NOVA DINÂMICA

Liderança feminina ganha força no Brasil e impulsiona resultados nas empresas

Apesar dos entraves, a presença do gênero vem crescendo e o mundo corporativo começa a se abrir para a importância dessa presença para iniciativas bem-sucedidas.

Liderança feminina ganha força no Brasil e impulsiona resultados nas empresas Liderança feminina ganha força no Brasil e impulsiona resultados nas empresas Liderança feminina ganha força no Brasil e impulsiona resultados nas empresas Liderança feminina ganha força no Brasil e impulsiona resultados nas empresas
Apesar dos entraves, a presença do gênero vem crescendo e o mundo corporativo começa a se abrir para a importância dessa presença para iniciativas bem-sucedidas.
Apesar dos entraves, a presença do gênero vem crescendo e o mundo corporativo começa a se abrir para a importância dessa presença para iniciativas bem-sucedidas. Foto: Pixabay

A presença feminina em cargos de liderança no Brasil está crescendo e transformando a dinâmica dentro das empresas. Embora ainda distante da paridade de gênero, o avanço é visível: mais mulheres assumem postos de CEO, ingressam em conselhos de administração e ocupam funções estratégicas que antes eram predominantemente masculinas.

Esse movimento tem gerado resultados positivos e impactos significativos na diversidade corporativa, inovação e lucratividade das organizações. “Os benefícios de um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo são enormes, tanto para os colaboradores quanto para os negócios”, destaca Liliana Caldeira, presidente da Sou Segura, entidade que promove a equidade de gênero nas empresas.

Mulheres na Liderança: Desafios e Conquistas

Mulheres enfrentam desafios, mas conquistam espaço na liderança

Apesar dos avanços, a liderança feminina nas empresas brasileiras ainda enfrenta obstáculos históricos. Liliana aponta que as mulheres continuam lidando com barreiras invisíveis, como estereótipos de gênero, desigualdade salarial e falta de flexibilidade para equilibrar carreira e vida pessoal.

“Esses fatores provocam uma assimetria que afeta a remuneração, o crescimento profissional e até a aposentadoria das mulheres”, ressalta.

Iniciativas de Empresas para Promover a Diversidade

Empresas apostam em programas de diversidade para mudar o cenário

Grandes empresas têm implementado políticas para promover a diversidade de gênero. Na Coca-Cola Brasil, por exemplo, 41,5% dos cargos de liderança globalmente são ocupados por mulheres, com metas ambiciosas: alcançar 50% de presença feminina em posições de liderança sênior até 2030.

Além de benefícios como licença-maternidade de seis meses e auxílio-creche, a empresa também desenvolve programas de incentivo ao empreendedorismo feminino, como o “Coca-Cola dá um gás no seu negócio”, que já capacitou milhares de mulheres no Brasil e no Cone Sul.

SulAmérica investe no protagonismo feminino

Na SulAmérica, o destaque é para os resultados de 2024: 66,9% das promoções e méritos foram destinados a mulheres. A CEO Raquel Reis reforça que a prioridade é criar um ambiente onde todas possam crescer de forma livre e com igualdade de oportunidades.

“Uma organização mais plural se conecta melhor com clientes e parceiros. A diversidade nos permite um atendimento mais empático e eficiente”, diz a executiva.

Grupo Boticário: exemplo de sucesso na liderança feminina

O Grupo Boticário é um dos exemplos mais consistentes de avanço da mulher em cargos de liderança no Brasil. Atualmente, 56% das funções de liderança na empresa são ocupadas por mulheres. Em áreas como Pesquisa, Desenvolvimento e Qualidade, o índice sobe para 70%.

A instalação da fábrica em Camaçari (BA) também gerou oportunidades para centenas de mulheres, em uma região antes dominada por empregos industriais tradicionalmente masculinos.

Diversidade como Estratégia de Negócio

Bayer e Natura: diversidade como estratégia de negócio

Na Bayer Consumer Health Brasil, 50% dos cargos de liderança já são femininos, com ações voltadas ao empoderamento e desenvolvimento de talentos. Cristina Hegg, CEO da empresa, reforça que a inclusão é estratégica para a inovação e a competitividade.

Já a Natura atingiu a paridade de gênero nas lideranças da América Latina em 2023. Hoje, 50,5% dos cargos de diretoria e vice-presidência são ocupados por mulheres. A empresa implementa políticas de diversidade desde 2016 e audita constantemente seus processos para garantir igualdade nas promoções e seleções.

Tecnologia também tem vez: Microsoft Brasil lidera com time executivo feminino

Na área de tecnologia, um setor historicamente masculino, a Microsoft Brasil alcançou um feito importante: mais de 70% do time executivo é composto por mulheres. A companhia também adota políticas de equidade salarial e oferece programas de capacitação específicos para mulheres nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Impacto da Liderança Feminina

Mulheres negras conquistam espaço nos conselhos de administração

Iniciativas como o programa Conselheira 101, fundado por Jandaraci Araújo, têm sido fundamentais para ampliar a presença de mulheres negras e indígenas em conselhos de administração. Desde 2020, o programa capacitou 150 lideranças femininas, com 42% delas ocupando atualmente posições em conselhos.

Além disso, empresas como a Natura, Microsoft e Grupo Boticário vêm reforçando a inclusão feminina também nos seus conselhos de administração. A diversidade nos espaços de decisão tem se mostrado um diferencial competitivo e um motor de inovação.

Impacto positivo vai além dos resultados financeiros

A presença feminina na liderança corporativa tem efeito direto na cultura organizacional e no desempenho das empresas. Estudos da ONU Mulheres apontam que a eliminação da desigualdade de gênero poderia aumentar os rendimentos das mulheres em até 76%.

“Desempenho financeiro e impacto social caminham juntos. Promover a equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça, é uma decisão estratégica que fortalece os negócios”, resume Luciana Batista, CEO da Coca-Cola Brasil e Cone Sul.

(Reportagem original de Simone Guimarães, publicada na edição 127 da Forbes, lançada em fevereiro de 2025).