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Arraial do Pavulagem encerra ciclo junino com cortejo emocionante

Belém se despediu dos arrastões juninos com festa, cor e emoção neste domingo (6), na Praça Waldemar Henrique

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O ponto alto do evento foi a derrubada simbólica dos mastros de São João, acompanhada de músicas e rituais que renovam a esperança para o próximo ano.
O ponto alto do evento foi a derrubada simbólica dos mastros de São João, acompanhada de músicas e rituais que renovam a esperança para o próximo ano. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Belém e Pará - Belém se despediu dos arrastões juninos com festa, cor e emoção neste domingo (6), na Praça Waldemar Henrique. O encerramento da temporada do Arraial do Pavulagem, um dos eventos culturais mais queridos da cidade, reuniu milhares de brincantes em um grande cortejo que marcou o fim do ciclo junino. O próximo cortejo do grupo acontece apenas em outubro, durante o Círio de Nazaré.

O ponto alto do evento foi a derrubada simbólica dos mastros de São João, acompanhada de músicas e rituais que renovam a esperança para o próximo ano. No palco, o grupo Arraial do Pavulagem fez a festa com seus ritmos e cores, ao lado da convidada especial Dona Onete, a rainha do carimbó chamegado, que levantou o público com sua presença marcante.

Ronaldo Silva, presidente do Instituto Arraial do Pavulagem e um dos fundadores do grupo, explicou o simbolismo do momento: “São João é mais que padroeiro da quadra junina. Ele representa a nossa luta pela valorização da cultura popular brasileira. A derrubada dos mastros é um ato de gratidão e renovação, com músicas que mandam energia boa para o ano que vem”.

O músico Junior Soares, também co-fundador, definiu o encerramento como um ciclo de alegria. “A cidade está linda, cheia de gente com chapéus coloridos, dançando e celebrando. É cansativo, mas recompensador”, disse emocionado.

Tradição que se renova em cada geração

O trajeto iniciou na Praça da República, em frente ao Theatro da Paz, com o colorido das fitas e toadas de boi-bumbá embalando os brincantes. Entre os grupos presentes, estavam o Boi de Máscaras Alce, de São Caetano de Odivelas, e o Boi Malhadinho do Guamá, que abriram o circuito infantil, encantando famílias inteiras.

Amanda Barbosa, 34, acadêmica de odontologia, é presença constante nos arrastões com o marido, os filhos e a sogra. “Somos paraenses raiz. O Pavulagem é nossa segunda família. José, meu filho mais velho, participou pela primeira vez aos dez meses. Hoje, com três anos, já está na barrica. E agora é a vez da Maria. Eles aprenderam a amar a cultura como nós”, contou.

Ela afirma que nem o calor escaldante desanima a família. “Refazemos as mamadeiras, preparamos as vitaminas e, ao ouvir ‘vamos para o Pavulagem’, eles se animam na hora. É emocionante ver essa paixão crescendo com eles.”

Encontros que fortalecem laços

O cortejo também é um espaço de reencontro e amizade. Ariele Santos, 20, estudante de enfermagem, veio do Distrito Industrial para participar. “Ficamos 15 dias sem nos ver por causa das férias, e aqui nos reunimos de novo. O grupo vai crescendo porque cada um chama mais gente. Até o namorado da minha amiga está vindo pela primeira vez hoje”, relatou.

O Batalhão de Cavalo Infantil, comandado pela instrutora Adriana Pires, levou à rua 39 cavalinhos artesanais conduzidos por crianças entre 5 e 12 anos. “É desafiador, mas ver a alegria deles representando nossa cultura é algo maravilhoso”, disse.

Emoção e legado

Para Ellen Vale, integrante do Batalhão da Estrela, o arrastão foi ainda mais especial. Ela participa há 16 anos, influenciada pelo marido Crivaldo Costa, que colaborou com o Pavulagem por mais de três décadas e faleceu em maio deste ano. “Nos conhecemos aqui, em 2009, antes mesmo das oficinas. Ele amava o Pavulagem e hoje nossos dois filhos seguem no Batalhão. Estar aqui é homenageá-lo e manter viva a história dele conosco”, emocionou-se.