Nem sempre a escolha profissional é feita com segurança ou clareza, principalmente entre jovens que estão prestes a enfrentar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou entre adultos em busca de uma nova direção na carreira. Ainda assim, dados do mercado ajudam a indicar caminhos promissores.
Um levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revelou as dez profissões com os maiores salários médios de admissão no Brasil em 2024, reforçando a relevância de áreas como engenharia, medicina e tecnologia. No topo da lista está a profissão de engenheiro de computação, com salário inicial médio de R$ 13.794.
A difícil escolha: vocação ou mercado?
Para a especialista em Recursos Humanos Anna Padinha, membro da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), a escolha da carreira muitas vezes acontece quando o jovem ainda não tem conhecimento suficiente sobre si mesmo nem sobre o mercado.
“Escolher uma profissão é uma das decisões mais importantes da vida. E, sinceramente, nem sempre estamos prontos para isso quando o momento chega. A pressão é grande, e o medo de ‘escolher errado’ é real”, afirma.
Ela destaca que, especialmente no período do Enem, os estudantes se veem obrigados a decidir por um curso superior e, consequentemente, por uma área profissional — o que gera insegurança. Para Anna, o ideal é conciliar vocação com realidade de mercado.
“Trabalhar com algo que gostamos faz toda a diferença. Mas também é essencial olhar para as perspectivas de emprego e salário. Isso não é se vender ao ‘dinheiro fácil’, é agir com estratégia”, pontua.
Dúvidas? Comece por essas perguntas:
Para quem ainda se sente inseguro sobre qual caminho seguir, a especialista sugere refletir com base em três perguntas:
- O que eu gosto de fazer?
- No que eu sou bom?
- Quais dessas atividades têm demanda no mercado?
Anna lembra que mudar de carreira na vida adulta tem se tornado cada vez mais comum.
“Conheço muitas pessoas que mudaram completamente de rumo em busca de mais realização, equilíbrio ou até saúde mental”, comenta.
Ela destaca, porém, que é essencial fazer essa transição com planejamento, respondendo perguntas como:
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- Essa nova área combina com quem sou hoje?
- Como está o mercado de trabalho para essa profissão?
- Preciso voltar a estudar? Tenho condições financeiras para isso?
- Quem pode me orientar ou apoiar (mentores, contatos, redes)?
“Transição de carreira não precisa ser um salto no escuro. Com organização, é possível mudar de forma segura e recompensadora”, conclui.
Salários iniciais no Brasil: panorama e oportunidades
Segundo o levantamento da Firjan, o salário médio de admissão no Brasil em 2024 foi de R$ 2.178, com um crescimento de 2% em relação a 2023.
Os estados com maiores médias salariais foram:
- São Paulo: R$ 2.473
- Distrito Federal: R$ 2.284
- Rio de Janeiro: R$ 2.223
O Pará aparece em 11º lugar, com média de R$ 1.973.
Apesar das diferenças regionais, Anna destaca que a transformação digital e o trabalho remoto abriram novas possibilidades, permitindo que profissionais do Norte e Nordeste também acessem boas vagas em outras regiões.
“A chave está em buscar qualificação contínua e desenvolver diferenciais, como idiomas, habilidades comportamentais (soft skills) e conhecimentos em tecnologia. E saber se posicionar, especialmente no LinkedIn”, orienta.
Investir em si mesmo é o melhor caminho
Anna Padinha reforça a importância da formação continuada para acompanhar as exigências do mercado de trabalho atual.
Dicas da especialista:
- Invista em cursos complementares (Excel, idiomas, soft skills, tecnologia etc.)
- Participe de eventos e feiras profissionais — ótimos espaços para networking
- Envolva-se em projetos pessoais ou voluntariado — eles valorizam o currículo
- Atualize seu LinkedIn com frequência e interaja com sua rede profissional
Ranking 2024: as 10 profissões com os maiores salários de admissão
- Engenheiro de computação – R$ 13.794
- Engenheiro de minas e afins – R$ 13.055
- Diretor de espetáculos e afins – R$ 11.716
- Engenheiro químico e afins – R$ 11.181
- Engenheiro mecânico e afins – R$ 10.838
- Geólogo, oceanógrafo, geofísico e afins – R$ 10.642
- Médico clínico – R$ 10.071
- Engenheiro de produção, qualidade e segurança – R$ 9.960
- Pesquisador de engenharia e tecnologia – R$ 9.708
- Engenheiro eletricista, eletrônico e afins – R$ 9.489
