
Foi uma decisão no melhor estilo raiz. Um Re-Pa como nos velhos tempos românticos, com raça e transpiração do começo ao fim, fazendo a alegria da massa torcedora. Mais de 47 mil pessoas foram ao Mangueirão acompanhar a segunda partida da decisão de 2025. E deu Leão em jogo emocionante e equilibrado, com vitória bicolor no tempo normal por 1 a 0 e triunfo final azulino por 6 a 5 nas penalidades.
O Domingo das Mães foi também de dedicação e reverência ao clássico-rei. Por todos os recantos do Estado, o assunto preferencial era o Re-PaMa. Belém parou para acompanhar a grande final.
Quando a bola rolou, as emoções afloraram ainda mais. O PSC, que precisava da vitória, partiu com tudo para cima da zaga azulina, mas não acertou o pé. Leandro Vilela foi o primeiro a tentar, mas a bola passou longe. Pedro Rocha, o artilheiro remista na Série B, perdeu chance ainda melhor, errando na finalização, aos 10 minutos.
Entre os 16 e os 20 minutos, o Papão botou pressão, com Benitez e Vilela, mas a bola insistia em parar na zaga ou sair por cima da trave. Em resposta, Janderson foi lançado entre os zagueiros e cruzou para o cabeceio de Pedro Rocha. Matheus Nogueira saltou e evitou o gol.
Para aflição dos azulinos, Janderson foi atingido por trás e saiu lesionado aos 30’, sendo substituído por Kadu, novamente improvisado como ala avançado, um erro que já havia castigado o Remo na quarta-feira.
Um erro de Nicolas na intermediária propiciou um contragolpe remista, puxado por Sávio pela esquerda. À entrada da área, ele chutou forte, mas Matheus Nogueira encaixou bem.
Aos 36’, uma nova blitz bicolor na área do Remo. Matheus Vargas pegou um rebote e disparou um chute rasteiro, com muito perigo. Aos 40′, Benitez pegou bola rebatida pela zaga e emendou de primeira. A bola resvalou em Kadu e saiu.
No último lance do 1º tempo, aos 48′, Pedro Rocha foi lançado na área e acertou um chute cruzado. Matheus Nogueira defendeu parcialmente e, no rebote, Vizeu tentou, mas o goleiro agarrou com segurança.
Segundo tempo e mudanças táticas
Sávio, lesionado, foi a baixa do Remo logo no início do 2º tempo. Daniel Paulista fez uma mexida que alterou a configuração da zaga. Alvariño substituiu o lateral e Marcelinho foi deslocado para o lado esquerdo e Kadu ficou na direita. Alvariño passou a atuar como terceiro zagueiro.
Aos 2 minutos, Pedro Rocha teve grande chance, após ser lançado por Pedro Castro. Sem marcação, avançou até a área, mas chutou em cima do goleiro. Aos 8′, uma oportunidade ainda mais clara: Felipe Vizeu, livre, também perdeu o gol, facilitando a defesa de Matheus Nogueira.
Aos 11′, veio o castigo. Uma bola chutada da entrada área desviou no braço de Reynaldo. O árbitro inicialmente não deu, mas confirmou no VAR e Rossi cobrou o pênalti, abrindo o placar no Mangueirão.
Na pressão para tentar o empate, Daniel Paulista substituiu Vizeu e Pavani por Adailton e Dodô. Mesmo sem organização no ataque, o Leão também achou um pênalti, aos 40’. Um chute de Adailton tocou no braço de Bryan. O próprio Adailton cobrou e Matheus Nogueira fez a defesa.
Diante do empate no placar agregado (3 a 3), o título teve que ser decidido na série de penalidades. O Remo levou a melhor por 6 a 5. Matheus Nogueira pegou o primeiro penal azulino, cobrado por Pedro Castro. Na última cobrança, Marcelo Rangel defendeu chute de Dudu Vieira e Reynaldo liquidou a fatura, garantindo a conquista do 48º título estadual.
Técnicos saem ganhando com o resultado final
Quando um campeonato termina, normalmente o técnico derrotado na final sai em situação vulnerável, cobrado pelos torcedores e sob risco de demissão. Não é exatamente o caso de Luizinho Lopes no PSC. Pelo comportamento do time nas duas partidas finais do Parazão, o treinador sai fortalecido, com o trabalho reconhecido pela torcida bicolor.
Apesar da má campanha da equipe na Série B, com apenas dois pontos ganhos e nenhuma vitória, o técnico ganhou uma sobrevida, mostrando que o time não é tão fraco quanto muitos avaliam. Obviamente, terá que reagir rápido no Brasileiro para não perder o voto de confiança do torcedor.
Nos clássicos, o PSC conseguiu equilibrar as ações em nível competitivo com o rival. Na partida de ontem, teve chances de definir, mas acabou falhando no velho problema das finalizações. Compensou, porém, a ausência de vida criativa no meio com a disposição redobrada de seus volantes Martínez, Vilela e Matheus Vargas.
O discurso de superação foi plenamente correspondido em campo. O que foi alardeado antes do jogo acabou se materializando na partida. O Remo optou por um sistema menos exposto. Buscava atrair o adversário para sair em contra-ataque. Quase deu certo, mas as falhas individuais não permitiram o aproveitamento das chances.
Daniel Paulista, ao contrário de Luizinho, parecia mais confiante na qualidade técnica de seu time. Sabia que raça e entrega eram fundamentais, mas baseou sua estratégia no entrosamento de seus jogadores. O grande problema foi a ausência de Jaderson, jogador que dinamiza a saída de bola do Remo e atua entre uma intermediária e outra.
Para piorar, perdeu Sávio e Janderson muito cedo, sendo obrigado a improvisar Kadu na frente. Demorou a lançar Adailton, que poderia ter entrado já no intervalo, mas acertou ao posicionar Alvariño ao lado de Reynaldo e Klaus, que também saiu contundido.