Sebastião Salgado, um dos fotógrafos mais consagrados do mundo, faleceu nesta sexta-feira (23/5), aos 81 anos. Reconhecido por seu olhar humanitário e por retratar conflitos, crises e paisagens com intensidade e sensibilidade, Salgado se preparava para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém, capital do Pará.
O fotógrafo planejava apresentar uma exposição especial com 255 imagens gigantes sobre a Amazônia, projeto que vinha desenvolvendo com afinco nos últimos anos. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, concedida em fevereiro de 2024, ele compartilhou seu entusiasmo pela mostra e refletiu sobre o futuro do planeta.
“Sou pessimista em relação à humanidade, mas otimista em relação ao planeta. O planeta vai se recuperar. Está cada vez mais fácil para o planeta nos eliminar”, declarou na ocasião.
Salgado dedicou grande parte da vida à documentação de guerras, revoluções, pobreza e devastação ambiental, mas também à restauração da natureza. Ao lado da esposa, Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, que atua na recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. “Começamos com um viveiro de 25 mil árvores, depois passamos a 125 mil. Hoje temos capacidade para 550 mil mudas por ano, e no próximo ano, queremos chegar a 2 milhões”, afirmou.
O fotógrafo enfrentava há anos problemas de saúde decorrentes de uma malária contraída na Indonésia nos anos 1990. Além disso, convivia com uma condição sanguínea rara e sequelas de um acidente em Moçambique, onde sofreu ferimentos causados por uma mina terrestre durante a cobertura da Guerra de Independência, em 1974.
Menos de um mês antes de sua morte, Salgado relatou estar testando um novo tratamento que, segundo ele, havia lhe dado mais disposição. A entrevista foi publicada pela Folha de S.Paulo.
Legado e Reconhecimento
Sebastião Salgado ganhou notoriedade internacional nos anos 1980 com sua icônica série de imagens da Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, no Pará. Suas fotografias em preto e branco marcaram época e elevaram seu nome ao panteão dos grandes mestres da fotografia documental.
Ele deixa a esposa Lélia, com quem dividiu a vida e a arte, dois filhos — Juliano e Rodrigo — e dois netos, Flávio e Nara.