Belém e Pará - As críticas feitas pelo apresentador Ratinho à escolha de Belém para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) geraram reação na Câmara Municipal da cidade. Vereadores Jorge Vaz (PRD), Josias Higino (PSD) e Fábio Souza (MDB) responderam às declarações, classificando-as como preconceituosas e xenófobas.
Carlos Roberto Massa, o Ratinho, declarou que não aceita que um evento do porte da COP seja realizado em uma cidade onde, segundo ele, há falta de comida para a população, falta de infraestrutura e esgotos a céu aberto em áreas próximas ao centro. Para o apresentador, seria um desperdício gastar bilhões em uma cidade que “não é essa cidade maravilhosa para mostrar ao mundo”.
O vereador Jorge Vaz criticou a visão de Ratinho, afirmando que ela reflete um olhar do Sul e Sudeste que desqualifica outras regiões do Brasil. Ele destacou que, apesar dos problemas estruturais de Belém, como o saneamento básico, um evento como a COP deveria ser realizado na Amazônia, local estratégico para a discussão climática. Vaz questionou: “Qual a lógica de levar a COP para São Paulo, onde nem se consegue ver o céu?” Segundo ele, a importância geográfica de Belém como porta da Amazônia e a participação direta da população amazônica no evento são pontos que justificam a escolha da cidade.
O vereador Josias Higino classificou como “inadmissível” a fala de Ratinho e defendeu que Belém seja protegida contra críticas do tipo. Ele ressaltou que a cidade passa por importantes obras estruturantes, como a macrodrenagem de canais em bairros que impactam a qualidade de vida de milhares de moradores. Higino lamentou que ainda existam estigmas e clichês que pintam o Norte do país como “o fim do mundo”.
Já o vereador Fábio Souza, líder do governo, apontou xenofobia nas declarações do apresentador, classificando-as como preconceituosas e radicais. Souza ressaltou a relevância do Norte para o Brasil, citando o fornecimento de energia elétrica do Pará para as regiões Sul e Sudeste, que pagam menos pela energia do que o próprio Estado. Para ele, as críticas ignoram essa contribuição fundamental.