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Remo na vibe de Chespirito: "Sem querer querendo"

As mudanças recentes no Remo, que levaram à oscilação do time, podem ter sido sem querer querendo, mas ainda dá para corrigir a rota.

Remo na vibe de Chespirito: “Sem querer querendo” Remo na vibe de Chespirito: “Sem querer querendo” Remo na vibe de Chespirito: “Sem querer querendo” Remo na vibe de Chespirito: “Sem querer querendo”
A trupe azulina, "sem querer querendo", saiu do planejamento e agora luta para voltar à boa fase - Arte: D'ângelo Valente
A trupe azulina, "sem querer querendo", saiu do planejamento e agora luta para voltar à boa fase - Arte: D'ângelo Valente

O ano do Clube do Remo na Série B, que começou se desenhando com estrutura, estabilidade e ambição, aos poucos vai tomando contornos de um enredo que nem o próprio Roberto Gómez Bolaños, o eterno Chespirito, imaginaria escrever, em uma espécie de ‘Sem Querer Querendo’, titulo da série biográfica do mexicano atualmente em cartaz na HBO Max. A sucessão de acontecimentos inesperados, saídas estratégicas e baixas no elenco transformou o ambiente azulino em algo próximo de uma biografia não autorizada do caos.

Tudo começou com uma virada de roteiro inesperada: a saída repentina do executivo de futebol Sérgio Papellin, pilar da construção do elenco, que voltou ao Fortaleza sem muito aviso prévio. Em seguida, o clube perdeu seu braço tático: Daniel Paulista, treinador que tinha o grupo nas mãos e dava cara à equipe, também disse adeus. Dona Florinda e Chiquinha, encrenqueiras como elas só, aprovariam a conduta.

Para completar, a baixa no gramado: Jaderson, principal jogador azulino até aqui, afastado por questões clínicas, deixando um vazio técnico e simbólico no meio-campo, fazendo o Remo parecer jogar com a “bola quadrada” do Quico. Aí só resta contar com a astúcia de Marcelo Rangel debaixo da meta para salvar o time inúmeras vezes, à la Chapolin Colorado.

Como nos momentos mais turbulentos das séries criadas por Chespirito, o elenco azulino parece ter sido deixado à própria sorte, no caso aqui do presidente Tonhão, responsável pela temporada do time, após viver o auge na Segundona. E as semelhanças não param por aí.

Remo em busca de um novo caminho

Em um tipo de sacada inteligente, ‘os supergênios da mesa quadrada’ (primeiro programa de destaque de Chesperito) do Baenão confiam em António Oliveira, que vive um momento recente nada animador com mais de um ano sem comandar uma vitória, como o salvador da pátria. Mas a realidade é dura: sem tempo para ajustes ou falas improvisadas, o Clube do Remo encara o Athletic-MG fora de casa, equipe que está no Z4, mas vem embalada após vencer o líder Goiás.

Com as ‘antenas de vinil’ em alerta, Tonhão precisa evitar que novos personagens abandonem o elenco e que o roteiro siga derrapando. Porque, como no universo de Chespirito, onde a genialidade vinha da simplicidade e da coragem de seguir mesmo tropeçando, o Remo também vai precisar reunir forças para não deixar que a temporada se transforme em uma reprise dolorosa, com domínios ilusórios, bons momentos, mas sem vitória, ou seja, o mesmo que o suco de ‘laranja que parece de limão, mas tem gosto de tamarindo’. Afinal, ‘ninguém tem paciência’ com o fracasso. E zás!