'PENSÃO DA MADAME ZEZÉ'

De cabaré sofisticado a ruína: A saga de um Ícone de Belém

Quem passa ali pela rua Henrique Gurjão, bem na esquina com a Ferreira Cantão, no bairro da Campina, centro de Belém, hoje se depara com um casarão abandonado.

De cabaré sofisticado a ruína: A saga de um Ícone de Belém De cabaré sofisticado a ruína: A saga de um Ícone de Belém De cabaré sofisticado a ruína: A saga de um Ícone de Belém De cabaré sofisticado a ruína: A saga de um Ícone de Belém
Quem passa ali pela rua Henrique Gurjão, bem na esquina com a Ferreira Cantão, no bairro da Campina, centro de Belém, hoje se depara com um casarão abandonado
Quem passa ali pela rua Henrique Gurjão, bem na esquina com a Ferreira Cantão, no bairro da Campina, centro de Belém, hoje se depara com um casarão abandonado. Foto: Divulgação

Quem passa ali pela rua Henrique Gurjão, bem na esquina com a Ferreira Cantão, no bairro da Campina, centro de Belém, hoje se depara com um casarão abandonado e com uma placa anunciando a venda do imóvel. Mas na metade do século 20 era ali um movimentado ponto na zona de meretrício de Belém, especialmente conhecida por ser um dos cabarés mais sofisticados da região: a pensão da Madame Zezé.

Uma postagem do perfil @belemontemehoje, no Instagram, com base na tese de doutorado em História “Entre Cabarés e Gafieiras: Um estudo das representações boêmias em Belém (1950 a 1980)”, por José do Espírito Santo Dias Junior, e do artigo “Da Belle Époque à cidade do vício: o combate à sífilis em Belém do Pará, 1921-1924”, escrito por Márcio Couto Henrique e Luiza Helena Miranda Amador, relata que Zezé era conhecida por seu requinte e educação.

No local havia um ritual específico para os clientes: os homens eram recebidos pela Madame Zezé, que lhes entregava uma rosa. Eles então se dirigiam a uma mesa, onde aguardavam o momento de escolher uma das meninas que estavam sentadas em mesas do lado oposto. O cliente escolhia a menina que desejava e ia até ela entregar a rosa. Essa “metodologia” virou marca registrada da pensão.

A trajetória musical na Pensão

Para além do ambiente de cafetinagem, foi lá que o maestro Waldemar Henrique (1905-1995) iniciou sua carreira musical, ao lado do violinista e amigo, Moreira Gomes, seu amigo. Os frequentadores da pensão assistiram, por mais de uma vez, a dupla se apresentando por lá.

Luxo e contraste na Zona de Meretrício

A pensão da Madame Zezé era considerada das mais luxuosas da zona do meretrício de Belém, e contrastava com as casas coloniais e ruas tortuosas, com cafés e quitandas simples que haviam naquela época. Nas ruas Riachuelo e Padre Prudêncio ficam as pensões mais modestas.

Um detalhe que até pouco tempo ainda se via ali naquela região: para diferenciar as residências das pensões, algumas famílias colocavam placas na frente de suas casas com as palavras “Família” ou “Residência”.

O abandono do imóvel após a morte de Zezé

O imóvel tão cheio de histórias ficou com os filhos de Zezé após sua morte, mas posteriormente foi abandonado.