PROGRAMAÇÃO

Circular foi a pedida de passeio no bairro da Cidade Velha

Neste domingo, dia 1º, aconteceu a 56ª edição do Circular Campina Cidade Velha, que trouxe uma programação bem rica, diversificada e gratuita

Circular foi a pedida de passeio no bairro da Cidade Velha Circular foi a pedida de passeio no bairro da Cidade Velha Circular foi a pedida de passeio no bairro da Cidade Velha Circular foi a pedida de passeio no bairro da Cidade Velha
Oficina aproximou o público do universo da fotografia, com a construção de uma câmera escura FOTO: celso rodrigues
Oficina aproximou o público do universo da fotografia, com a construção de uma câmera escura FOTO: celso rodrigues

Neste domingo, dia 1º, aconteceu a 56ª edição do Circular Campina Cidade Velha, que trouxe uma programação bem rica, diversificada e gratuita  pelas ruas, praças, museus e espaços culturais que fazem parte da rede de parceiros do projeto.

A programação ofereceu atividades para pessoas de todas as idades em três bairros históricos de Belém: Campina, Cidade Velha e Reduto. Foi uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre a cultura, a arte e a gastronomia da região. O projeto é realizado pela Associação Circular, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura e patrocínio do Banco da Amazônia.

Nesta edição há muitas novidades. O grupo Urban Sketchers Belém realizou seu primeiro “Sketch Walk”, acompanhando o Roteiro Geo Turístico, no bairro da Cidade Velha, com paradas para registros artísticos dos participantes. A concentração foi em frente a Casa das Onze Janelas. O percurso incluiu oito pontos históricos e terminou com uma exposição espontânea dos desenhos realizados.

O artista Humberto Castro, que faz parte do grupo Urban Sketchers Belém, explicou um pouco sobre o que o grupo faz. Ele disse que o grupo se encontra a cada duas semanas para desenhar, sempre observando o que está ao redor.

“Pela primeira vez, estamos participando de uma atividade mais longa, onde não ficamos parados em um só lugar desenhando. Em vez disso, caminhamos junto com o pessoal do roteiro, ouvindo tudo o que for importante e aprendendo enquanto desenhamos e registrando o que quisermos — seja a arquitetura, as pessoas ou até uma bicicleta que esteja por perto”, diz.

Ele comenta que a iniciativa existe desde 2017. “Somos uma ONG de alcance global, e aqui em Belém temos o capítulo do Urban Sketchers Belém, que reúne desenhistas urbanos. A partir de 2023, depois da pandemia, realizamos encontros quinzenais em diferentes lugares da cidade. Esses encontros são abertos a pessoas de todas as idades e não exigem nenhum tipo de técnica específica. Não é preciso ser estudante de arte ou arquitetura, por exemplo. Cada pessoa pode usar o seu próprio estilo e traço. Nosso objetivo é oferecer um espaço para praticar o desenho, independentemente do nível de experiência ou formação artística”, esclarece.

As estudantes Isabela Costa, de 17 anos, e sua irmã Laura Costa, de 20 anos, aproveitaram bastante a programação. Elas têm um gosto especial por atividades culturais. “A gente gosta muito dessas programações culturais, mas essa foi a nossa primeira vez nesse roteiro turístico. Eu estudo arquitetura, e acho que isso enriquece bastante nossa formação. Sempre que surge alguma oportunidade de participar de eventos assim, achamos muito importante, porque acrescenta bastante para a gente”, comenta Isabela.

Na Associação Fotoativa, na Campina, aconteceu a exposição “Desacontecimentos”, de Lucas Negrão, além de diversos cursos e oficinas. Uma delas foi a oficina “Câmera escura”, ministrada pela fotógrafa Irene Almeida, na qual o público teve a oportunidade de construir uma câmera escura de forma manual. Irene explica que o objetivo da oficina é levar as pessoas a entenderem um pouco mais sobre o universo da fotografia. Ela comenta que a atividade envolve a construção de uma câmera escura, ajudando a compreender como uma imagem, que já está pronta, aparece dentro de um dispositivo.

“Ao fazer isso, as pessoas conseguem ver essa imagem através da câmera escura, que é um aparelho simples, mas muito importante para entender o funcionamento da fotografia. A ideia principal é trabalhar o lado lúdico, especialmente com as crianças”, diz Irene.

O administrador Márcio Jackson levou seu filho Tales, de 11 anos, para participar da oficina. Ele comentou: “Eu gosto de fotografia, e ele também gosta. Sempre que podemos, aproveitamos para fazer alguma coisa relacionada a isso juntos. Hoje, lembramos da programação na Fotoativa e aproveitamos para tirar a amanhã e vir aqui fazer essas oficinas com ele. Assim, a gente aprende junto.”

No Instituto Histórico e Geográfico do Pará, localizado na Cidade Velha, foram realizadas visitas guiadas às exposições Águas Turvas: Paisagens Insurgentes da Adesão de 1823 e à nova Galeria Imperial. Essas atividades fazem parte das comemorações pelos 125 anos do IHGP e pelo bicentenário da adesão do Pará à Independência. Além disso, a programação incluiu uma Oficina de collage chamada “Memória em Recortes”, destinada tanto a jovens a partir de 14 anos quanto a adultos.

A escritora e colagista Céu Passos explica que a proposta é trabalhar a criação visual usando memórias tanto individuais quanto coletivas, com foco na história e na cultura paraense. Ela conta que o convite veio do Instituto, em comemoração aos 125 anos do IHGP. Embora ela normalmente realize oficinas de forma mais restrita, neste caso houve uma inscrição recorde, tanto que precisou dividir a turma.

Céu destaca que a intenção não é usar a colagem apenas como uma ferramenta terapêutica — embora ela possa ser —, mas sim incentivar a produção artística e mostrar que a colagem é uma arte como qualquer outra. Ela lembra que artistas como Picasso, por exemplo, se inspiraram na técnica e foram pioneiros nas colagens e recortes usando diversos materiais. “O objetivo principal é reunir as pessoas em torno da arte”, diz.

A colagista Júlia Goulart, que também estava conduzindo a oficina, comentou um pouco sobre a proposta dela. Ela explicou que o trabalho foi pensado com um tema específico, voltado para a região do Pará e seus casarões, especialmente o que estão usando na oficina. Normalmente, o foco das oficinas é bastante na estética regional e nas referências que temos aqui em Belém mesmo”, informa.

Participaram da oficina o psicólogo Daniel Castro e o editor de vídeo Iago Luiz. Daniel comentou: “Foi a nossa primeira vez conhecendo tanto o espaço quanto a atividade de colagem. Vimos no Circular da cidade e ficamos muito animados, porque estamos procurando por lugares assim, de arte. Ainda mais porque, como psicólogo, também vejo a arte como uma forma de terapia.”