
A apresentação de Marcos Braz, ex-diretor de futebol do Flamengo-RJ, como novo executivo de futebol do Clube do Remo, foi concorrida. A sala de imprensa azulina, tradicionalmente relegada a poucos jornalistas, ontem esteve lotada de repórteres e muitos outros que foram apenas ver o antigo dirigente do Mengão. Cansado da viagem, ele está em Belém desde a madrugada de terça-feira. Talvez por isso tenha sido um pouco protocolar nas palavras, mesmo sem fugir ao seu estilo direto.
Braz deixou claro que veio para somar ao trabalho que vem sendo feito pela atual diretoria remista. Preferiu não se estender muito sobre contratações e dispensas, lembrando que não estava nem há 24 horas na cidade e que vai precisar de mais um tempo. Confirmou que o clube vai ser atuante nessa janela, mas que ela é um momento de ajustes e que a próxima que se abrir deve ser com mais movimentação no mercado. Ainda assim, destacou que o clube já fez uma contratação e que pode fazer outras.
Por fim, Braz salientou sua relação com a capital paraense, que segundo ele vem de muito antes, além do futebol, e que veio para Belém pensando apenas em futebol, em nada mais.
Preocupação com a logística
“O que trago ao Remo é o meu empenho, meu trabalho, minha transparência com os fatos. Às vezes sou um pouco mal interpretado quanto a isso, mas não vou mudar. A gente deixa essas situações bem claras, no dia a dia, com essa relação com a imprensa, diretoria e jogadores. O que posso prometer é isso, é a minha experiência, os bons momentos vividos no futebol brasileiro e relações. Serei mais um a contribuir com o Remo, com o presidente, para que possamos conseguir o objetivo [acesso], pela história do clube, pela grandeza da torcida. E é uma pena estarmos no meio da temporada. Isso não é desculpa, é apenas um ponto que tenho que pontuar, mas vamos trabalhar, superar essas adversidades. Tenho uma preocupação muito grande com a logística, não pelo clube, mas sim pela geografia. Acho que vamos superar e, se Deus quiser, conseguir o grande sonho que é retornar à elite do futebol brasileiro”.
Relação com Belém
“Queria deixar claro que tenho uma relação antiga com o estado do Pará. Podem achar que estou falando isso para parecer politicamente correto, mas, quem me conhece, sabe que não iria fazer isso. Tenho amigos aqui que não são da diretoria do Remo, são amigos antigos. Sempre tive uma relação com a cidade, o estado, sempre vim para cá. Claro, eu não era conhecido, passava batido, mas as últimas vezes já foram diferentes. A grandeza do projeto e, principalmente, as pessoas envolvidas, o presidente Antônio Carlos e sua diretoria, da qual venho conhecendo e alinhando para que possamos ter o objetivo alcançado no final do ano”.
Na alegria e na tristeza
“Queria relembrar algo importante. Eu trabalhei em ‘dois Flamengos’. Trabalhei no Flamengo todo poderoso e trabalhei lá atrás. Graças a Deus, o lá de cima ajudou. Foi em 2009, era outro orçamento, mas fomos campeões brasileiros, depois de 18 anos. Eu trabalhei na adversidade no Flamengo, com salários atrasados, com situações adversas. Quem vê minha imagem atrelada somente ao Flamengo robusto, com orçamento poderoso, não conhece o Marcos Braz que lá atrás não poderia gastar muito em relação à aquisição. Eu acho que tenho experiência nessa adversidade, não que estejamos nesse estágio aqui, o Remo está com salários em dia, todos os custos em ordem, mas para quem acha que só trabalhei em um só tipo de Flamengo está enganado. Isso não é verdade. Estou acostumado a trabalhar em qualquer tipo de mercado”.
Busca por reforços para o Remo
“Temos que tomar cuidado quando falamos de posições, pois aqui atrás temos jogadores e estão prestando atenção no que a diretoria fala. O que eu posso falar é que o presidente e a diretoria, vão cobrar que o Remo tenha uma musculatura maior, em setores em que está bem, melhorar mais ainda. É em cima disso que vamos trabalhar, porém, estamos analisando o que pode ser feito. Já estamos analisando o que podemos fazer. Essa janela é de ajustes, curta, de 10 dias, em que você tem daqui a um mês uma janela mais extensa. Então, vamos analisar o que vamos fazer nesse primeiro momento e o que iremos fazer em um segundo momento. Vamos fazer as contratações com calma, tranquilidade, porque existe uma excepcionalidade nesse ano, que existe uma segunda janela um pouco mais na frente. Então, será cirúrgica essa primeira janela, para que a gente não traga jogadores que não vão responder dentro de campo”
Sem projeto político
“Eu não tenho nenhum projeto, deixar claro aqui, porque senão começa um monte de conversa fiada. Não tenho nenhum projeto político aqui, eu não estou a serviço de nenhum projeto político aqui. Eu estou a serviço do Remo, da instituição, para que a gente possa tirar os melhores resultados possíveis para os objetivos. Deixar claro também que eu não ia colocar em risco as minhas credenciais no futebol para vir para qualquer instituição que eu não fosse exercer com a clareza e tranquilidade. Mas eu vou deixar, aproveitando a tua pergunta, deixar o seguinte: mesmo sendo vereador e estando numa posição única do Flamengo, o Flamengo foi campeão da Libertadores, foi campeão brasileiro e foi campeão da Supercopa. Então, assim, acho que não atrapalhou muito, não”.
Ajuda na engrenagem do Remo
“Aqui existe um departamento de análise de desempenho que está mapeando, tanto que chegou o Matheus Davó para encorpar mais o elenco pro resto do campeonato. A diretoria já vem trabalhando e eu apenas estou chegando para acelerar o processo junto com eles. Vou entender melhor, vou analisar, vou conversar com o presidente, com a diretoria, para dar a minha opinião, aqui quem manda não sou eu, quem manda é a diretoria, quem manda é o presidente. É claro que eu tenho um tamanho dentro do futebol, vou fazer os encaminhamentos, mas não sou eu quem manda. Não tem promessa de Série A, não tem promessa absolutamente de nada em relação a o que eu posso fazer. O que posso fazer é uma promessa de comprometimento, uma promessa de trabalho em que eu vou fazer o máximo para que a gente possa participar de uma maneira efetiva e contribuir num projeto que já está aqui em andamento, que é o projeto de acesso”.