E A MORTE OS SEPAROU

Unidos até o fim: casal morre no mesmo dia após 77 anos de amor

Um casal que viveu junto por quase oito décadas morreu no mesmo dia. Odileta e Paschoal estiveram juntos por 77 anos.

Um casal que viveu junto por quase oito décadas morreu no mesmo dia. Odileta e Paschoal estiveram juntos por 77 anos.
Um casal que viveu junto por quase oito décadas morreu no mesmo dia. Odileta e Paschoal estiveram juntos por 77 anos. Foto: Arquivo Pessoal

O desfecho de um dos romances mais emocionantes da literatura se repetiu na vida real: um casal que viveu junto por quase oito décadas morreu no mesmo dia, com apenas dez horas de diferença. A história de Odileta Pansani de Haro, de 92 anos, e Paschoal de Haro, de 94, comoveu o Brasil e remete ao clássico “Diário de uma Paixão”, cuja adaptação para o cinema retrata um amor que vence o tempo — e a morte.

Moradores de Votuporanga, no interior de São Paulo, Odileta e Paschoal estiveram juntos por 77 anos, sendo 74 deles oficialmente casados. Eles se conheceram na década de 1940, na Praça da Matriz. Na época, ela tinha 15 anos e viera de Mirassol; ele, com 16, era da cidade. O encontro aconteceu de forma inusitada: enquanto girava uma correntinha no ar, Paschoal a deixou escapar — e o objeto caiu no braço de Odileta. A partir daí, nasceram as conversas, as trocas de cartas e o namoro.

O casamento ocorreu em 15 de abril de 1951, na fazenda dos pais de Odileta, justamente no dia em que Paschoal completou 20 anos. Juntos, tiveram seis filhos. A filha mais velha, Sílvia, morreu aos 33 anos, vítima de leucemia, mas a dor não os separou — ao contrário, fortaleceu ainda mais a união e a família.

Paschoal trabalhou durante anos em lojas de tecidos e calçados. Odileta cuidava da casa e fazia questão de manter a tradição dos almoços em família aos domingos. Todo 15 de abril era marcado por uma grande festa, pois além de celebrar o casamento e o aniversário de Paschoal, também era o dia da primeira neta e da primeira bisneta.

Nos últimos anos, Odileta foi diagnosticada com Alzheimer, o que limitou os encontros familiares. Em 2023, Paschoal descobriu um câncer no intestino. Em tratamento paliativo, seu maior temor era partir e deixar a esposa sozinha. “Ele pedia a Deus para que levasse ela antes — e no mesmo dia”, contou o filho Luciano de Haro, de 63 anos.

No dia 17 de abril, o desejo se concretizou. Odileta morreu às 7h; Paschoal faleceu às 17h. Foram velados juntos, na mesma sala, e enterrados no mesmo dia. Ela primeiro, como ele havia pedido. Deixaram cinco filhos, seis netos e quatro bisnetos.