As obras estruturantes que prepararam Belém para a Conferência Climática das Nações Unidas, que ocorrerá em novembro deste ano, em Belém, estão todas dentro do cronograma e serão entregues antes do início da programação. A informação foi confirmada em anúncio feito pela vice-governadora do estado, Hana Ghassan (MDB), em evento realizado no início da tarde desta quinta-feira, 24, no Parque da Cidade, marcando a contagem regressiva de 200 dias para o início da COP30.
O Governo do Pará realiza mais de 30 obras em eixos estratégicos que vão transformar a qualidade de vida de quem vive na cidade e na região metropolitana, representando um patrimônio permanente que deixará Belém uma cidade mais acolhedora e preparada para o turismo. O próprio Parque da Cidade, espaço de 500m² localizado na Av. Júlio César que será o ambiente principal da COP30, já tem 78% da primeira etapa de obras concluída, com cerca de 230m² de área construída.
Hana, que também é presidente do Comitê Estadual da COP30, garantiu que a população da Região Metropolitana de Belém ficará com um legado de infraestrutura, mobilidade, saneamento, desenvolvimento urbano e turismo a ser aproveitado e usufruído por muitos e muitos anos. “Tudo foi pensado para que não haja ‘elefante branco’, como já ocorreu em outras cidades que receberam grandes eventos. Cada real investido é para benefício da população, é para servir a todos, não somente aos visitantes”, declarou a vice-governadora.
E daqui até novembro, a ordem é acelerar tudo o que for possível. “Daqui pra frente vamos cada vez mais apertar o passo. Tudo que foi planejado hoje está sendo realizado. Estamos há dois anos estudando o que é ser sede de um grande evento, trabalhando com consultorias especializadas que ajudaram nossas equipes, e hoje estamos certos de que será um grande evento e acessível a todos”, ressaltou Hana Ghassan.
Toda essa movimentação está gerando saldo positivo também na quantidade de empregos diretos gerados no estado – mais de cinco mil até agora, impactando cerca de 900 mil pessoas. “Já em 2025 registramos crescimento de 68% na abertura de novas empresas, e a projeção é de sermos o terceiro estado com maior crescimento previsto no [Produto Interno Bruto] PIB”, pontuou.
Investimentos e Infraestrutura para a COP30
Ainda falando do Parque da Cidade, que está no rol de R$ 4,5 bilhões de investimentos que somam recursos da União, do estado e do município de Belém, em 30 obras estruturantes, a vice-governadora confirmou que já foram plantadas no local 2.180 de um total de 2,5 mil previstas.
Em paralelo, o governo estadual, graças a sua solidez fiscal e capacidade de pagamento, segundo Hana, conseguiu captar recursos essencialmente usados para saneamento – são 17 canais em obras neste momento, e alguns cruciais, como o da Timbó e o da Gentil, já foram entregues ou totalmente ou parcialmente refeitos.
“Até o período de chuva está previsto no cronograma, e agora estamos com três turnos de trabalho em algumas obras, como é o caso da ponte do Outeiro, uma obra prévia à COP, mas que acabou sendo integrada ao planejamento porque tem a ver com mobilidade”, detalhou.
Dentro do planejamento
Sobre a estratégia do uso de navios para hospedagem, Hana Ghassan fez questão de destacar que não se trata nem de uma solução experimental ou improvisada, e ainda que a ONU acompanha toda essa organização.
“É uma solução que já foi usada em olimpíadas, em copa do mundo, é uma forma sustentável de conseguirmos aumentar o número de leitos disponíveis”, avaliou.
Ela lembrou que dois hotéis, pelas redes Vila Galé e Tivoli estão sendo viabilizados pela iniciativa privada, mas contando com apoio do governo, além de um hotel em Castanhal que tinha obras paradas há uma década. A Vila COP, em construção na Av. Brigadeiro Protásio, bem em frente ao Hangar Convenções & Feiras da Amazônia, com 405 vagas, posteriormente receberá órgãos de governo que hoje ocupam sedes alugadas.
Impacto e Legado da COP30 em Belém
“É algo recorrente nas cidades quando há grandes eventos, é o caso do Círio em Belém no mês de outubro, é a busca por hospedagem em plataformas de aluguel por temporada, e nisso a COP30 também já tem um legado: de 700 imóveis que tínhamos registrados agora são mais de 1,3 mil, e quanto maior a oferta, mais chances de os preços praticados acabarem diminuindo”, relacionou a presidente do Comitê Estadual da COP30.
Legado indiscutível
Valter Correia, secretário Extraordinário da presidência da República para a COP30, admitiu que o nível de investimento global na capital para viabilizar a programação vai deixar um legado muito grande, destacando principalmente as ações relacionadas a saneamento nos canais.
“Só essa frente de trabalho atinge algo em torno de 600 mil pessoas diretamente, quase que a metade da população de Belém. Isso não é pouca coisa, enquanto legado”, comentou.
Ele chegou pedindo desculpas pelo atraso, mas fez questão de justificar que assim o foi porque estava em reunião com a ministra do Turismo em exercício, Ana Carla Lopes, e representantes da rede hoteleira e imobiliária e de plataformas para uma discussão justamente sobre os preços praticados pelas soluções de hospedagem na capital paraense.
“Temos que dar o tratamento de uma forma bastante equilibrada e negociada com as redes. Já vínhamos de duas reuniões sobre o tema em Brasília (DF), porque estamos chamando a atenção para algo que é vital para o sucesso da COP30 em novembro: a participação de todos os países-membros da ONU, comunidade europeia, mais 150 chefes de estado”, informou.
Capacitação e Sustentabilidade Pós-COP30
Para além das obras estruturantes, o Governo do Pará também avança com a qualificação e formação de mão de obra em todo o Estado, por meio do programa Capacita COP 30, que oferece atualmente 105 cursos de ligados à agenda de turismo, infraestrutura e serviços para a conferência. Em pouco mais de um ano, o projeto já qualificou 16 mil trabalhadores.
Também presente ao evento, o secretário Executivo de Belém para a COP30, André Godinho, mencionou que outro investimento do governo federal, via Itaipu Binacional, em andamento pode ser listado como ponto positivo do pós-evento, e em uma área de problemática crônica em toda a RMB: o lixo.
“Um dos investimentos contempla a construção de quatro Unidades de Valorização de Resíduos (UVRs), além de um barco movido a hidrogênio que vai contribuir para que cooperativas da cidade sejam desenvolvidas, em seu maquinário e tecnologia, no sentido de aumentar a destinação correta desses resíduos, que têm valor quando tratado corretamente. Isso é um grande legado, e totalmente conectado à educação ambiental, e a COP seguramente pode ser um ponto de virada para que nós, toda a população possa evoluir nesse entendimento”, finalizou.