CRÍTICA E HUMOR

Projeto de teatro ocupa bairros da periferia de Belém

Cia. de Teatro Madalenas leva o espetáculo “Fashion Fake – a roupa quase nova do rei” à Vila da Barca, Icoaraci, Sacramenta e Cabanagem de 24 a 29 de maio

Projeto de teatro ocupa bairros da periferia de Belém Projeto de teatro ocupa bairros da periferia de Belém Projeto de teatro ocupa bairros da periferia de Belém Projeto de teatro ocupa bairros da periferia de Belém
Espetáculos serão encenados de 24 a 29 de maio. Foto: Divulgação
Espetáculos serão encenados de 24 a 29 de maio. Foto: Divulgação

A Cia. de Teatro Madalenas inicia, a partir do dia 24 de maio, uma circulação especial pelas periferias da Grande Belém com o espetáculo “Fashion Fake – a roupa quase nova do rei”, uma adaptação irreverente e crítica do clássico conto “A nova roupa do rei”, de Hans Christian Andersen.

Serão seis apresentações gratuitas em cinco dias, ocupando praças, avenidas e centros culturais de bairros como Vila da Barca, Icoaraci, Sacramenta e Cabanagem. O projeto foi contemplado pelo Edital 2024 de Multilinguagens da Lei Aldir Blanc (PNAB – Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura).

“A gente acredita que cultura é um direito e que ela precisa estar onde o povo está”, afirma o ator e dramaturgo Leonel Ferreira, integrante da Cia. Madalenas. “As pessoas que vivem na periferia muitas vezes não acessam os equipamentos culturais do centro da cidade. Levar teatro às ruas desses territórios é devolver à população aquilo que é dela.”

Criado durante a pandemia, “Fashion Fake” parte de uma crítica ao cenário político dos últimos anos, com foco no uso das fake news, vaidade e omissão do poder público. Ambientado na fictícia Brasilândia, o espetáculo acompanha um rei preocupado apenas com suas roupas, enquanto o povo lida com as dificuldades cotidianas.

“É uma sátira que usa o riso para refletir sobre consumo, moda e desigualdade. E fazer isso na rua, no contato direto com o público, não tem preço”, diz Leonel.

A Trajetória da Cia. de Teatro Madalenas

Fundada há cerca de 25 anos, a Cia. de Teatro As Madalenas é um dos grupos teatrais mais atuantes e combativos da cena cultural de Belém do Pará, com uma trajetória marcada pela fusão entre arte e engajamento social, humor e crítica, teatro popular e intervenção urbana.

Desde suas origens, a companhia se posiciona artisticamente com forte presença nas periferias da cidade, tanto através de projetos sociais quanto por meio da escolha consciente de ocupar espaços alternativos ao palco tradicional — como praças, escolas, comunidades ribeirinhas e ocupações culturais.

A Poética Construída nas Margens

Embora ensaie e mantenha parte de suas atividades no centro de Belém do Pará, grande parte do elenco e da equipe das Madalenas vem de bairros periféricos como Guamá, Jurunas, Canudos, Coqueiro e Guajará. Essa origem coletiva molda o olhar da companhia e o compromisso com temas sociais, questões de classe, identidade amazônica e valorização da cultura popular.

“Somos filhos e filhas de trabalhadores. Nossos corpos, nossas histórias, nos conectam com a cidade real, com os territórios de onde viemos. E o nosso teatro parte desse lugar”, afirma Leonel.

Apresentações e Reencontros

A primeira apresentação será na Vila da Barca, um território ribeirinho e símbolo de resistência e mobilização cultural. A escolha do local para abrir a temporada é emblemática para o grupo, que tinha uma apresentação marcada na comunidade em 2020, adiada pela pandemia.

“Estamos em débito com a Vila da Barca. Agora é a hora do reencontro. É um território de luta, e o nosso teatro está com eles”, afirma Leonel, destacando ainda a participação do músico e liderança comunitária Pawer Martins, morador da Vila e integrante do espetáculo.

O espetáculo segue seu percurso até dia 29 de maio, com apresentações em Icoaraci, Sacramenta e Cabanagem. Além de Pawer e Leonel, o elenco reúne artistas das companhias As Madalenas, Grupo Folhas de Papel e Casarão do Boneco, entre eles AJ Takashi, Taís Sawaki, Juliana Tourinho, Marta Ferreira e Diego Vattos. A direção é assinada por Adriana Cruz.

Programação Completa

24/05 (19h) – Vila da Barca (Telégrafo)

25/05 (19h) – Estação Cultural de Icoaraci

27/05 (19h) – Praça Eduardo Angelim (Pedreira)

28/05 (19h) – Praça Eduardo Angelim (Pedreira)

29/05 (10h e 15h) – Usina da Paz (Cabanagem)

Todas as apresentações são gratuitas, abertas ao público e contarão com intérpretes de Libras.