SAÚDE

Doenças Inflamatórias Intestinais: Diagnóstico baseado em diversos fatores

O diagnóstico pode até estar correto, mas saiba que ele se origina em um conjunto de fatores que poderia, com um pouco de esforço e boa vontade, ser eliminado. 

Doenças Inflamatórias Intestinais: Diagnóstico baseado em diversos fatores Doenças Inflamatórias Intestinais: Diagnóstico baseado em diversos fatores Doenças Inflamatórias Intestinais: Diagnóstico baseado em diversos fatores Doenças Inflamatórias Intestinais: Diagnóstico baseado em diversos fatores
 O diagnóstico pode até estar correto, mas saiba que ele se origina em um conjunto de fatores que poderia, com um pouco de esforço e boa vontade, ser eliminado. 
O diagnóstico pode até estar correto, mas saiba que ele se origina em um conjunto de fatores que poderia, com um pouco de esforço e boa vontade, ser eliminado. 

Você já deve ter reparado que, por vezes, algumas doenças parecem que viram “moda” na boca das pessoas. Com certeza alguém perto de você já disse em alto e bom som que sofre com a Síndrome do Intestino Irritável. O diagnóstico pode até estar correto, mas saiba que ele se origina em um conjunto de fatores que poderia, com um pouco de esforço e boa vontade, ser eliminado. 

“Costumo enxergar essas doenças inflamatórias intestinais em alguns pontos. O primeiro, a cronicidade de uma alimentação irregular nesse paciente, ingestão irregular de água. Geralmente são pacientes que cursam também com certo grau de sedentarismo e  irregularidade na prática de atividade física”, avalia a nutricionista e biomédica Maria Viana. 

“Um paciente que pratica atividade física, ele favorece o peristaltismo, que são os movimentos do intestino, isso também está associado à saúde intestinal”, frisa. Pacientes com doenças inflamatórias intestinais “são os que geralmente não têm uma boa qualidade de sono, então têm um grau de estresse maior, não têm uma regularidade de ciclo circadiano, são mais estressados”, descreve. 

A nutricionista destaca que as citocinas inflamatórias e as oscilações hormonais estão associadas ao fator psicológico. “Isso vai afetar diretamente o funcionamento do intestino. E no final, se tem um intestino, que é um tecido, mais inflamatório. Então, nele todo eu tenho produção crônica de citocinas inflamatórias, que são substâncias que sinalizam o corpo que ali está tendo uma inflamação”.  

CAMPO DE FUTEBOL 

Nesse cenário, a especialista faz uma analogia de um paciente que tem uma alimentação irregular, com microbiota desequilibrada. “Imagina um campo de futebol com um gramado perfeito. Imagina que o nosso cocô é a bola. Então, se o gramado está perfeito, a bola vai correr que é uma beleza. Então, o gramado é a nossa microbiota, são as microvilosidades do nosso intestino e ali a nossa microbiota”, ilustra.  

“Agora imagina, por outro lado, um campo de futebol cheio de buracos na grama. Esses buracos são onde as bactérias não estão. Ali está faltando algumas bactérias. Em outro ponto do campo, a grama está alta, então eu tenho uma desproporção do crescimento da bactéria, tenho muita bactéria ali, pouca bactéria do outro lado. Então, com o campo de futebol irregular, a bola não vai correr perfeitamente. Tem horas que ela vai correr muito rápido, tem horas que ela vai empacar”.  

DISBIOSE 

A esse desequilíbrio da microbiota intestinal se dá o nome de disbiose. “Um paciente com disbiose intestinal, a gente fala muito de SIBO, que é a síndrome do supercrescimento bacteriano. É quando, de repente, eu tenho muito crescimento de uma certa cepa bacteriana. No geral, tenho uma irregularidade do funcionamento, do rolamento dessa bola nesse campo. E eu posso cursar com esses sintomas: estufamento, horas de constipação, horas de diarreia”, relata. “Por isso que tem que pensar muito nesse favorecimento da translocação de parasitas, de vírus, de bactérias que vão ocasionar essa inflamação crônica de baixo grau nesse paciente”.  

E se engana quem pensa que a inflamação se limitará ao intestino. A especialista destaca que o corpo inteiro vai sentir a consequência. “É um paciente que vai viver cansado, vai viver indisposto. Não vai responder bem, por exemplo, à melhora da massa muscular, porque a absorção de nutrientes é ineficaz”, conta. 

Segundo Maria Viana, esse paciente também vai cursar com deficiências nutricionais, às vezes pontuais, às vezes de forma mais frequente. “Vai cursar com mais dores, às vezes inespecíficas, dores musculares, dores articulares, às vezes uma piora de uma outra doença inflamatória, artrite reumatoide, fibromialgia, enxaqueca. Tudo em função dessa inflamação de baixo grau”.  

DICAS PARA COMBATER A DISBIOSE INTESTINAL

Guia prático para restaurar o equilíbrio da microbiota

O QUE É DISBIOSE?

É o desequilíbrio da microbiota intestinal, onde há mais microrganismos prejudiciais do que benéficos. Pode causar gases, inchaço, constipação, diarreia, fadiga, baixa imunidade e até alterações no humor.

1. AUMENTE O CONSUMO DE FIBRAS

Inclua frutas, legumes, verduras, sementes, aveia, grãos integrais e leguminosas. As fibras alimentam as bactérias boas e promovem o equilíbrio intestinal.

2. INSIRA PROBIÓTICOS NA ROTINA

Consuma iogurte natural, kefir, kombucha, chucrute, kimchi ou suplementos específicos, conforme orientação profissional. Eles ajudam a repovoar o intestino com bactérias benéficas.

3. DÊ PREFERÊNCIA A PREBIÓTICOS

Alimentos como alho, cebola, banana verde, alcachofra, aspargos e chicória são ricos em substâncias que alimentam os probióticos.

4. REDUZA O CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS

Evite alimentos ricos em açúcares refinados, aditivos químicos e gorduras ruins, pois favorecem o crescimento de bactérias nocivas.

5. EVITE ANTIBIÓTICOS SEM NECESSIDADE

O uso indiscriminado de antibióticos destrói bactérias boas. Só utilize com prescrição médica e, se possível, associe a probióticos.

6. BEBA ÁGUA AO LONGO DO DIA

A hidratação adequada melhora o trânsito intestinal e favorece o ambiente para as bactérias boas prosperarem.

7. GERENCIE O ESTRESSE E DURMA BEM

Sono de má qualidade e estresse crônico afetam negativamente a microbiota. Práticas como meditação, atividade física e higiene do sono são grandes aliadas.

8. PROCURE ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL

Nutricionistas e médicos especializados podem identificar a causa da disbiose e indicar o melhor plano alimentar e possíveis suplementações.

Fonte: Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional (SBNF), Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Harvard T.H. Chan School of Public Health.