FESTIVAL DA MANDIOCA

Saberes, sabores e tradição preservados no Festival da Mandioca

A programação inclui atrações culturais, feira gastronômica, demonstração de práticas e a venda dos produtos derivados da mandioca, elaborados na comunidade.

Saberes, sabores e tradição preservados no Festival da Mandioca

O Festival da Mandioca foi criado em 2013 e busca preservar a cultura local, sendo
fonte de renda para a comunidade que tem na mandioca a base de sua economia
Da receita que inclui saberes tradicionais, preservação cultural e herança indígena,
adicionados a um alimento genuinamente brasileiro, nasceu o Festival da Mandioca,
promovido pela comunidade quilombola Espírito Santo do Itá, localizada em Santa
Izabel do Pará, e que realiza mais uma edição no próximo dia 4 de maio.

A programação inclui atrações culturais, feira gastronômica, demonstração de práticas e a
venda dos produtos derivados da mandioca, elaborados na comunidade.

O festival acontece desde 2013, criado pelo casal de pedagogos Antônio e Sigla Freitas,
buscando preservar a cultura local e proporcionar mais uma fonte de renda para a
comunidade, que tem na mandioca a base de sua economia. “É um projeto voltado ao
resgate da história da comunidade quilombola de Espírito Santo do Itá, onde, hoje,
vivem 50 famílias de produtores que herdaram de seus ancestrais o aprendizado da
cultura indígena, responsável pela produção da farinha de mandioca, um dos alimentos
mais populares e saudáveis, além de ser um importante ingrediente da saborosa
culinária paraense”, informa Sigla.

Aliás, a versatilidade da mandioca se presta à criação de algumas das delícias
inovadoras que são servidas durante o Festival da Mandioca, como por exemplo, a
Coxinha de Tacacá, criada por Jane Costa, uma das mulheres da comunidade entre
tantas que tiveram seu talento culinário revelado pelo evento.

“Elas fazem pratos deliciosos a partir da mandioca, que são degustados com prazer pelos visitantes. E a Jane conseguiu fazer esta nova versão do tacacá, sem perder sua originalidade e sabor. A coxinha de tacacá é uma iguaria muito apreciada e vem se tornando um ícone atrativo no turismo de base comunitária, desenvolvido aqui no Espírito Santo do Itá, e no
Festival da Mandioca”, destaca Sigla.

A importância do festival ultrapassou os limites da comunidade e, em 2018, a Prefeitura
o declarou Patrimônio Cultural e Imaterial de Santa Izabel do Pará. Hoje, consolidado
como um dos principais eventos do calendário anual do município, o Festival da
Mandioca atrai turistas de municípios vizinhos, de outras regiões do Pará e até de outros
estados e países. Desde a sua criação, foi interrompido apenas durante a pandemia.

HISTÓRICO

As origens da comunidade Espírito Santo de Itá remontam ao século XVII. Nesta época,
descendentes de africanos escravizados compartilhavam conhecimentos com os
Tupinambás, povo indígena originário da região onde hoje se localiza o município de
Santa Izabel, e aprenderam a domesticar a mandioca.

Organizados em quilombos, ocuparam o local, formando várias comunidades, inclusive
a do Espírito Santo do Itá. Lá, encontramos toda a cadeia de processamento da
mandioca, desde o plantio até a colheita, a transformação em vários produtos como
farinha, goma, tucupi e maniva pré-cozida, além de beiju e pé de moleque, sendo todos
os processos de fabricação artesanal. Apesar de muitos ainda utilizarem técnicas
antigas, alguns já estão aderindo a novos tipos de instrumentação para elaborar os
produtos.

MUSEU

A mudança nos equipamentos de produção acendeu um alerta e levou o casal Antônio e
Sigla Freitas a fundar, em 2023, o Museu da Mandioca da Amazônia (MUMA). “A

ideia da criação do museu surgiu quando nos deparamos com a substituição do tipiti,
que é um objeto tipicamente indígena, criado para espremer a mandioca e extrair o
tucupi, por uma prensa industrial, nas casas de farinha da comunidade. Temerosos que
esse objeto pudesse ser esquecido como tantos outros, ao longo do tempo, planejamos
um museu para preservar esta cultura”, conta Sigla.

No acervo do Museu da Mandioca há um vasto material que remonta aos primeiros
indígenas, que descobriram e dominaram a mandioca, até as inúmeras utilidades da
planta. Outras peças ressaltam a importância do cultivo da mandioca na formação da
identidade e do espaço geográfico do município paraense. Em relação à parte
instrumental da atividade, há equipamentos artesanais utilizados na elaboração de
produtos da versátil raiz, além de descobertas científicas acerca do cultivo da mandioca
e sua enorme utilização na indústria mundial.

Após dois anos de atividades em espaços itinerantes, onde mostrou a relevância da
mandioca não apenas como alimento, mas também como elemento central nas tradições
e na cultura, em março deste ano, o Museu da Mandioca ganhou sua sede própria, em
plena comunidade do Espírito Santo do Itá, cercado pela floresta amazônica. “Mais do
que um museu, somos o testemunho vivo da resiliência e da sabedoria ancestral de um
povo que, por gerações, cultiva a terra e protege a floresta”, conclui Sigla.

Atrações do Festival da Mandioca 2025

  • Grupo de carimbó “Caçulas de Jarandeua”, apresentação durante todo o dia.
  • Concurso Rainha da Mandioca
  • Concurso da maior mandioca
  • Concurso do descascador de mandioca mais rápido
  • Feira gastronômica com grande variedade de comidas típicas
  • Demonstração de uma casa de farinha
  • Feira de produtos derivados da mandioca

SERVIÇO

X Festival da Mandioca
Data: 04/05/2025
Local: Comunidade Espírito Santo do Itá (Santa Izabel)

*Texto de Emiliana Costa