Com o objetivo de compensar a queda nas receitas com direitos de transmissão, clubes da Série A italiana estão apostando em uma nova tendência: o turismo futebolístico de luxo. A estratégia busca integrar a paixão pelo futebol à tradição cultural, gastronômica e paisagística da Itália, transformando os jogos em experiências exclusivas voltadas ao público estrangeiro de alto poder aquisitivo.
Nesse contexto, o Como 1907, clube sediado às margens do Lago de Como, desponta como referência. Após retornar à elite do futebol italiano, a equipe lançou uma operadora especializada em pacotes que combinam ingressos VIP, passeios de hidroavião, jantares com chefs estrelados, roteiros culturais e eventos como a Copa Como, marcada para julho com a participação de Ajax, Celtic e Al Ahli.
“O objetivo é posicionar o Como como destino premium para fãs de futebol e experiências italianas”, afirma Mirwan Suwarso, presidente do clube. A proposta mira em um público que busca mais do que os 90 minutos de uma partida: quer vivenciar o estilo de vida local com conforto, exclusividade e sofisticação.
Além do Como, gigantes como Juventus, Milan, Roma e Inter ampliaram a presença internacional por meio de turnês nos Estados Unidos, onde a Série A tem transmitido jogos pela CBS e pela Paramount Plus. A liga também planeja exportar partidas para o exterior: uma das possibilidades é um jogo entre Milan e Como em Perth, na Austrália, já em 2026.
O movimento acontece em meio à queda no valor dos direitos internacionais da liga, que passaram de US$ 428 milhões (ciclo 2018–2021) para US$ 288 milhões por temporada (2024–2029). A retração nos acordos locais com Sky e DAZN também reduziu significativamente a receita dos clubes.
Com o turismo representando 13% do PIB da Itália, o futebol se reinventa como vetor de atração de visitantes. Em 2024, o país recebeu mais de 64 milhões de turistas, e a expectativa é que o setor continue em alta, impulsionado por eventos como os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026 e a Eurocopa de 2032, que será co-sediada pela Itália e Turquia.
Nos bastidores, o investimento estrangeiro tem sido o motor dessas mudanças. Na temporada 2025–2026, apenas nove dos 20 clubes da Série A estarão sob controle de proprietários italianos — um reflexo da abertura a novos modelos de negócio e à visão internacional como caminho para revitalizar o “Calcio”.
Com inovação, hospitalidade e apelo cultural, a Itália transforma sua paixão nacional em um produto turístico global.