
Em meio às comemorações do dia do trabalhador, existem aqueles que mesmo sem a carteira assinada, lutam para garantir o sustento da família.Os chamados “autônomos” estão nas ruas, comércios e feiras e são importantes também para a economia do Estado e da capital.
No centro comercial de Belém, os vendedores informais afirmam que vender é uma verdadeira arte. Eles utilizam a criatividade para chamar a atenção dos clientes nas ruas entre carisma e o famoso “gogó”.
Regina Celia, de 63 anos, atende com um sorriso no rosto e muita simpatia em sua banquinha de embelezamento, onde trabalha há cerca de 9 anos no centro comercial. Ela oferece serviços de design e correção de sobrancelhas, além da aplicação de extensões de cílios na rua 28 de Setembro. “Eu comecei a trabalhar aqui principalmente por necessidade, estava sem opções. Já tive experiências como atendente, com carteira assinada, entre outras funções. A ideia de vir para este trabalho surgiu quando vi uma moça que trabalhava aqui no centro comercial. Pensei que poderia ser uma boa oportunidade, já que eu já fazia alguns serviços parecidos para amigas. Lembro bem do dia em que tudo começou, foi no dia 12 de junho, Dia dos Namorados”, lembra.
Ela diz que gosta do seu trabalho. “Eu realmente adoro fazer isso. Sinto-me privilegiada por poder ajudar as pessoas a saírem com sobrancelhas lindas e maravilhosas. Muitas vezes, elas chegam aqui com as sobrancelhas sem formato, cansadas da correria do dia a dia. No meio dessa agitação, elas fazem uma pausa aqui e saem se sentindo incríveis. Gosto muito dessa área de estética e meu sonho é, no futuro, ter meu próprio negócio”, diz. “Chego aqui por volta das 7h e saio às 16h; moro perto da Augusto Montenegro. Durante datas comemorativas, como o Dia das Mães, Dia dos Namorados, Natal e Ano Novo, consigo faturar mais. Esse trabalho é o meu sustento e me ajuda a cuidar da minha família”, acrescenta.
Histórias de Autônomos
Em outro ponto da rua, fica a barraca da venezuelana Lolimar Gomes, 40, que trabalha há 2 anos no local. Ela conta que por conta da economia do seu país, encontrou em Belém uma nova chance para recomeçar com a família. ”A economia e a inflação me fizeram sair do meu país. Com o dom que eu tenho para cozinhar, consigo aqui fazer minha renda e tirar o sustento para minha família, que é meu filho, meu esposo e meus pais. Eu chego aqui cedo, por volta de 6h e saio 12h. Graças a Deus, consegui uma boa freguesia, eles me chamam aqui da barraca da gringa.Quem sabe futuramente eu não abra minha lanchonete”, conta.
À frente está Reinaldo Mendes, 44, que já tem 20 anos de experiência no comércio. Ele compartilha que trabalhou com carteira assinada, mas o salário não era suficiente. Então, encontrou no centro comercial uma oportunidade de lucrar. Seu sonho é, no futuro, ter a própria loja de eletrônicos e variedades. “Aqui, consegui ajudar minha família. Meus filhos já são adultos, estudaram e tenho muito orgulho disso. Mas a realidade do comércio tem seus altos e baixos; nem sempre as vendas são boas. Mas tem meses que faturamos bem, especialmente em outubro, novembro e dezembro. É preciso saber atrair os clientes. Eu chego às 8h e saio às 15h; meu horário é flexível também”, comenta.
COMÉRCIO
Em frente à Igreja das Mercês, na rua Gaspar Viana, está o guardador de carros Wallace Brito, de 35 anos, que trabalha há 20 anos no centro comercial. “Daqui eu consigo pagar o aluguel da minha casa. Minha esposa também trabalha, mas nossa renda também depende do estacionamento. É importante ser carismático e educado. Com as obras ao redor, faço o possível para ajudar os clientes a estacionarem. Eu moro no bairro do Jurunas e chego às 7h30 e saio às 17h. Com o esforço do meu trabalho, consegui comprar uma moto”, conta ele.
A Perspectiva dos Vendedores
Yohana dos Santos, 20, voltou a trabalhar há um ano no comércio. Atualmente, ela é atendente em um box de comida no Mercado do Ver-o-Peso. Para ela, quem deseja viver uma verdadeira experiência amazônica na capital do Pará não pode deixar de visitar esse mercado. “Aqui a movimentação é intensa. Com tantas opções para os clientes, precisamos saber como atrair a freguesia; o sabor do nosso box realmente conquista as pessoas”, comenta.
Yohana afirma que seu trabalho a ajuda a sustentar sua casa, onde vive com o marido e o filho pequeno. “Aqui vem gente de todos os lugares. Com o meu trabalho, consigo ajudar minha família e estamos aos poucos conquistando nossas coisas. Mas ainda tenho muitos sonhos. Espero, no futuro, abrir meu próprio negócio, pois gosto muito da área de estética e beleza. Assim, poderei oferecer melhores condições de vida para o meu filho”, compartilha.
No box do Sebastião Gama, um senhor de 64 anos com 34 anos de experiência no comércio, conhecido como “Toca do Leão”, há uma ampla variedade de produtos. Ele oferece biscoitos de polvilho, rosquinhas, rapadura, molho de pimenta e queijos, tanto do Marajó quanto de búfala, entre outros itens. “Já trabalhei em outras áreas, mas o retorno financeiro não era bom. Por isso, decidi trabalhar com a minha família, que já tinha um ponto de venda aqui. Comecei vendendo camarão e pirarucu, e conforme fui envelhecendo, mudei os produtos que oferecia. Hoje, vendo queijos e biscoitos, além de alguns itens regionais. Consegui criar meus sete filhos, que já são adultos e têm suas próprias profissões. Sinto uma grande gratidão por tudo que conquistei ao longo dessa jornada”.
WALACE ARAUJO
YORANA CONCEIÇÃO
SEBASTIÃO- VER-0-PESO.