O Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP/PA) completa 125 anos neste sábado (3). A data serve de marco inicial das ações institucionais, científicas e culturais previstas para acontecerem durante um ano no Solar Barão de Guajará, a emblemática Casa Senhorial do século XIX, localizada na Rua D’Aveiro Cidade Velha, sede da Entidade fundada em 3 de maio de 1900, como o primeiro nesse campo em toda a Região Norte e sétimo do Brasil.
Intitulado “Portas Abertas e Luzes Acesas”, o Projeto das celebrações do IHGP/PA estão a cargo de uma comissão de ilustres membros, escolhidos entre 70 sócios-efetivos que integram o IHGP/PA, liderados pela presidente, a professora Anaíza Vergolino e Silva e convidados externos. A própria Entidade nasceu dos trabalhos de uma comissão, à época liderada pelo vice-governador Gentil Bittencourt (1874-1942), organizada para eleger Domingos Antônio Raiol (1830-1912), o Barão de Guajará, primeiro presidente.
Paraenses ilustres, aliás, é o que não falta na história do IHGP/PA. Para se ter uma ideia, além do magistrado e político Gentil Bittencourt, o zoólogo Emilio Goeldi (1859-1917), que Belém conhece por nome de Museu; Arthur Vianna (1873-1911), médico e historiador que nomeia a Biblioteca Pública estadual; Augusto Montenegro (1867-1915), o governador republicano transformado em Rodovia; e o médico Ophir Loyola (1886-1934), todos sócios-efetivos do Silogeu, assim como o maestro Waldemar Henrique (1905-1995), o governador Magalhães Barata (1888-1959) e o 7º Arcebispo de Belém, Dom Alberto Ramos (1915-1991), para citar outros mais recentes. Quando percorrer ruas de Belém, como Alcindo Cacela, Manoel Barata, Fernando Guilhon, Gama e Abreu, saiba que está passando pelos membros do IHGP/PA, também.
Mas além dos nomes, a Casa Senhorial mantém um Centro de Visitação, em parceria com a Faculdade de Turismo da Ufpa, que é o queridinho de moradores da Cidade e de turistas. A partir de exposições fixas e temporárias se pode entrar numa cápsula do tempo para revisitar uma Belém e um Pará que não existem mais. São mobiliários, estatuas, louças, quadros, medalhas e documentos, muitos raros, como o constitutivo da Irmandade de São Benedito de Bragança, as atas da Câmara de Belém, ainda escritas à mão em papel pergaminho e até a farda com a qual Assis de Vasconcelos foi alvejado aonde hoje está situada à rua em sua memória, no bairro do Reduto. Extratos da memória que permanecem intactos pelo trabalho dos sócios-efetivos, pesquisadores e cientistas do tempo presente, sócios-eméritos e beneméritos, sócios-correspondentes, discentes e colaboradores. Revisitados a cada contato, recontados a cada visita, para manter a história exatamente como ela é e precisa ser contada.
TEMPO É ALIADO. MAS TAMBÉM UM ADVERSÁRIO DO SOLAR BARÃO DE GUAJARÁ
Se o IHGP está prestes a completar 125 anos, sua sede, o Solar Barão de Guajará, tem muito mais que isso. Sem data exata de construção, a Casa Senhorial de três pavimentos, data do início do século XIX. A contar pelo registro de propriedade de Ângela de Cácia Fragoso, que o recebeu de herança de sua mãe, de 1837. Já no século XX, em 1939, pertenceu a dona Inês Micaela de Lacerda Chermont, depois ao seu irmão, o primeiro Barão e Visconde de Arari, que deixou como herança para a sobrinha, Senhora Maria Vitória Pereira de Chermont Raiol, esposa de Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará, primeiro presidente do IHGP/PA, que aliás só veio a ocupar o prédio em 1970.
Atualmente, o Solar Barão de Guajará, tombado pelo IPHAN sob o número 274, está contemplado pela Lei Rouanet para uma necessária reforma, completa, da ordem de R$ 14 milhões, ainda sem apoiadores definidos. A última grande obra de recuperação ocorreu na década de 1970, no governo Alacid Nunes, somada à intervenções posteriores muito pontuais, como a recuperação da Biblioteca José Veríssimo, com acervo de 20 mil obras, inclusive raras, em 2019, e o telhado, por meio de emenda parlamentar, concluída em 2023. Mas, esta história precisa continuar a ser escrita, em letras capitulares, e isto envolve a manutenção patrimonial que guarda tudo isso, há 125 anos.
Foto: Ozeas Santos