Os dados mais recentes do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), apontam que o brasileiro gera, em média, 1.047 quilos de resíduos sólidos urbanos por dia, totalizando 81 milhões de toneladas ao longo do ano, em todo o país. Os números chamam atenção para os impactos do descarte incorreto desses resíduos e no potencial para prejudicar o meio ambiente e a causar danos à população. Para evitar o problema, pequenos hábitos podem começar dentro de casa.
O comediante Luciano Farinha, de 42 anos, mora na avenida Barão do Triunfo, em Belém. Ele e a família separam o lixo orgânico, como restos de comida, cascas de frutas e legumes, do que pode ser reciclado, como garrafas plásticas e outros itens. “Colocar o lixo no horário certo também é importante. Aqui na rua tem gente que joga sacolas fora do horário da coleta e os cachorros passam, rasgam e fica uma sujeira”, lamenta. Os impactos da prática não se limitam ao bairro. A Associação Internacional de Resíduos Sólidos mostra que 80% do lixo encontrado no mar tem origem nas cidades. No Brasil, 2 milhões de toneladas desses resíduos por ano chegam aos oceanos, volume equivalente a encher 7 mil campos de futebol.
A conscientização coletiva sobre os prejuízos do descarte incorreto é uma grande aliada para combater o problema. O feirante Ivan Silva, 61, trabalha com venda de frutas na feira da Bandeira Branca, no bairro do Marco. Ele conta que cada um dos permissionários tem uma vassoura e pá para juntar o lixo. “Casca de banana quando cai a gente junta para evitar que uma pessoa idosa caia, pois vem muitos idosos na feira. Cada um fazendo sua parte dá para manter a cidade limpa, pelo menos 90%”. Apesar do esforço, nem todos têm a sensatez de Ivan. “Quando alguém joga lixo a gente alerta, mas em alguns que ficam com raiva e dizem que não somos prefeitos. Tem muita gente mal educada que não tem consciência que uma cidade limpa beneficia todos nós”, desabafa.
Quem trabalha na linha de frente da limpeza urbana dá um puxão de orelha: “às vezes a gente limpa um pedaço, vem uma pessoa logo atrás e joga lixo. O povo não tem aquele cuidado de jogar na lixeira, é no chão mesmo, lata, papel, tudo. Tem a lixeira, mas o povo quebra, não sabe manter”, afirma Jorgemar Sena, 62, gari da Ciclus, empresa responsável pela gestão dos resíduos sólidos em Belém. Ele atua na profissão há 20 anos e atualmente faz o roteiro de limpeza das feiras. Segundo a prefeitura da capital, desde janeiro deste ano foram instaladas cerca de mil lixeiras em pontos estratégicos da cidade.
Além do benefício ao meio ambiente, a separação correta de resíduos pode gerar renda para dezenas de famílias. Toda segunda-feira na avenida Marquês de Herval, Rosângela Fonseca, 24, faz a triagem dos objetos que são fruto do trabalho de coleta seletiva realizada pela Associação dos Recicladores das Águas Lindas, no bairro da Pedreira. “Todo lixo é separado e daqui é levado para o galpão. Isso ajuda no sustento e na renda das nossas famílias, mas ainda tem gente que prefere jogar fora”, pontua. A cooperativa distribui informativos e conscientiza os moradores do entorno sobre os impactos positivos da coleta seletiva.
Uma das moradoras que faz a separação correta é Mariana Barreto, 58. Além de arrumar cada sacola com os materiais – papel, vidro e plástico -, ela exerce a cidadania ajudando na limpeza na calçada na frente de casa. “Os moradores varrem e recolhem para não deixar cair no canteiro. Depois o carro da coleta vem e leva. O problema é que tem gente que joga lá no início da rua e a água vem trazendo até o bueiro”, explica.
A Secretaria de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel), aponta que só nos primeiros quatro meses deste ano, mais de 180 mil toneladas de lixo irregular foram recolhidas de ruas, canais e espaços públicos. Entre as remoções estão sofás, geladeiras, pneus, animais mortos e até carcaças de veículos.
Serviço
l O cidadão flagrado descartando lixo ou entulho em locais públicos está sujeito a punições previstas no Código de Posturas do Município, além das sanções da Lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Para destinação responsável desses objetos, a gestão municipal de Belém oferece alternativas como:
l Ecoponto do Parque São Joaquim, localizado na rua Sol Nasce Para Todos com a travessa Alferes Costa.
l Disque Entulho: serviço gratuito que coleta até um metro cúbico de resíduos inertes por pessoa, mediante agendamento.
l Para solicitar serviços ou tirar dúvidas, o morador pode acionar o WhatsApp da Sezel: (91) 98405-3100, disponível em dias úteis, durante o horário comercial, com menu interativo para facilitar o atendimento. A coleta é feita pela concessionária de limpeza, com prazo de até três dias úteis para o agendamento.
Confira os dias e horários da coleta de resíduos domiciliares em Belém
l Turno da noite (a partir das 19h) – de segunda-feira a sábado
Campina, Reduto, Umarizal, Pedreira, Souza, Marambaia, Fátima, Nazaré, Cruzeiro, Ponta Grossa
l Turno da manhã (a partir das 7h) – segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira
Sacramenta, Miramar, Pratinha, Barreiro, São Clemente, São João do Outeiro, Itaiteua, Maracajá, Vila, São Francisco, Marahu, Paraíso, Bonfim, Ariramba
l Turno da manhã (a partir das 7h) – terça-feira, quinta-feira e sábado
Curió-Utínga, Aurá, Águas Lindas, Maracacuera, Una, Praia Grande, Farol, Mangueiras, Baía do Sol, Sucurijuquara, Porto Arthur, Chapéu Virado, Aeroporto
l Turno da manhã (a partir das 7h) – segunda-feira a sábado
Condor, Universitário
l Turno da noite (a partir das 19h) – terça-feira, quinta-feira e sábado
Guanabara