A história de Azmavete de Almeida, de Belém (PA), é daquelas que inspiram pela força, resiliência e fé. Mãe pela primeira vez aos 13 anos, ela enfrentou uma série de desafios ao longo da vida — mas nunca deixou de sonhar. Em 2024, aos 42 anos, conquistou o tão desejado posto de comissária de bordo da Azul Linhas Aéreas, empresa onde começou sua trajetória profissional como agente de aeroporto.
“Vocês não sabem o que é vestir o uniforme e saber que você é uma comissária. Ainda não caiu a ficha, mas os meus sonhos estão só crescendo”, afirma, emocionada.
Uma paixão despertada nos bastidores da aviação
Tudo começou em 2015, quando Azmavete conseguiu seu primeiro emprego em uma empresa terceirizada que fazia limpeza de aeronaves. Foi observando de perto a rotina das comissárias que ela se encantou pelo universo da aviação.
“Uma delas me disse que estava cansada, mas que amava o que fazia. Aquilo me tocou. Passei a observar com outros olhos o que significava ser comissária”, lembra.
Após ser demitida, tentou outros caminhos, como o trabalho em supermercado, mas a aviação continuava chamando mais alto. Durante a pandemia, usou a indenização para pagar um curso online de comissária, mas teve que interromper a formação para cuidar da mãe, que havia sofrido um acidente.
Foi quando viu, no céu, um avião da Azul — o “Bandeirão” — e interpretou como um sinal divino para não desistir.
Ajuda, persistência e reconhecimento
Motivada pela filha Daiane, que já trabalhava na Azul como agente de solo, Azmavete se inscreveu para uma vaga na mesma área em Campinas (SP), um dos principais hubs da companhia. Sem dinheiro nem onde ficar, contou com a empatia de uma tripulante que a acolheu em sua casa.
“Essa ajuda foi fundamental para que eu conseguisse seguir com o processo”, conta.
Depois de conquistar a vaga e passar pelo período de experiência, veio uma nova oportunidade: a Associação Voar, da própria Azul, abriu inscrições para financiar a formação de novos comissários. Inicialmente, Azmavete não atendia aos requisitos, mas um novo comunicado interno permitiu a participação de todos os tripulantes. Ela se inscreveu e passou por todas as etapas.
A chegada do ônibus azul: a aprovação surpresa
A notícia da aprovação foi inesquecível. Um ônibus da Azul chegou em sua casa, trazendo a diretora de Comissários e a diretora de Operações da empresa para dar pessoalmente a boa nova.
“Foi uma festa! Todo o curso, transporte e alimentação foram custeados pela Azul. Concluí com êxito a etapa que anos atrás não consegui realizar”, celebra.
Sonhos que não param de voar
Formada em março de 2025, Azmavete agora tem novos objetivos: aprender inglês para se tornar comissária internacional.
“Fui mãe aos 13, 14, 16 e 19 anos. Três dos meus filhos trabalham na Azul. Hoje sou avó. Já fui muito desmotivada, mas segui com fé e com a força dos meus filhos. A Azul confiou em mim e agora sou só gratidão”, conclui.