
O papa, como líder da Igreja Católica e chefe de Estado do Vaticano, não recebe um salário no sentido convencional.
COMO É A REMUNERAÇÃO DO PAPA?
Diferente de chefes de Estado de outros países, ele não recebe uma remuneração fixa. As necessidades do pontífice são totalmente supridas pela Igreja. Isso inclui moradia, alimentação, transporte e outros custos associados ao seu papel.
O Papa Francisco, que integrava a Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas), fez voto de pobreza ao ingressar na ordem religiosa. Assim, ele nunca acumulou bens materiais e manteve um estilo de vida simples.
Em diversas ocasiões, Francisco enfatizou a importância da humildade e do desprendimento material. No documentário “Amém: Perguntando ao Papa”, ele afirmou que não se preocupa com dinheiro.
“Quando eu preciso de dinheiro para comprar sapatos ou outra coisa, eu peço. Eu não tenho um salário, mas isso não me preocupa porque eu sei que serei alimentado de graça”, disse o Papa Francisco.
“Como eu gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”, disse Francisco. A declaração foi feita a jornalistas quando foi escolhido. O papa contou que o amigo brasileiro Dom Cláudio Hummes, cardeal franciscano morto em julho de 2022, lhe havia dito ainda no conclave: “Não se esqueça dos pobres.”
Finanças e Recursos do Vaticano
Embora o papa não receba um salário formal, ele tem acesso aos recursos do Vaticano para cobrir suas despesas. Além disso, existe um fundo de caridade do qual ele pode dispor para ajudar os necessitados, conforme sua própria discrição. Esse fundo é utilizado para diversas iniciativas humanitárias e ações sociais promovidas pela Igreja.
A administração financeira do Vaticano é gerida pelo Instituto para as Obras de Religião (IOR), chamado de “Banco do Vaticano”. As finanças da Santa Sé são sustentadas por diversas fontes, incluindo doações dos fieis (o chamado Óbolo de São Pedro), investimentos e rendimentos das propriedades da Igreja.
Francisco tentou promover a transparência nas finanças do Vaticano. Em seu papado, foi criada a Secretaria para a Economia e órgãos internos de controle contra a corrupção e lavagem de dinheiro. A reforma da Cúria Romana aconteceu após uma série de escândalos envolvendo a administração dos recursos da Santa Sé. À época, o Vaticano justificou as mudanças explicando que era para “melhorar o emprego dos recursos e dos programas, em particular aqueles dirigidos aos pobres e marginalizados”.
Herança e Bens do Papa
PAPAS DEIXAM HERANÇA?
Na prática, o papa pode possuir bens e ter uma herança, como qualquer pessoa. “Mas todos os bens que ele adquirir durante o pontificado ficam para a Igreja”, explica Kevin de Sousa, advogado civilista e especialista em Direito de Personalidade e Planejamento Sucessório e sócio do Souza & Rosa Advogados.
Possível herança inclui tudo que ele ganhou antes de virar papa. Mas, vale reforçar que Francisco fez voto de pobreza e é conhecido por levar a sério seus compromissos.
“O que temos de relato de Francisco é essa vida simples. Ele utilizava transporte público, não tinha veículos. Por isso, acho que é pouco provável que ele tenha um patrimônio volumosos, algo significativo”, disse Kevin de Sousa, advogado.
Destino dos Bens e Testamento
Ganhos com livros podem fazer parte da herança, segundo advogado. Antes mesmo de ser papa, Francisco já tinha escrito ou participado de diversos livros, como “Reflexões sobre a vida apostólica” e “Diálogos entre João Paulo II e Jorge Bergoglio”. Já a renda de obras escritas durante o papado, vão para a Igreja.
No geral, o papa costuma deixar testamento com suas vontades expressas. “Ele pode deixar ali o destino dos bens, indicando todos os bens que têm e para onde vão”, diz Sousa.
O que costuma acontecer é doar possíveis bens para instituições de caridade vinculadas à Igreja Católica. O papa também pode direcionar herança para a própria Igreja ou familiares, beneficiários. Atualmente, ele tem apenas uma irmã viva, Maria Elena Bergoglio (os outros dois morreram) que tem dois filhos, um deles é afilhado do papa.
Caso o papa não tenha testamento, Souza explica que os bens vão diretamente para familiares ou instituições ligadas à Igreja. “Tudo que nós vimos até nesta terça-feira (22) é que geralmente os papas fazem testamento. Acredito que, caso Francisco tenha deixado patrimônio pessoal, ele vai converter a favor da Igreja”, explica o advogado.
LUCAS ALMEIDA