O Planet Hemp anunciou na manhã desta terça-feira (17) que fará sua turnê de despedida dos palcos. A banda, famosa por misturar rap e punk, falar sobre temas sociais e defender a legalização da maconha, vai encerrar as atividades depois dos shows.
“Senhoras e senhores, o Planet Hemp vai acabar”, disse Marcelo D2, vocalista do grupo, em um encontro com a imprensa em São Paulo. No vídeo que anuncia a turnê, o rapper BNegão
disse que as apresentações serão “o último ritual” da banda.
A turnê, chamada “A Última Ponta”, tem dez datas marcadas, entre setembro e novembro deste ano. Os shows começam em Salvador, passam por Recife, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e chega ao fim em São Paulo, com uma apresentação no estádio Allianz Parque.
As vendas de ingressos começam na próxima quarta-feira (18), a partir do meio-dia, no site do Eventim sendo que, em Salvador, as vendas serão realizadas pelo site da Sympla. Nas bilheterias, os ingressos físicos poderão ser comprados a partir das 13h.
“Vamos contar a história da banda através dos nossos quatro discos”, afirmou Marcelo D2. Ele também disse que as apresentações devem ter diversos convidados, uma marca na trajetória do grupo. “Os shows vão ter essa energia e, como vamos acabar a banda, queremos fazer shows longos, maiores, incorporando esses convidados.”
O Planet Hemp foi criado há 32 anos por D2 e Skunk, rapper que morreu antes mesmo do lançamento de “Usuário”, disco de estreia do grupo a relação dos amigos é explorada no filme “Legalize Já”. Na década de 1990, o grupo passou a contar com os rappers BNegão e Black Alien, e lançou seus discos clássicos, como “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára”, de 1997, e “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça”, de 2000.
A banda encerrou as atividades em 2003, e depois voltou a se reunir esporadicamente para shows a partir de 2012. Em 2022, o Planet Hemp lançou “Jardineiros”, primeiro disco de inéditas em mais de duas décadas, em que atualiza o debate sobre a maconha.
Além de D2 e BNegão, a banda hoje conta com Formigão, baixista remanescente da formação original, Pedro Garcia, baterista do grupo desde o fim dos anos 1990, e Nobru, que substituiu Rafael Crespo na década passada. O produtor e multistrumentista Daniel Ganjaman também se junta ao Planet Hemp nos shows.
“Acaba o Planet, acaba o mundo, mas não acaba o capitalismo”, disse BNegão à imprensa sobre o momento conturbado, com guerras ao redor do planeta. “A gente usou a maconha como porta de entrada para [outras] discussões. Falar sobre maconha é falar sobre o povo preto.”
D2 respondeu sobre o motivo de a banda acabar. “Posso te dar mil respostas, mas sentimos no coração que precisa acabar”, ele afirmou. “A ideia de fechar um ciclo, isso tem me deixado sem dormir há alguns dias. Mas tudo bem acabar, as coisas podem ter fim um dia.”
O rapper se lembrou de pular alto em um show recente da banda, e isso o fez refletir. “Já estou com 57 anos, antes que eu me machuque quando cair desses pulos, é melhor parar”, afirmou.
Se o Planet Hemp vai voltar no futuro? “Acho difícil. A gente é meio cabeça dura”, diz D2. BNegão acrescentou que “se formos voltar, não vamos falar que vamos acabar”. “Se for acabar, tem que acabar mesmo.”
D2 ainda disse que o Planet Hemp não poderia simplesmente “desfalecer até sumir”. “Isso não é um luto, é um gurufim”, afirmou. “Nós, do povo preto, celebramos o final. A gente não chora. Vamos celebrar o fim do Planet com um show único.”
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VEJA AS DATAS DA ÚLTIMA TURNÊ DO PLANET HEMP
13/9 – Salvador
20/9 – Recife
3/10 – Curitiba
4/10 – Porto Alegre
12/10 – Florianópolis
17/10 – Goiânia
18/10 – Brasília
31/10 – Belo Horizonte
8/11 – Rio de Janeiro
15/11 – São Paulo
LUCAS BRÊDA