O domingo (25) de manhã foi de aprendizado em cultura e história pelas ruas de Belém. O historiador Michel Pinho realizou a aula pública “Caminhos do Reduto”, quando compartilhou conhecimento e curiosidades sobre um dos bairros mais antigos da cidade, destacando a beleza do patrimônio e importância desse lugar para a capital paraense.
Cerca de 500 pessoas participaram da atividade. A concentração foi na esquina da avenida Assis de Vasconcelos com a travessa Gaspar Vianna, seguindo pela travessa Piedade, rua 28 de Setembro, avenida General Magalhães, rua Gaspar Viana, travessa Rui Barbosa, rua Senador Manoel Barata, travessa Quintino Bocaiúva e finalizando na rua Municipalidade.
“Como a aula é inédita, eu tenho um desejo que as pessoas passem a olhar para outros bairros importantes da cidade pelas suas especificidades”, diz Michel Pinho.
Projetado para ser uma estratégia de defesa em meados do século XVIII, o bairro do Reduto foi o local escolhido por empresários para a operação de diversas fábricas. Entre algumas das mais conhecidas está a Pará Electric, que ajudou no processo de iluminação de Belém.
No percurso da aula, o professor conduziu o público pelas construções e ruas, trazendo histórias como a da antiga Fábrica Perseverança, que era produtora de cordas, sacas e produtos congêneres, onde hoje funciona uma universidade na rua Municipalidade. Michel Pinho também falou da aliança industrial e das vilas operárias no Reduto.
“A escolha do bairro é para nós pensarmos a indústria como um processo constitutivo da economia paraense e também de Belém. É porque você tem uma quantidade muito significativa de galpões de indústrias que fizeram parte do crescimento econômico do estado no início do século XX. E além disso há a presença muito forte de operários nas vilas e nas casas ao redor”, descreve o historiador.
Conforme ressalta Ana Cláudia Moraes, gerente executiva de cultura do Sesi Pará, instituição parceira do evento, a aula tem bastante valor simbólico porque foi realizada no Dia da Indústria (25/05). “É um bairro muito significativo. Em 1920 era o maior bairro industrial do País. A aula deste domingo é uma forma de conhecermos mais sobre o nosso patrimônio e valorizarmos nossa história, levando conhecimento para as pessoas”.
O público participante estava curioso com as histórias contadas pelo professor Michel Pinho, como a engenheira ambiental Hellem Rodrigues, 28. Amante de cultura e história, a engenheira fez questão de acordar cedo ontem para chegar a tempo para aproveitar o evento em todos os momentos, e aprender bastante sobre o bairro do Reduto. “Estou participando pela primeira vez de uma atividade assim em Belém. É uma forma de aprendermos mais sobre a cidade”, comenta.
Motivada pela curiosidade e interesse em conhecer melhor as particularidades de Belém, a assistente administrativa Nathalya Martins, 24, afirma que gosta bastante de conhecer a cidade onde mora para ter sempre mais conhecimentos sobre Belém.
Além do evento de ontem, Martins costuma ir também em outras programações que envolvam atividades semelhantes na capital paraense. “É uma forma de compreender mais os passos que a cidade deu até chegar nos dias de hoje”, ressalta.
Reduto
Uma das curiosidades do bairro do Reduto tem a ver com o processo de crescimento da cidade. “Tem a história da rua 28 de Setembro, que é uma rua ligada ao movimento abolicionista. Tem a doca do Reduto que foi urbanizada também para o processo de crescimento comercial da cidade. O desenvolvimento da companhia de iluminação que hoje é uma academia, e ainda tem a formação dos galpões que utilizavam não só para fazer corda e juta, mas também ferragem de maneira geral”, explica Michel Pinho.