enviada ao presidente Lula, entrará em vigor a partir de 1º de agosto de 2025 e faz parte de um pacote mais amplo de tarifas que também inclui cobre, semicondutores e medicamentos.
Como essa decisão afeta o bolso do brasileiro?
- Pressão inflacionária e aumento de preços
A nova tarifa impacta diretamente as exportações brasileiras, principalmente de commodities agrícolas como café, suco de laranja e carne bovina. Os exportadores brasileiros podem:
• Reduzir a oferta ao mercado externo (tornando seus produtos menos competitivos com a nova tarifa);
• Repassar parte dos custos ao mercado interno, encarecendo produtos no Brasil;
• Aumentar os preços de insumos importados, devido à desvalorização do real.
Com o câmbio já pressionado — o real caiu mais de 2% no dia do anúncio — o impacto se espalha por toda a cadeia de consumo: produtos mais caros, inflação elevada e queda do poder de compra.
- Dificuldades para os exportadores brasileiros
Empresas exportadoras, como a Embraer, já manifestaram preocupação com o aumento dos custos e da burocracia para manter contratos com os EUA. Pequenas e médias empresas serão ainda mais afetadas, pois:
• Terão dificuldade de competir com fornecedores de outros países;
• Poderão ser forçadas a absorver os custos adicionais, reduzindo sua margem de lucro;
• Em alguns casos, poderão perder acesso ao mercado americano.
- Possível guerra comercial e retaliações
O governo brasileiro já sinalizou respostas retaliatórias, com base em leis de reciprocidade. Isso pode incluir:
• Aumento de tarifas sobre produtos americanos importados;
• Impacto em setores como tecnologia, energia e agricultura;
• Risco de escalada comercial, prejudicando ambos os países.
- Câmbio, importações e custo de vida
A desvalorização do real torna as importações mais caras, afetando itens essenciais como:
• Combustíveis
• Medicamentos
• Equipamentos eletrônicos e industriais
Esse encarecimento impacta toda a população brasileira, especialmente as classes mais baixas, que sentem de forma mais aguda os efeitos da inflação.
O que o Brasil pode e deve fazer diante desse cenário?
Medidas recomendadas:
• Proteção cambial (hedge): Empresas exportadoras e importadoras devem adotar estratégias para se proteger da volatilidade do real.
• Diversificação de mercados: Reduzir a dependência dos EUA, ampliando as exportações para União Europeia, China, Mercosul e países africanos.
• Acordos bilaterais e multilaterais: Agilizar tratativas comerciais que ofereçam contrapeso ao impacto da tarifa.
• Pressão diplomática: Levar a questão à OMC e abrir canais de diálogo com parceiros estratégicos dos EUA.
Perspectivas de médio prazo
• A tarifa só entra em vigor em 1º de agosto, o que ainda oferece uma janela para negociações diplomáticas.
• Caso não haja acordo, a tendência é de agravamento das tensões comerciais, com perdas para os dois lados.
• Nos EUA, o Congresso e o Judiciário ainda podem tentar barrar ou limitar a medida, dependendo da pressão interna de setores econômicos prejudicados.
Embora a tarifa ainda não tenha sido aplicada, seus efeitos já estão sendo sentidos no Brasil — no câmbio, nos preços e nas expectativas do setor produtivo.
É essencial que o governo brasileiro adote ações imediatas, tanto diplomáticas quanto econômicas, para:
• Preservar o poder de compra da população;
• Proteger os setores produtivos;
• Evitar um colapso em cadeias de exportação que sustentam parte relevante do nosso PIB.
A crise é séria, mas ainda há tempo para negociar, reagir e se adaptar.