Nesta segunda-feira (09) foi realizada a reunião de abertura do planejamento da ação das Forças Armadas durante a Conferência das Nações Unidas (COP 30), em Belém. Exército, Marinha e Aeronáutica atuarão de forma integrada no Comando Operacional Conjunto Marajoara, uma estrutura elaborada pelo Ministério da Defesa para coordenar as ações de segurança e defesa durante o evento. A ocasião ocorreu no Comando Militar do Norte, com participação de militares das três Forças Armadas, comprometidos com o planejamento operacional da conferência.
O Comando Conjunto Marajoara terá caráter temporário e episódico, estando relacionado a atividades de segurança a eventos vinculados à COP-30, a ser realizada no período de 4 a 23 de novembro, atendendo a Portaria Nº 2263 do Ministério da Defesa. Para o evento, serão empregadas as chamadas Forças Especializadas de Emprego Estratégico, que envolvem a defesa antiaérea, química, biológica, radiológica e nuclear, guerra eletrônica, com ênfase em defesa antridrone, defesa cibernética, antiterrorismo; além de motociclistas para escoltas militares especializados em inteligência.
Segundo informações prévias, do General de Exército Vendramin, a estimativa é de 12 mil militares mobilizados na operação, entre locais e nacionais. As missões executadas serão similares as já realizadas em outros grandes eventos realizados em solo brasileiro, como o G20 em 2024. Dessa forma, as Forças Armadas atuarão no domínio de cada especificidade conjuntamente. A operação da FAB também terá cooperação dos demais órgãos de segurança pública.
“Quando nós tratarmos de prevenção do terrorismo, haverá equipes conjuntas das três forças. Quando tratarmos aqui de segurança cibernética, as equipes estarão conjuntas também. Uma série de áreas especializadas ou não que nós vamos ter um trabalho conjunto e os senhores vão ver aqui uma mistura de uniformes que nós estamos falando, pessoal do Exército, Marinha e Força Aérea. Esse trabalho vai ser visível, essa mistura de uniformes é uma coisa que nós sempre desejamos porque queremos que a população perceba que essa coesão que nós temos é real e ela se apresenta no dia a dia das pessoas”, disse.
ÁREAS
Ainda conforme o militar, as tarefas do Exército Brasileiro também envolvem a Polícia Militar, além dos militares das forças terrestre, aérea e marinha, na guarda de vias de circulação, como por exemplo a avenida Almirante Barroso, onde terá a presença constante de militares, assim como as subestações de energia e tratamento de esgoto, o que garantirá o bom funcionamento da cidade.
DESAFIOS
De acordo com o General de Exército Vendramin, o ineditismo do evento no Brasil é o principal desafio a ser enfrentado pelas forças de segurança. “Esse ineditismo da conferência, pelo seu gigantismo, acontecer em uma cidade como Belém, amazônica, é desafiador com uma série de pontos de vista, de segurança e defesa. Então, a mobilidade na cidade, o ir e vir das pessoas, insegurança, o direito à manifestação, todas essas são vertentes dessa conferência, a segurança das delegações, das autoridades, a Cúpula dos Povos, Cúpula dos Líderes, a conferência em si, tudo isso traz desafios novos porque o evento nunca foi realizado aqui e é um evento muito grande. essas são as diferenças mais marcantes que vão gerar um planejamento muito específico”, disse.
Segundo o Major Brigadeiro Avellar, o ineditismo também contempla a quantidade de chefes de Estado que estarão presentes em Belém, entre 100 a 150 líderes. Além da Conferência, a cidade de Belém receberá, nos dias 6 e 7 de novembro, a Cúpula da COP-30, onde será realizada a reunião de líderes antes do evento principal, sendo recebidos na Base Aérea de Belém. Dessa forma, a previsão é que a média de pousos e decolagens por dia seja multiplicada por dez. Atualmente, são feitos em torno de 14 pousos e decolagens todo dia, no Aeroporto Internacional de Belém.
“A Força Aérea, em conjunto com o Exército e a Marinha, está se planejando para que a gente possa absorver, da melhor forma possível, com o máximo de segurança e eficiência, esses chefes de Estado na Base Aérea. (…) Essa recepção dos chefes de Estado envolve uma operação multi-agências para que a gente otimize ao máximo a permanência desse lá na Base Aérea. Os comboios que receberão esses chefes de Estado vão ficar o mínimo possível na Base para que a gente agilize o fluxo das aeronaves”, garantiu o militar.
Além da recepção dos líderes, a Aeronáutica fará todo o planejamento de defesa aérea. “Aeronaves de caça estarão posicionadas aqui em Belém para garantir a segurança do espaço aéreo. É exemplo do que foi realizado nos grandes eventos, como Olimpíada e Copa do Mundo. Existe um protocolo que vai ser observado, um procedimento padrão, para que alguma aeronave intrusa ou indesejada não cause nenhum tipo de dano”, informou o Major Brigadeiro Avellar.
Do ponto de vista da Força Naval, os desafios estão relacionados ao tráfego marítimo intenso. “Existe uma previsão de utilização do Terminal de Outeiro por embarcações transatlânticas que servirão de apoio a muitas das delegações participantes, e isso naturalmente muda um pouco o roteiro. Um terminal destinado a uma atividade comercial, vai ser utilizado por uma atividade turística. E muitas outras delegações utilizarão as vias marítimas dos rios para esse tipo de atividade. E a cidade não pode parar. É um grande desafio também para que a infraestrutura logística da cidade permaneça inalterada”, afirmou o Vice-Almirante Batista, comandante do 4o Distrito Naval.
Além disso, a Marinha fará um esforço logístico para trazer tropas e navios de grande porte para atender a questão da segurança. “A Marinha também entende que existe uma outra vertente na qual vai participar, obviamente como coadjuvante, nas discussões climáticas. A Marinha vai trazer para Belém o seu navio de pesquisa mais importante, mais bem equipado, que estará aqui e vai participar de diversas atividades dentro das discussões da própria COP. O que acontece no nosso ambiente operacional, no caso dos mares, é muito influenciado pelo bioma amazônico e pelo bioma antártico. Baseado nessa perspectiva, a gente também entende que tem uma contribuição a trazer”, revelou O Vice-Almirante.
TREINAMENTO
A estimativa é que 12 mil militares sejam escalados para fazer parte da operação. Com isso, são esperados centenas de veículos terrestres, embarcações e aeronaves para fazer a proteção, a defesa, a proteção, apoio e a segurança. Só após um período de reuniões que será estabelecido o número efetivo. A data limite de concentração de militares na cidade de Belém é até 19 de outubro, duas semanas antes da Conferência do Clima, momento que iniciaram um treinamento específico, em que farão o reconhecimento da parte urbana, do trânsito e das áreas de circulação dos participantes.
Ainda no contexto da Operação Marajoara, no inicio deste ano, o Comando Militar do Norte, em parceria com as agências envolvidas na COP 30, instituiu Grupo de Trabalho com o objetivo de coordenar as ações relacionadas ao evento e facilitar a interlocução com os órgãos públicos A iniciativa contribui para o alinhamento de protocolos, a elaboração de planos de contingência e a definição clara de funções e responsabilidades durante a operação.
O planejamento operacional do Comando Operacional Conjunto Marajoara segue até o dia 17 de Junho, no Quartel General Integrado (QGI) do Comando Militar do Norte. Após este momento de integração e alinhamento, cada Força Competente realizará o seu planejamento tático da área que The compete. O objetivo é garantir a ordem, segurança e salvaguarda da população brasileira por ocasião da COP-30.