
Nos dias 06 a 08 de junho foi realizada a Feira do Cacau e Chocolate Amazônia e Flor Pará, no Hangar – Centro de Convenções. Este foi o primeiro evento de produção sustentável antes da COP-30, sendo também o maior evento sobre cacau sustentável de toda a região amazônica. No último dia de feira, centenas de visitantes estiveram presentes para conhecer e prestigiar os produtores paraenses.
Organizada pelo Governo do Pará e pelo Sistema Faepa/Senar, a feira reuniu expositores, marcas regionais, nacionais e internacionais, além de uma programação técnica com palestrantes renomados. A ideia era ampliar a discussão sobre produção sustentável, inovação e bioeconomia.
Natural de Medicilândia, no sudoeste do Pará, a Cacauway participa da Feira do Cacau e Chocolate Amazônia desde a primeira edição, por volta de 2012. Fruto da união de 40 produtores de cacau da agricultura familiar, que criou a Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans), ela é a primeira fábrica de chocolate do estado do Pará, produtora de mais de 120 produtos feitos do cacau.
Em mais um ano, a Cacauway investiu em novidades, desta vez, pensando na COP-30. Como aposta, foi criado o chocolate Janelas da Amazônia que foca nos sabores regionais com uma embalagem que estampa os pontos turísticos, como a Casa das Onze Janelas e o Mercado de São Brás. Para o cooperado Massao Shimon, a feira foi uma oportunidade para mostrar o potencial da marca durante a Conferência das Nações Unidas.
“A gente tem sete chocolates voltados para nossa capital. A gente sempre vem buscando essa ligação entre interior e capital para atender o público de Belém e quem visita a cidade. Esse evento é uma vitrine para nós, para mostrarmos às autoridades no que estamos trabalhando, o nosso potencial. Não só nós, mas qualquer um da Transamazônica que está preparado para produzir e apresentar o que temos de melhor, que é o nosso cacau do estado do Pará. Não é à toa que Medicilândia ganhou ouro e prata em 2023 como o melhor cacau do mundo. Então, a gente tem o que apresentar em termos de chocolate para quem vier visitar Belém durante a COP”, garantiu.
Visitantes e a Experiência na Feira
Foi a primeira vez que Camila Namy Goto, de 26 anos, visitou o evento Feira do Cacau e Chocolate Amazônia. De viagem marcada para Brasília, ela chegou ao evento com um foco em mente: os chocolates artesanais paraenses. A intenção era presentear os amigos da capital brasileira que nunca estiveram no estado do Pará. A diversidade de tipos e produtores do chocolate foi o que mais chamou atenção da arquiteta.
“Eu vim para comprar chocolate para dar de presente para amigos, porque daqui a pouquinho eu vou viajar para Brasília, vou encontrar muitas pessoas que nunca vieram aqui no Pará. Eu pensei nessa feira como uma oportunidade perfeita para comprar os chocolates artesanais da nossa região, que é rica em cacau. Aqui tem muita diversidade de produtores. Tem uma lojinha que acabei de ver chocolate feito da semente do cupuaçu e eu achei muito diferente. Eu estou chocada com a diversidade e com a criatividade de todos os produtores daqui”, disse a arquiteta.
A Flor Pará e os Produtores Locais
O Viveiro Rancho Fundo é um dos fundadores e expositores da Feira Flor Pará, da qual participam há 18 anos. Com produção própria, proveniente do distrito de Benfica, em Benevides, o stand contava com uma diversidade de plantas, incluindo os coloridos bougainvilles, ervas medicinais e espécies ornamentais. Segundo o proprietário Sandro Moraes, de 58 anos, os três dias de evento foram bem rentáveis, além de proporcionar ainda mais visibilidade ao trabalho dos floricultores locais.
“A gente participa desde a primeira Feira Flor Pará, na época do meu pai, que foi um dos criadores. Participamos justamente para fomentar esse mercado e fazer com que os produtores locais ficassem conhecidos pela produção deles para que isso pudesse ajudar as famílias. Hoje, o Rancho tem uma proporção diferente, porém estamos sempre juntos dando força para todo mundo, todo mundo se ajudando. Os três dias foram bem prazerosos e rentáveis para o nosso segmento, que fazemos produção própria”, relatou Sandro.
Anualmente, Renilson Velasco, 38 anos, comparece em pelo menos um dia à Feira Flor Pará. Focado nas promoções do último dia de evento, ele levava pelo menos três espécies de vegetais diferentes. Para ele, o evento é uma oportunidade para encontrar variedade de plantas de difícil comercialização.
“Eu to levando uma variante do que chamam de Primavera, uma Renda portuguesa e tem uma muda de Pau-Brasil. São plantas que normalmente são difíceis de encontrar para vender. Só de Rosa do Deserto eu tenho umas 150 em casa, de Primavera deve ter umas vinte. Para mim, cuidar de planta é uma terapia, tu esquece dos problemas, esquece de tudo. Então, eu comecei vindo com a minha sogra, minha esposa, e hoje já estou levando as minhas próprias plantas”, finalizou o funcionário público.
Dados e Destaques da Produção
Dados do Cacau
Atualmente, o Pará conta com 32 mil produtores ativos de cacau, distribuídos por 229.175 hectares de área plantada, dos quais 169.655 hectares já estão em plena produção. Esse desempenho robusto gerou uma arrecadação de R$ 358 milhões em ICMS, evidenciando a força econômica da cadeia cacaueira no estado.
Flor Pará
A programação do evento também deu destaque à cadeia produtiva das flores amazônicas. A Feira Flor Pará valoriza o crescimento da floricultura na região, com ênfase no cultivo de espécies nativas como antúrios, helicônias e orquídeas, desenvolvido tanto por grandes produtores quanto por agricultores familiares. Essa atividade representa uma alternativa promissora de investimento e geração de renda.
Segundo dados da SEDAP e do último Censo do IBGE, em 2022 a cadeia produtiva da floricultura paraense movimentou mais de R$ 6 milhões, consolidando-se como um importante segmento da bioeconomia local.
Sustentabilidade como diferencial competitivo
Mais do que volume, o cacau paraense se destaca pelo modelo de cultivo adotado, que combina alta qualidade com responsabilidade socioambiental. Entre os principais pilares da produção sustentável estão:
- Sistemas agroflorestais que preservam a biodiversidade amazônica
- Cultivo orgânico e de baixo impacto ambiental
- Valorização dos saberes tradicionais das comunidades locais
- Rastreabilidade e certificações internacionais
Esses diferenciais garantem acesso a mercados mais exigentes e preços mais justos, beneficiando toda a cadeia produtiva.